Setembros
Foi-se Setembro, pra lá onde vão as coisas e o tempo que passa por nós fazendo estardalhaço e não percebemos, nossa atenção está plena em outras abstrações.
Estive fazendo, agindo e não percebi Setembro desfilar seus dias de independência, seus massacres e temporais. Quando dei por mim era Outubro. Mas de Outubro não tenho nada para falar.
Estive distante da literatura no mês que passou. E só há uma justificativa possível para estar distante dela. É quando estou imerso na vida. Por maior que seja a literatura estar vivo é imbatível.
Dias de reflexão equivalem a 30 segundos de ação, todo movimento é supremo, todo erro é genial.
Nas vastidões de silêncio e na pureza da solidão observamos e compreendemos mas é no turbilhão das ações, causas e efeitos que sentimos a vida pulsar sob a pele, que cometemos nossos deslizes.
Só quem já deslizou por dias e noites é capaz de compreender o quão magnífico são os deslizes. Vivo por eles.
Eu e minha mania de derivar dos assuntos que insistem em se dizer principais em qualquer um dos meus textos. Os deslizes acabaram se intrometendo e me hipnotizando em sua direção.
Setembro não foi um mês de deslizes. Foi um mês de chuteiras de trava alta. Estive com os pés fincados ao chão firme enquanto olhava nos olhos das criaturas que mais me põe medo. Sim, sempre haverá o medo, afinal sem ele não há coragem possível.
Assim como não há Outubros possíveis se não existirem Setembros.
Assim como não há literatura possível se nos esquecermos da vida.
Há de se estar vivo, e bem vivo, no meio de tudo, no meio do mundo para que se tenha algo para falar sobre.
Se entreguem à literatura mas nunca se tornem seus reféns.