De pessoa preta para pessoa preta: A revolução do mercado de trabalho

Mayran santana
Creditas Tech
Published in
5 min readJul 28, 2022

E se todos os lugares tivessem em sua grande maioria pessoas negras? Muito INCRÍVEL né?

Partirmos de pontos diferentes em nossa vida, mas quando chegamos no mercado de trabalho algo comum acontece: a nossa ausência.

Mas, olha em sua volta e me diga: quanta representatividade você vê? Você vê poucas pessoas ou até mesmo ninguém? Isso não te incomoda? Sim, você precisa se incomodar porque estamos em um país onde 56% das pessoas se declaram pretas ou pardas, portanto negras. Mas quando olhamos para o mercado de trabalho permanece a dúvida: onde elas estão? E a resposta é que todas elas, por um processo histórico, estão sendo invisibilidades e marginalizadas.

Para mudar isso, devemos levar para todos os lugares uma demanda muito importante: precisamos ter pessoas pretas em todos os papéis, inclusive nos de pessoas recrutadoras. Atualmente, na Creditas, nosso time de Talent Acquisition é composto por pessoas diversas e tem uma grande representatividade de pessoas negras. Somos 57% de todo o time.

Essa representatividade impacta diretamente em nossas contratações, que no 1° semestre de 2022 correspondeu a 42% de pessoas negras contratadas. Foram 386 de pessoas pretas e pardas embarcando na Nave.

Temos uma cultura baseada em diversidade, equidade e inclusão que conta com a colaboração de 37% de pessoas pretas e pardas atualmente em nossa Tripulação, que já ultrapassa 3.500 pessoas. Comparado a 2020, esse número cresceu 10 pontos percentuais no último ano e meio.

Nos últimos 3 meses trouxemos um aumento em tecnologia de 18% em contratações de pessoas pretas e pardas. São novos membros da nossa Tripulação que nos ajudam a pensar em novas formas de solucionar problemas e evoluir nossos produtos, além de fomentar ainda mais discussões dentro dos grupos de afinidades que abrangem as interseccionalidades entre os recortes. Aqui, todas as pessoas têm a responsabilidade de fazer com que esses números cresçam e que façam da Creditas um lugar cada vez mais seguro para todas as pessoas.

Agora, outro ponto que precisamos espalhar por todos os cantos: vaga afirmativa não é cota

As ações afirmativas visam não apenas garantir a diversidade dentro das empresas mas de alguma forma realizar reparação histórica de grupos sub-representados na sociedade e nas cadeiras dentro das empresas. — e principalmente em papéis de tomada de decisão, pois atualmente precisamos que todo os espaços tenham pessoas que olhem para as necessidades do coletivo, visando a diminuição dos vieses excludentes que fazem parte da construção da estrutura eurocentrada que foi estabelecida na criação da nossa sociedade.

Pensando nisso, a representatividade tem um grande impacto para que sejam diminuídos os problemas nas relações interpessoais, desenvolvimento profissional e engessamento da cultura interna na empresa, para que os locais de trabalho se tornem ambientes equânimes, impactando vidas e produtos para o mercado.

As decisões que tomamos, aqui na Creditas, sempre são baseadas em dados e fatos para a construção de confiança. Por exemplo, com nossos stakeholders, trabalhamos com uma Dashboard de Diversidade internamente, onde acompanhamos em tempo real como está a equidade dentro das tribos e squads de tecnologia e assim conseguimos construir um plano de ação para mitigar as lacunas de cada contexto para atingirmos as metas necessárias a nível de empresa.

Nossa seleção é com total intencionalidade, temos sempre feito o trabalho de intensificar a presença de pessoas pretas em cada processo — sempre ressaltamos para as lideranças a importância das vagas afirmativas, mas entendendo também que somente elas não são capazes de resolver todas as problemáticas que envolvem o tema. Além disso, nosso time de Tech Recruiters tem trabalhando também buscado talentos em grupos e comunidade, tudo de forma minuciosa e manual para que, de fato, analisemos pessoa por pessoa até identificarmos o perfil potencial.

Por isso, agora vamos a algumas das principais estratégias:

  1. Hunting — Busca intencional de profissionais
    Iniciamos as buscas de forma intencional priorizando as pessoas do recorte racial e também pelas vagas afirmativas divulgadas;
    Ainda temos o fato de que as pessoas pretas que trabalham com a gente fazem muitas indicações diversas e assertivas.
  2. Papo com talent — Construindo um ambiente seguro para ser quem você é
    Queremos que seja apenas você!
    Na entrevista, nosso papel é colocar as pessoas candidatas em primeiro lugar e extrair o que têm de melhor. Queremos escutar suas histórias, entender o seu contexto e criar uma conexão para que ela possa ter um ambiente seguro para ser ela mesma, pois não podemos nos esquecer que antes dela ser uma profissional ela é uma pessoa e precisamos estabelecer um espaço seguro para ela.
  3. Entrevistas com time
    A construção de um time de impacto começa quando temos um espaço que garanta representatividade, trazendo em nosso processo pessoas que fazem parte do recorte de diversidade para que seja mitigado vieses e entenda o valor dessa pessoa no dia a dia do time.
  4. Entrevistas com a liderança
    É o momento que vamos conectar as fortalezas e oportunidades de desenvolvimento conectado com o nosso desafio e a liderança tem um papel fundamental de ser transparente, acolher e inspirar para que a motivação de fazer diferença seja estabelecida;
  5. Proposta Salarial
    O racismo e outras discriminações estruturais também têm impactos notórios na forma como pessoas de grupos sub-representadas são reconhecidas financeiramente no mercado de trabalho. Vários estudos mostram como mulheres e pessoas negras tem menor probabilidade de negociar salários.
    Por isso, é um compromisso nosso buscar sermos justas com as pessoas e suas jornadas.

Algo que faz a diferença no nosso processo e que não deixamos passar batido é a abordagem às questões do nosso dia a dia, pode ser um papo difícil sobre racismo, privilégio ou desigualdades sociais. Esses conceitos definem o tempo inteiro como nos comportamos frente ao outro, acreditamos que o ambiente de trabalho é lugar de exercitar a inclusão sim; líderes e Tripulantes precisam estar alinhados com práticas antirracistas e aqui na Creditas fazemos questão de evidenciar este nosso cuidado e atenção com o que de fato é vivido pelas pessoas candidatas.

“Para tornar o ambiente de trabalho inclusivo e diverso de fato, é preciso estar ciente de que as ações não podem ser pontuais, mas devem se tornar regra nas empresas a fim de reter e desenvolver os profissionais negros”, palavras de Luiz Fernando Ferreira, da Empregueafro. Discutir o tema e propor educação racial, para pessoas de todas as etnias, fortalece práticas nessa direção.

Adotamos estas práticas para todas as senioridades, nosso objetivo é colaborar na construção de uma jornada profissional de equidade racial para que os espaços se transformem. Quando olhamos para as pessoas que estão dentro da #NAVE temos a oportunidade não apenas de contratar, como também de capacitar e desenvolver fazendo com que as pessoas possam construir uma carreira junto com a gente e estarem prontas para o mercado.

Acreditamos que o nosso propósito é colaborar na construção de uma jornada profissional para pessoas pretas e pardas equiparada para que os espaços se transformem.

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