Como desenvolver o prazer pela escrita?

Jairo Arruda
Criativo Pensativo
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4 min readFeb 9, 2020

Escrever se tornou simples. Não precisamos mais de uma máquina Olivetti ou caneta e papel. Nos tornamos a geração das legendas. Do textão. Todos temos uma história pra contar. Mas como transformar essa técnica em um hábito?

Todo dia me convenço com uma desculpa. “Hoje vou me organizar para estudar mais”, “Amanhã vou tirar tempo para ler e escrever as ideias em um texto”. Ao me dar conta, mais um mês se foi e nem um simples parágrafo eu consegui organizar.

E você, como enfrenta suas desculpas e a procrastinação em seus projetos pessoais?

Eu sofro.

A ansiedade me corrói. Eu começo a questionar as minhas prioridades e onde tenho investido meu tempo. Até as frases de coaching do fracasso parecem fazer sentido. Sinto-me apenas mais um nessa era da infobesidade que requer reputação para sobreviver. Porém não me conformo.

Prometi escrever mais esse ano. Seja uma carta de gratidão, uma página no meu diário ou um texto com algum assunto interessante pra compartilhar.

A escrita sempre me cativou. Já passei pela fase Tumblr, Blogger e por último, ao desenvolver a identidade visual para o podcast Pelo Amor de Deus — único projeto que estou envolvido há mais de 5 anos, participei da criação do Blog e ganhei espaço para publicar alguns textos lá — clique aqui se quiser ler.

Quando releio algum texto meu antigo, passo por dois sentimentos: vergonha — esse é o primeiro, pois sinto-me incapaz. Percebo que estou longe de dominar essa linguagem. Entretanto, sinto orgulho — pois racionalizo e percebo que é possível vencer o medo e que para crescer é um processo. Ter publicado algo, já foi o primeiro passo.

Willian Glasser em sua pirâmide da aprendizagem defende que o processo da escrita, que envolve a tradução e interpretação, potencializa (80%) o aprendizado e nosso crescimento pessoal.

Richarley Menescal no seu texto “Escrever: imprescindível até para designers” defende que a escrita é uma técnica, e como toda técnica, ela se desenvolve com a prática. Lembrando:

“A prática não torna nada perfeito, mas torna permanente.” — John C. Maxwell

Então não basta boa vontade. Não basta promessas de ano novo. É preciso coragem. Sair do estágio “se escrevo, logo desisto” exige renúncia.

Não busco ser um escritor. Não almejo viver da escrita, mas me fascina aprender sobre Storytelling e contar uma história de uma maneira nova, saber expressar uma ideia e poder abrir diálogos. Além claro, que cada texto é um manifesto e um registro daquilo que acreditamos.

Quando falo sobre renúncia, preciso tocar nas teclas que escrevem duas palavras: perfeccionismo e comparação. Infelizmente os medos gritam mais alto quando nos comparamos e adotamos essa síndrome no nosso viver. Nada parece bom o suficiente. Aliar comparação ao perfeccionismo é como cavar sua própria cova a cada dia. Mas um questionamento fica no ar:

Como escrever melhor se não escrevo? E como evoluir em algo que não pratico?

Ansiamos por resultados e se possível os imediatos. Esquecemos porém que tudo na vida tem seu tempo. Tudo na vida, leva tempo.

Estudos atuais revelam que bastam 66 dias para mudar um hábito e que a mudança está ao alcance de todos. Mas para isso, “são necessários dois ingredientes importantes: escolher uma mudança que seja coerente com sua escala de valores e treinar até que se torne um hábito.”

Devo assumir que não domino a linguagem e que estou nesse processo de aprendizagem. Com isso, decidi enfrentar cada bloqueio criativo e aprender com aqueles que estão ao meu redor.

Aprendo com Murillo Leal, jornalista e escritor que decidiu viver da escrita, que nenhum texto bom pode ter vindo de primeira. Geralmente aquele texto foi reescrito diversas vezes até chegar na versão de fácil compreensão.

“Isso não quer dizer que temos que dar voz ao perfeccionismo exacerbado. No entanto, é preciso sim aprender a desconfiar de ideias que venham muito depressa a nossa cabeça.” — Murillo Leal

Escrever esgota e exige que tenha sua cabeça em ordem, diz ele. Precisamos aprender sobre nós.

Sobre o que você gostaria de escrever? Qual é o melhor momento do dia que somos mais produtivos e podemos tirar um tempo para escrever diariamente?

Criar um hábito é uma jornada. Escrever bem é o equilíbrio entre a técnica e o tempo que separamos para praticá-la. Embora adotamos boas técnicas para produzir mais e de maneira frequente, será sempre preciso ter um tempo para procurar novas maneiras de fazer algo bom.

Além disso. Dar uma pausa. Deixar sua ideia descansar. Deixar seu texto dormir e reler o texto antes de publicar, são boas recomendações.

De preferência, se puder deixar o seu texto de um dia para o outro é melhor. — Murillo Leal

Dessa forma, adaptei minha rotina diária em 30 minutos. Se virá nos trinta da escrita não é sobre agilidade, mas muito mais sobre conseguir desligar de tudo e focar aquele momento em brincar com as letras. Planejo praticar mais. Reescrever alguns textos antigos e permanecer nesse caminho.

Não estou preocupado com o número de publicações, mas com a realização de poder parar diariamente e escrever.

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No momento separei em dois focos a minha escrita:

LEIA E CONTE — Escritos sobre a minha leitura da vida cristã, fé e teologia.

CRIATIVO PENSATIVO — Pensamentos sobre design, tendência, criatividade e tudo que tenha um pouco de cor, de preferência assuntos amarelos.

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Esse texto foi escrito em várias sessões de 30 minutos. Vamos juntos nos desafiar?

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Jairo Arruda
Criativo Pensativo

Cristão | Designer | Leitor e Amante de Gelatina — Escritor de Cartas e defino o mundo com uma cor: Amarelo.