VIAJANTES.
Fato é, que ao menos uma vez ou quem sabe duas vezes em nossas vidas, nós já fomos para lugares distantes: Seja visitando parentes em terras longínquas ou tirando proveito das férias, depois de um longo ano de trabalho. No entanto, chega um momento em que todos nós precisamos voltar, não é mesmo? Precisamos pegar as nossas malas, ajuntar as nossas roupas, guarda-las, e nos despedir. E assim, voltar novamente para a estrada. Voltarmos para casa.
Contudo, ao tocante a vida Cristã, isso não é diferente. Todos nós, estamos como andarilhos, caminhando como muitos dizem “nessa terra sem dono” — algo que discordo com todas as minhas forças-, por um breve tempo, mas é certo, que em pouco tempo, voltaremos para a nossa casa, voltaremos para a nossa família, para os nossos irmãos, com o nosso Irmão, o primogênito de Deus, bem como, com o Pai Celestial. Somos todos como itinerantes, ou melhor, peregrinos, nessa terra.
Uma breve busca no dicionario, e veremos que a palavra Peregrino tem o seu significado em; Alguém que vive em um lugar, mas não tem a sua cidadania pertencente a ela. A palavra Forasteiro tem o seu significado em; Alguém que tem a permanência temporária como a de um viajante em algum lugar.
No entanto, assim como todas as viagens, chega um momento em que temos de retornar para o lar, mas enquanto não retornamos, seguimos como peregrinos andando em um país que não temos a cidadania, vivemos como forasteiros, fugindo da cultura proposta pelo país, pela cidade, pelo mundo, e portando, sabendo que viajantes não criam raízes em lugares, é necessário que lutemos contra nós mesmos, afim de não haver identificação nenhuma entre nós (Forasteiros) e a terra passageira (Mundo) que você se encontra.
E essa, é uma das facetas do problema.
Visto que por um lado, temos irmãos fortemente aguerridos em não se inclinar, não aceitar as propostas que lhes são dadas, temos irmãos bélicos, decididos a não aceitarem e não fazer pacto algum com o mundo, nutrir uma amizade com ele em negação ao amor e a perfeita amizade com Deus, como nos instrui João ao dizer para não amarmos o mundo, e nem as coisas que nele há. Ou seja, fazer parte de um padrão que luta para remover Deus do governo de suas vidas, da condução do universo, de todas as coisas, mas criar um cenário onde a ordem é criada por si mesmo.
Do outro lado, temos muitos orgulhosos em se dizer participantes do povo de Deus, mas ignoram todos os seus mandamentos, os ensinos dos apóstolos, dos profetas, e não obstante, o do próprio Cristo. São como menininhos inconstantes, que por não examinarem as escrituras, se agarram apenas ao que ouvem, e não se pode encontrar neles nem sequer um pequena partícula de um espírito bereano, e por não conhecerem, estão naufragando lamentavelmente como o titanic ante ao iceberg.
Leia: Paulo e Silas em Bereia. Atos 17.10–15.
Nesse sentido, você, meu querido leitor que chegou até aqui, eu acredito que se mostra apropriado certa ressalva: Embora por um lado contemplemos muitos irmãos que são vorazes em não se render as tentações e as propostas do mundo, ainda sim o apóstolo Paulo deixa a recomendação para que esses não baixem a guarda em nenhum momento, que não durma, enquanto estiver no posto de sentinela da cidade, mas que se cuidem para não caírem: Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia! (1 Coríntios 10:12), afinal, sabemos que nós, somos grandes pecadores, falhos e cheio de inconstância mas em Cristo temos um grande salvador, e por ter essa grande salvação em Jesus Cristo, a perfeita e excelsa esperança no Senhor da Glória, podemos nos alegrar e nos manter em oração, cuidando para não tropeçarmos.
Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração. (Romanos 12:12 ).
Quanto aos orgulhosos em se dizer participantes mas são ignorantes e negligentes as escrituras, peço que examinem a si, e vejam se estão andando conforme a música, ou estão tocando em um violino desafinado, e ao se analisar a luz das escrituras, vá ao encontro do Senhor em oração com súplicas e pedidos de misericórdia: Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. (Isaías 55:6)
Por fim, segue-se três das muitas passagens que podemos encontrar nas escrituras que diz muito acerca do relacionamento do Cristão com o Mundo.
Primeiro: A terra de peregrinação é uma absoluta antítese do Padrão de Deus (Jo 3.19).
Somente o filho de Deus, isto é, Cristo Jesus, que veio ao mundo, deixando a glória que tinha junto ao Pai, para se tornar carne como nós, poderia e pode romper o ciclo de escravidão do pecado que existe nos homens, somente o Cristo de Deus, O cordeiro Santo que tira o pecado do mundo, pode e poderia nos trazer luz e vida espiritual. Contudo, a luz veio ao mundo, mas os homens amaram muito mais as trevas, a injustiça, as más praticas, o prazer pelo derramar do sangue inocente e serem banhados nas águas da iniquidade, do que a Luz. Afinal, como poderiam amar aquilo que estava a revelar suas obras más?
Segundo : A terra de Peregrinação é inimiga de Deus (Tg 4.4 ).
Andarilhos somos e andarilhos devemos continuar a ser. Assim como ela é uma terra em total oposição a Deus, como vimos há alguns momentos, é notável que nutrir uma amizade, como se nutri uma planta para faze-la crescer e enfeitar o jardim, quando se trata de nutrir, de adubar, ser cativado pela terra para a qual vivemos como forasteiros, deve-se cortar ou melhor, arranca-la bruscamente da raiz. Melhor, é nutrir, adubar e fazer crescer a intimidade, amizade e comunhão com Deus, pois, coisa terrível é e será, ser negado por Deus, por ser um desconhecido a Ele. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade. (Mateus 7:21–23).
Terceiro : Aqueles aos quais Cristo tomou para si, já não mais pertencem a terra de peregrinação (Jo 17.14–19).
Quando nos deleitamos pelas páginas do Novo Testamento, muito lemos sobre abandonar o antigo estilo de vida, deixar para trás a forma como vivíamos antigamente, aos que praticavam o mal lhes foi instruído que abandonassem tais praticas, e nesse sentido vemos muitas outras recomendações. Nos deparamos muito também, acerca do despojamento do antigo homem, do remover a roupagem de quem um dia fomos em Adão e nos vestir agora do que Cristo nos oferece. Portanto, todos nós que uma vez nos encontrávamos presos no império das trevas, mas agora transportados fomos para o Reino de Luz, do Filho de Deus, vou sugerir a vocês:
Não se amoldem a esse mundo, não se acomodem nele, de modo algum se sintam em casa nele, porque vocês não pertencem a ele, — não mais! — não se padronize com esse mundo mas sejam transformados pela renovação de vossas mentes, e com isso, andem em temor e santidade a Deus durante o tempo da peregrinação de vocês, santificando a Cristo como único Senhor em seus corações, para que examinando a si mesmo, não venha ser encontrado outro senhorio em seus corações.
Fitem os olhos em Cristo e aceitem a carreira que vos é proposta, para que ao fim da peregrinação de vocês aqui nessa terra, vocês possam eternamente deleitar-se no Autor e Consumador da fé de vocês, a saber: