A gente pode conversar?

É coisa rápida, juro.

Eloíne Gomes
CRÔNICAS
3 min readFeb 21, 2018

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Então, é que a gente precisa conversar. Não, na verdade, eu preciso falar e você precisa escutar. Podemos?

Em um português bem claro: a saudade veio me visitar há um tempo e eu já não sei mais o que fazer com ela.

Já tentei de tudo; com e pra me distrair dela. Canetei diversas linhas que ninguém vai chegar a ler e rabisquei um caderno inteiro. Já ouvi também todas as músicas da minha biblioteca, desde as que poderiam me fazer esquecer às que me fazem lembrar e doem na alma.

E agora eu quero uma cerveja. Na geladeira, tem quatro. É quantia suficiente pra ela me deixar por essa noite ou pra me induzir a usá-la? Nessa última opção, de quebra, ainda acabo entregando todo o meu jogo. Cansei de jogar, desculpa. Tenho essa porção de coisas engasgadas pra te contar e não sei bem como organizar todos esses pensamentos questionáveis.

Eu queria te dizer que aquele dia, o passo atrasado de propósito foi só pelo prazer de te puxar e te beijar. É que acho uma delícia quando você esquece, por alguns minutos que seja, todo o mal que já houve entre nós e resolve se perder em mim. Na minha cabeça isso já passou, e o que temos é o agora. Eu, particularmente, poderia ter, sem problema algum, esses teus olhos que me entregam as estrelas.

Lembra quando questionei se queria uma em seu nome? Besteira minha. Elas vivem em você. E fazem mais. Me fazem crer que a gente pode ser tudo aquilo que um dia almejou e, por vacilo da vida, pausou e deixou de ser. Mas você tá aqui. Eu tô aqui. Nós temos uma ligação e jogar isso fora me parece um vacilo tão grande quanto deixar a cerveja esquentar.

A impressão que tenho sobre isso tudo é que você não me veio como amor à primeira vista, mas foi familiar. Algo como: ah, oi, é você. Vai ser você. E tem sido desde então, apesar de todas as lutas contra.

Lembra que falei das músicas? Tem uma que eu ando lembrando de você sempre que toca em meus fones. Te quero pra mim, só você que não vê.

E tem mais uma coisa. Quando descanso a cabeça sobre o travesseiro ao fim de um dia corrido de trabalho, é sua voz curiosa, me pedindo pra contar como foram as coisas, que quero ouvir do outro lado. E, mesmo que tenham sido uma merda, contigo até isso consegue ser empolgante.

Acho que o problema maior é justamente isso: quando eu penso em dividir minha vida com alguém, é em você que penso. E esse lance todo de dividir a vida me assusta. Mas ainda assim é teu nome que vem e fica. Ainda são seus traços que discorro sobre minhas linhas. E tem toda essa nossa troca que sempre foi inevitável. Não tinha como ser diferente. Mas foi. E agora eu renasço em mais um escrito, te pedindo pra embarcar nessa comigo só mais uma vez.

Não falei dos problemas, eu sei. Não é que eu tô tentando me safar da existência deles, ou negando que eles chegarão. Quer saber minha opinião sobre? Acho que eles vão vir de qualquer modo; você estando aí ou aqui, comigo. E talvez eles aumentem quando a gente se somar, mas é um risco que se corre quando a recompensa vale. Spoiler alert: a gente vale.

Então, você me daria uma chance?

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