Eterna Infância
“Pelo espelho a vida vai passar. O tempo está no pensamento.” Duca Leindecker
Vi uma garotinha descer do ônibus. Devia ter uns seis ou sete anos. Usava óculos escuros e carregava uma bolsa alçada ao ombro. Tinha o celular em mãos, com fones de ouvido conectados, que decoravam suas pequenas orelhas. Usava maquiagem e se portava como gente grande. Ocupava-se em ser adulta. Nos seus pensamentos, se imaginava com 32 anos e chefe de si mesma.
Ao assistir a esta cena, não pude deixar de refletir: por que, quando somos crianças, queremos ser adultos? Por que temos tanta pressa em crescer? Por que não aproveitamos melhor a magia desta fase tão lúdica? Se soubéssemos o que a vida adulta nos reserva, com certeza aproveitaríamos muito mais a infância. Nos ocuparíamos com a profissão infantil, e não teríamos essa obsessão por ser mais velho. Renovaríamos nosso contrato como estagiários da inocência.
A vida adulta tem suas vantagens, é verdade. Podemos consumir álcool, entrar em festas, e comprar o que a gente quiser (desde que tenhamos dinheiro, o que é sempre um problema depois dos 20). Mas ser criança ainda é muito melhor. A infância é o tempo das descobertas, dos sonhos, das brincadeiras, dos pirulitos antes do almoço, dos joelhos esfolados, e dos arranhões, que são marcas do aprendizado. Ser criança é enxergar apenas o lado bom das pessoas e ignorar sua malícia. Ser criança é descobrir algo novo todo o dia, com o deslumbramento que os adultos há muito perderam.
Portanto, se eu pudesse aconselhar àquela garotinha e qualquer outra criança, meu conselho seria: não cresça. Jamais! Seja uma eterna aprendiz, e nunca pare de se encantar com o mundo e com as pessoas ao seu redor. Continue sendo criança mesmo depois de adulta. Confie nas pessoas, mesmo que elas te decepcionem às vezes. E principalmente: enxergue o lado bom de existir. Brinque, corra e se divirta. A infância nada mais é do que um parque de diversões, menina. Aproveite-a sem moderação!
Se você gostou desse texto, não esqueça de deixar um ❤!
