As pessoas dos cafés

Dinho Lima
crónicas sem vista para o mar
1 min readJul 13, 2020

As pessoas dos cafés
não são pessoas.
São qualquer coisa parecida;
parte da mobília,
parte do Estado,
das grandes corporações,
do jogo das ruas que se inicia após uma escovação de dentes,
seguida por corredores, elevadores, recepções,
grades, cercas, portões, demarcações.
E o jogo continua
pelos carros, autocarros, motas,
sapatos rotos, novos e pés-descalços.
E o jogo segue
pelas ruas dos apressados,
pelas camas dos amantes,
por igrejas de pedófilos,
por hospitais de condenados,
pelos cubículos dos empregados.
Estes, que não são pessoas.
São qualquer coisa parecida.
São parte do jogo; o único que tem como objectivo perder.

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