Escrever: imprescindível até para designers
O mundo precisa de designers que escrevam bem mais do que “lorem ipsum”. Saiba porque essa é uma habilidade crucial para esses profissionais e que não deve ser ignorada.
Originalmente publicado no blog Criativo Interativo em 10/04/2015.
Lorem ipsum dolor sit amet… O mais famoso gerador de lero-lero é uma ótima representação para muitos designers por aí. É comum, não só no universo dos designers gráficos e digitais, como também no de outras especialidades afins, você se deparar com muitos desses profissionais negando competência ou capacidade na habilidade da escrita. E, sinceramente, negar isso não faz o menor sentido!
“Mas escrever não é meu trabalho!”
Tá! Eu não quero dizer que um designer tem que começar a incluir a parte textual em seus orçamentos ou precisa elaborar alguma historinha qualquer no lugar de usar o “lorem ipsum” em projetos editoriais. Mas, se você ainda não consegue perceber que design não se limita ao aspecto visual das coisas, é bom rever seus conceitos. Se você atua nesse meio e acha que foi assim que te ensinaram… Opa! Tem algo errado aí!
No meio interativo se diz muito que o designer cria experiências, mas não creio que esse conceito esteja limitado só para quem trabalha no universo digital. Nesse sentido, dominar diversas formas de expressão se mostra essencial. E para toda proposta visual ou gráfica, existem argumentos e justificativas que podem ser expressos de diversas maneiras. Portanto, o domínio da linguagem é fundamental, tanto na forma oral quanto na escrita.
“Ei, escreve pra mim esse texto, vai!?”
Não é uma questão de se expressar de forma rebuscada. O importante é saber também contextualizar de forma concisa e desenvolver um estilo próprio. São técnicas que se fortalecem com a prática. Enquanto o designer continuar a ver a escrita como algo sem importância, ele vai estar dispensando oportunidades de aperfeiçoar sua própria capacidade de comunicação, algo que deveria ser útil para toda a vida, em diversas situações, desde um contato de prospecção a uma resposta por email. É atribuição do designer saber explicar sobre um projeto, e criar argumentos que defendam bem o seu trabalho.
O designer Mike Monteiro reforça essa ideia na excelente palestra que ele deu no Interaction 15, evento de Design de Interação que rolou em São Francisco, em março desse ano (vídeo no fim dessa postagem e dica do designer Alexandre ‘Falex’ Vidal). Num determinado momento, por exemplo, ele diz:
Quer você trabalhe em um estúdio, em uma agência, em uma grande companhia ou para você mesmo, você terá sempre que convencer alguém que seu trabalho é bom!”
Agora imagine um designer de mobiliário que não sabe explicar sobre a concepção e construção de uma peça. Um profissional de redação é, então, contratado para escrever um mero parágrafo descrevendo o móvel, mas por algum motivo ele não conseguiu coletar todas as informações necessárias para elaborar o texto sobre aquilo que não é de sua expertise. Se ele no texto ignorar detalhes importantes que deveriam valorizar tal peça (como, por exemplo, o motivo da madeira Jacarandá ter sido usada), o designer, depois, vai refletir: “Mas por que eu mesmo não escrevi isso!?”.
“Até que esse meu texto não ficou tão ruim!”
Deixar de negar a capacidade de escrever bem é só o primeiro passo. Depois vem a prática e, quem sabe, o prazer pela escrita. Na maioria dos casos não é necessário se matricular em um curso de português, mas um aperfeiçoamento é muito bem vindo. Ler mais, fazer anotações, se envolver num projeto acadêmico, montar um blog ou até criar histórias pode vir a ajudar, e muito, nesse processo. Mas, resumindo, é preciso escrever continuamente! Algumas habilidades estão simplesmente adormecidas em nós mesmos, só esperando uma oportunidade para vir a tona.
E você, é designer e gosta de escrever? O quanto você acha que essa habilidade influencia no trabalho? Deixa sua opinião!
Créditos da imagem de destaque: qian (Flickr)
Originalmente publicado no blog Criativo Interativo em 10/04/2015.