O que é escrever? Escrever sou eu.

Sr. Cronista
Cronista de Garagem
2 min readDec 28, 2020

Alguns escritores dizem para você estruturar toda a sua história antes mesmo de escrevê-la. Eu tento, mas nem sempre consigo.

Há momentos em que estou com a cabeça tão cheia que só quero escrever e não pensar em nada. Nesses momentos, me pedir para estruturar algo é pedir para me irritar. Mas acho que faz parte, não é?

Não acho que esses momentos (e especificamente esses momentos) sejam de produção. Para mim, escrever no ápice da minha ansiedade funciona mais com um expurgo dos mais diversos sentimentos. Quase uma ação terapêutica.

Começo jogando tudo na página em branco (papel ou computador). Em seguida, quase magicamente, cada linha escrita me devolve um pouco de alívio. Às vezes, juro até que posso sentir o tempo parar. E assim, mesmo que temporária e enganosamente, se vão os problemas do cotidiano, os problemas de viver em sociedade. Os problemas de viver.

Diversas vezes, nos últimos anos, falei para as pessoas que virar escritor era o meu sonho de infância. Mentira. Eu queria ser veterinário, até dizia isso antes. Desisti da medicina veterinária quando a adolescência chegou. Não lembro o motivo.

A verdade é que a escrita me traz alívio. Sim, semelhante às drogas, ao cigarro, ao abraço ou ao gosto de uma lasanha. A diferença é que escrever não vai me tornar um dependente químico, nem me forçar a abraçar realmente alguém ou me fazer ganhar uns quilos extras. Talvez, aconteça a última parte. Mas aí é culpa do sedentarismo.

É o alívio de escrever e colocar todas essas emoções, esses sentimentos, os desejos, as raivas, as fúrias… O alívio de limpar a mente. O alívio de, pelo menos por um momento, esquecer que estou nesse mundo e mergulhar em outros mundos. Mundos que eu criei e sei que os controlo (na maior parte do tempo).

Escrever é o meu respiro depois da tempestade. Sem esse hobby, eu seria uma pessoa completamente diferente. Estaria em outra faculdade, conversando com outros amigos, enfrentando outros problemas de outras maneiras. E eu não sei se esses outros problemas seria mais fáceis ou difíceis, mas sei que seria completamente diferentes, desconhecidos.

Com certeza, não sou o melhor escritor nem o melhor contador de histórias, mas escrever é uma forma de ser quem eu sou.

Escrever sou eu.

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Sr. Cronista
Cronista de Garagem

Uma personagem da vida que escreve a verdadeira ficção.