A banda passa e a gente ignora

marcellacom2l
CRÔNICAS
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2 min readJan 25, 2018
Tirinha: Linha do Trem (http://www.linhadotrem.com.br/2017/02/what-to-do.html)

Se você, assim como eu, mora em São Paulo e anda pela cidade, encontra um artista de rua com uma boa frequência. Pode ser alguém tocando música na calçada, alguém lendo poesia no metrô ou fazendo a sua arte, seja ela qual for, em um outro espaço público. Mas, quantas vezes paramos e realmente apreciamos aquilo?

Ok, se você, assim como eu, mora em São Paulo, consequentemente tá sempre com pressa. Eu entendo, faz parte do paulistano estar sempre atrasado pra algum compromisso, reclamar quando a esquerda da escada rolante não está livre e por aí vai, só que, às vezes, apreciar não demanda tempo. Demanda vontade.

Tem um cara que toca violino na estação Clínicas e que tá sempre por lá. Assumo, precisei passar por ele várias vezes até notá-lo e tirar meu fone de ouvido pra ouvir a música. Comecei assim, com um gesto mínimo de educação que deveria ter tido desde a primeira vez. No dia que ele tocou reggaeton me conquistou. Parei, ouvi até o final e retribuí com um sorriso e o pouco de dinheiro que tinha comigo. E é assim que faço sempre que posso.

Como diz a tirinha aí em cima, tem muitas coisas que só reconhecemos e valorizamos quando estamos em outro país. Posso apostar que você já ouviu música no metrô de Nova York ou em qualquer outra cidade do mundo pelo stories de algum conhecido que você segue no Instagram. Mas não tenho certeza se essa mesma pessoa, que parou e ficou gravando, já foi aquela que parou e ouviu a poesia que tava sendo declamada na esquina de casa.

Eu tenho dó da moça feia que se debruçou na janela achando que a banda tocava pra ela, mas pelo menos ela aproveitou a música. E você?

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marcellacom2l
CRÔNICAS

Um dia eu estava sentada no sofá comendo bolo. Olhei pro meu pé e vi um bicho. Tentei espantá-lo, mas ele não se mexia. Era bolo. Instagram: @aondevaimarcella