E se?
E se eu não precisasse de toda ajuda pra seguir em frente? E se meus medos não fossem ganhando tamanho e proporções que eu sequer imaginei serem possíveis? E se eu não mantivesse perto de mim quem não faz questão de saber de mim?
E se eu apenas seguisse?
E se eu não me preocupasse com meu futuro e com o de todos que amo? E se eu deixasse de lado essa preocupação de que, apesar de desejar, nem tudo vai ficar bem no fim? E se eu não gastasse tempo projetando planos perfeitos de vida que nunca verão a luz completa do sol?
E se eu apenas respirasse?
E se eu não perdesse o apetite logo depois de ter comido e devolvesse tudo em forma de vômito? E se eu não repetisse dia pós dia comportamentos nocivos para os outros quando eu ponho pra fora e paralisantes para mim quando eu guardo aqui dentro? E se eu não postergasse a hora de cuidar de mim como eu gostaria que os outros cuidassem de mim?
E se eu apenas comesse?
E se eu não ficasse imaginando futuros possíveis como uma tentativa de controlar o que não depende de mim? E se eu não perdesse energia com quem não vale a pena? E se eu não procurasse formas de me privar como punição por algo de ruim que já está acontecendo?
E se eu apenas vivesse agora?
E se eu não ficasse sem dormir até altas horas da noite, com todos os problemas do mundo concentrados em horas de insônia hoje e milênios de pálpebras pesadas de sono amanhã? E se eu não ficasse procurando uma mente tão necessitada de tranquilidade quanto a minha para compartilhar minhas ânsias da madrugada?
E se eu apenas dormisse?
Talvez nem aqui eu estaria.
Mas é um bom lugar para se começar.