A chuva
A garoa se multiplica e se atira das nuvens transformada em chuva.
O casal se aperta embaixo da sombrinha, se beijam, sorriem e continuam no mesmo passo. O homem aborrecido abre o enorme guarda-chuva, mas descuida do pé que afunda na poça. A senhora com o carrinho de feira encontra refúgio sob a marquise do prédio e fala sobre o tempo com o porteiro que fuma o cigarro.
A vida se adapta à chuva. Os pés encharcados, a roupa molhada e a alma lavada.
Eu me molho na chuva, me queimo no sol, me sujo na terra e me resfrio no vento. Praticando o desapego me esqueço das coisas e ando desprevenido contra a natureza.