UMA ESCOLHA SEM INFLUENCIA
“Terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia e me compadecerei de quem eu me compadecer.”
Essa anunciação feita por Deus mostra um pouco a respeito do seu caráter, assim como algumas das afirmações que fazemos ou deixamos de fazer ou coisas que defendemos e deixamos de defender, e até mesmo o modo como agimos fala a nosso respeito, e nessa fala de Deus em sua conversa com Moisés — Profeta estimado por Deus, a ponto de ambos conversarem face a face -, mostra um aspecto de Deus: Que as suas escolhas não são influenciadas por homem algum, que seus feitos e vontades são de si mesmo e pronto, ou seja, como está na frase acima, ele tem misericórdia de quem Ele quer e se compadece de quem ele quer.
Não tenho duvidas que para muitos essa fala parece rude e por isso questionam “Como assim?! Deus não é bom?! Não deveria ter misericórdia de todos?!” “Ah…Isso é injusto” e assim pensamos que Deus precisa fazer as nossas vontades ou estar a nosso mercê, no entanto a verdade é: Ele age como lhe apraz. Veja, lembra da narrativa de “Moisés indo até Faraó pedindo que o povo de Deus fosse liberto?” E Deus dá algumas chances a Faraó para que se arrependesse mas ao invés disso vemos Faraó endurecendo o seu coração assim como lemos também, Deus endurecendo o coração de Faraó:
Olhando um pouco mais adiante. Em especifico, Malaquias, veremos a fala de Deus acerca de seu amor voltado para Jacó e o aborrecer, a Esaú, ou seja, outra vez, Deus está fazendo o que lhe compete, sem conselhos, aprovações ou opiniões de homem, mas sim segundo a sua vontade. Dessa forma, me apoio ao que diz a confissão de Westminster a respeito “[1] Segundo o inescrutável conselho da sua própria vontade, pela qual ele concede ou recusa misericórdia, como lhe apraz, para a glória do seu soberano poder sobre as suas criaturas, o resto dos homens, para louvor da sua gloriosa justiça, foi Deus servido não contemplar e ordená-los para a desonra e ira por causa dos seus pecados.”(CFW, 1647).”
Sendo assim, podemos…Ou melhor, devemos entender que Deus tem misericórdia de quem lhe aprouver ter, e concede da sua graça de forma abundante a quem quer, sendo o conceder de sua misericórdia um grande mistério para nós, e repetindo o que foi dito há pouco, Isso de certa forma nos deixa assustados pois comprova que Deus pode eleger a quem Ele quer. Na verdade, vou reformular. Não devemos ficar apenas assustados, mas sim, gratos. Ele por sua vontade, separou para si um povo que estava escravizado no Egito porque assim lhe parece agradável, e se hoje somos participantes significa que fomos alcançados por esse benevolente favor imerecido. E tudo porque foi do agrado de Deus, separar um povo para si antes da fundação do mundo e: Santificar, Purificar e Regenerar aqueles por quem Cristo derramou o seu sangue. “O Sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para a remissão de pecados” (Mateus 26.28). E mais uma vez farei uso da confissão de fé “[2] Segundo o seu eterno e imutável propósito e segundo o santo conselho e beneplácito da sua vontade, Deus antes que fosse o mundo criado, escolheu em Cristo para a glória eterna os homens que são predestinados para a vida; para o louvor da sua gloriosa graça, ele os escolheu de sua mera e livre graça e amor, e não por previsão de fé, ou de boas obras e perseverança nelas, ou de qualquer outra coisa na criatura que a isso o movesse, como condição ou causa.” (CFW, 1647).”
E ao refletir acerca dessa palavra é possível chegar a conclusão que é dura, sendo que além de sua misericórdia ser para quem Ele quer, vemos que não existe uma contribuição da nossa parte em nossa salvação, de tal sorte, que não somos salvos por nossas obras, -e graças a Deus por isso-, mas simplesmente porque Deus quis nos salvar, através da reconciliação feita por intermédio de Cristo.
SOBERANIA AMOSTRA:
A narrativa deu início partindo do que O “EU SOU” disse a Moisés, onde vemos uma fala que demonstra não ter influencia de criaturas mas apenas do próprio Criador: Uma escolha sem influencia. E através disso Deus demonstra outra vez a sua soberania a Moisés — haja visto que falamos de um Povo e profeta que viu a poderosa mão de Deus agir de diversas formas a seu favor -, mas também, de modo algum devemos perder de vista que Deus continua a dar a mesma declaração até hoje. E essa declaração de Deus mostra que somente pela GRAÇA DE CRISTO, chegamos a salvação. E nós que fomos feitos alvos da benevolência de Deus podemos nos regozijar em nossa salvação pois foi do agrado do Pai Celestial ter misericórdia de nós: Miseráveis pecadores, seus inimigos e seres viventes do reino das trevas, escravos de nossos pecados e dispostos a sempre cumprir a maldade proposta por nosso coração impuro, — e claro, sem nos esquecer da condição do nosso homem interior que está completamente corrompido-, e foi dessa completa depravação e impureza que Cristo nos libertou, para não mais vivermos como escravos, mas como livres do pecados que nos algemavam.
EM VIRTUDE DISSO:
Nos alegremos no Senhor no dia de hoje, de amanhã — se assim Ele nos permitir — e enquanto estivermos nessa terra! Sabendo que O Deus compassivo nos deu mais um dia de vida, mais uma oportunidade para nos achegarmos ao trono de graça, para receber misericórdia e achar graça no tempo oportuno. Portanto, nos alegremos no Deus de amor, que teve misericórdia de nós e nos chamou para ser o seu povo. Louvai ao SENHOR, e rendei graças a ELE, porque ELE é bom.
E aos que ainda não são participantes da família de Deus, a mensagem propagada por João batista é repetida aqui: “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus.” (Mateus 3:2). Uma profunda conclamação não apenas para a tristeza pelos pecados cometidos, mas uma mudança de vida, o despojar das más praticas, o se afastar dos pecados e viver uma vida de obediência a Deus. E crer que no Filho de Deus, Jesus Cristo é o caminho para se achegar a Deus.
Leia também:
Um ótimo artigo do Lecionário que aborda com grande qualidade a temática: Deus endureceu o coração de Faraó ou não?
Fontes:
[1] — Confissão de fé de Westminster, 1647. CAPÍTULO III: DOS ETERNOS DECRETOS DE DEUS, VII
[2] — Confissão de fé de Westminster, 1647. CAPÍTULO III: DOS ETERNOS DECRETOS DE DEUS, V