Costuras

Sobre crochês, tricôs e pessoas

Em uma corrida/caminhada no parque…
parece que nunca estamos ali naquele momento. Tem sempre um pensamento no que vamos resolver na hora seguinte, um papo sobre negócios para fazer no meio da caminhada, ou uma conversa entre amigas sobre os planos do próximo feriado.

Hoje de manhã, enquanto corria pensando em e-mails que precisava ler e ouvindo minha playlist aleatória (que vai de Lady Gaga à Jorge&Matheus), vi uma senhorinha sentada em um dos bancos do parque costurando, e ela parecia tão tranquila ali, parecia está apreciando muito bem aquele momento dela.

Dei mais uma volta no parque e ela continuava ali costurando, mas dessa vez quando eu passei, ela me deu um sorriso muito simpático. Pronto. Parei minha trajetória e resolvi voltar lá.

Dona Lucília. Uma portuguesa. Que me deixou sentar ao seu lado no banco e compartilhar um pouco daquela tranquilidade. Quem me explicou a diferença de crochê e tricô. E que me fez refletir depois sobre as ‘costuras’ que fazemos ao longo da vida.

No crochê os pontos são mais próximos, com mais detalhes e só podem ser produzidos de forma manual. No tricô os pontos são um pouco mais espaçados e além das tradicionais dupla de agulhas, já há máquinas que produzem tecido com efeito igual.

Fiquei pensando no quanto essa nossa pressa e intranquilidades da rotina, nos fazem produzir ‘costuras’ tipo tricô com as pessoas, onde os pontos não são tão próximos e podem ser fabricadas de modo ‘artificial’. E fiquei me questionando quantas ‘costuras’ tipo crochê, aquelas que só podem ser feitas por você mesmo e aproximando pontos, andei fazendo nos últimos tempos.

Ainda não cheguei a uma conclusão, mas tenho certeza que prefiro o crochê, ele parece mais real e com mais afeto.