Notas breves sob um céu estrelado

Túlio Rivadávia
CRÔNICAS
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2 min readJan 13, 2018

Ali estão elas, luzes sustentadas sob a escuridão. Velam em si um dos mais fascinantes mistérios da nossa existência, o cósmico, que talvez perca apenas para a morte na lista de incompreensões naturais do ser. O céu noturno estrelado se faz espetáculo extraordinário para os olhos, não apenas por ser mistério, por ser tão ordinário e certo em nossa existência. Sempre estará lá, firme como o substantivo firmamento que o atribuem; o que nos falta é um simples movimento muscular de elevar os olhos, o que sobra é excesso de luz na concretude urbana. Nos falta o ordinário. As luzes das estrelas descortinam nossa pequenez, fato insuportável para tantos de nós. Neste exato momento eu intercalo palavras e olhares fitando a escuridão confusa do horizonte onde não se sabe exatamente aonde se finda o céu e começa o mar. Aguardo o nascer da lua que promete revelar os limites horizontais, alterar a maré e de algum modo a mim também. A ausência de uma lua revela toda a grandeza do firmamento e suas luzes mortas. Mortas pois é apenas luz que um dia já se apagou, mas ainda brilha, isso sim é ensinamento. Nem a grandeza da luz que promete nascer apaga as estrelas, e isso também é ensinamento. Fico me questionando como Clarice escreveria sobre tal mistério, penso sobre os ensinamentos e não mais me cobro. Não há como encaixar toda a grandeza do que vejo agora em códigos linguísticos, o possível é sentir e nesse feito cabem perfeitamente todas as palavras do alfabeto universal tal qual todos os sonhos do mundo do poeta português.

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Túlio Rivadávia
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Producer & Entertainment Business Specialist — Founder da ™Content. Buscador.