Crowdfunding de empréstimo e imobiliário chegam ao Brasil

Felipe Caruso
Crowdfunding Brasil
3 min readApr 20, 2016
Imagem do vídeo explicativo da Biva

O último ano marcou a chegada ao ecossistema do crowdfunding no Brasil dois dos principais modelos do mundo que ainda não tinham representantes no país

No começo de 2015, a Biva abriu as portas da plataforma de empréstimo ponta a ponta (p2p), modelo que permite com que pessoas emprestem dinheiro para outras pessoas, normalmente com juros menores que as opções tradicionais. Esse é o maior modelo de crowdfunding do mundo. Um relatório das universidades de Cambridge, Sidney e Tsinghua apontou que só a China movimentou em 2015 U$ 101,7 bilhões, dos quais U$ 92 bilhões foram pelo crowdfunding de empréstimo.

Se você quiser uma visão ampla e profunda sobre o financiamento coletivo no Brasil e no mundo, estão abertas as inscrições para curso Crowdfunding e Economia Colaborativa, realizado por mim e Téo Benjamin. Nós dois somos ex-porta-vozes das duas plataformas pioneiras no financiamento coletivo no Brasil: Catarse e Benfeitoria. Todas as informações em: bit.ly/crowdfundingeconomiacolaborativa

Não foi por falta de tentativa, porém, que o crowdfunding de empréstimo ainda não operava no Brasil. Em abril de 2010, cerca de um ano antes do lançamento de plataformas pioneiras no crowdfunding de recompensa como Catarse e Benfeitoria, a Fairplace inciou as operações no país. Depois de 9 meses e R$ 1,8 milhão emprestados, foi fechada pelo Banco Central acusada de agiotagem.

A arranjo legal que a Biva encontrou para trazer o crowdfunding de empréstimo no Brasil foi por meio de uma parceria com uma instituição financeira, que origina e lastreia todas as operações de crédito e investimento realizadas por meio da plataforma. O que é preciso entender melhor é como a parceria com um banco pode limitar a oferta da plataforma e a impedir de praticar juros menores que as opções tradicionais.

O foco do site é apoiar o crédito produtivo de empreendedores individuais, micro, pequenas e médias empresas. É possível obter um empréstimo para capital de giro, expansão comercial, aquisição de equipamentos e refinanciamento de dívidas.

Em mais de um ano de operações, a plataforma já emprestou R$ 4 milhões para 56 empresas e profissionais liberais. As arrecadações variam entre R$ 2 mil e R$ 54 mil, mas nenhuma delas passa de 15 financiadores, um elevado investimento médio por usuário. O investimento mínimo numa empresa é de R$ 500, valor que é reduzido para R$ 100 na última semana. O crowdfunding de empréstimo já mostrou que pode ser uma opção de financiamento (funding) no Brasil. O desafio agora é mostrar que pode ser coletivo (crowd).

Crowdfunding Imobiliário

O primeiro projeto de crowdfunding imobiliário foi financiado em janeiro de 2016. A incorporadora Vitacon captou R$ 1,28 milhão em uma campanha no Urbe.me para construir um prédio residencial na Vila Olímpia, em São Paulo. Ao todo, 143 pessoas investiram o mínimo de R$ 1.000 no empreendimento e receberão o retorno de acordo com as vendas dos apartamentos.

O relatório da Massolution apurou que dos U$ 16 bilhões girados pelo crowdfunding no mundo em 2014, U$ 1 bilhão foi pelo crowdfunding imobiliário.

A quantia arrecadada pela primeira campanha do gênero no país ainda é baixa diante dos custos das construtoras. O limite de R$ 2,4 milhões previsto na instrução 400, de 2003, da CVM impede que as captações sejam muito maiores.

Em momento de restrição de crédito, no entanto, a iniciativa aparece como uma alternativa de substituição da verba de marketing. Uma campanha aberta na internet para arregimentar investidores é também uma forma de se divulgar e chamar atenção para o empreendimento.

Vamos acompanhar a evolução do modelo no país. A segunda captação já está aberta, desta vez para a construção de um prédio residencial em Porto Alegre.

--

--

Felipe Caruso
Crowdfunding Brasil

Jornalista, consultor de crowdfunding e capacitor de fluxos. Foi coordenador de comunicação do Catarse e repórter na Folha de S. Paulo