Diário de um analisando #4: Amor-espelho
— Ninguém tem amor pra dar. A gente só tem amor narcísico. Quando a gente “ama” o Outro, a gente ama o que vê de nós mesmos neste Outro — pontua.
— E o desejo vem da vontade de aprisionar e se apropriar daquilo que vemos no Outro, que não temos, mas gostamos e queremos ter em nós — complemento.
— Exatamente.
— E é por isso que eu caí como um pato na estratégia consciente ou inconsciente, ardilosa ou ingênua, do “eu também”.
Ela sorri com aquela serena cara de “enfim”.
— ‘Aquilo que eu te peço, não me dê, pois não é isso’ — parafraseia Lacan.
(…)
— O ideal de relação — arrisco — seria sentir segurança no sentimento e no desejo do Outro a ponto de que ambos possam ter suas coisas, seus momentos, seus ‘segredos’. Assim, mantêm-se o mistério que erotiza as relações mas também se tem a segurança que é necessária para nos fazer continuar investindo neste outro. Enfim… utopias! Hahaha.
