Como Blockchain pode trazer confiança à Internet das Coisas

Thomas Gotardo
CryptoJr.
Published in
4 min readOct 5, 2020

Desde os primórdios da humanidade a inovação tem proporcionado ganhos de produtividade, e elevação do bem estar da sociedade. Da invenção da máquina a vapor, passando pela eletricidade e mais recentemente pela Internet, chegamos à Internet das Coisas, que nada mais é do que uma extensão da Internet, que permite que carros, smart tvs, ar condicionados, sistemas de segurança e outros dispositivos com capacidade computacional e de reunir e transmitir dados, se conectem à internet e se comuniquem entre si.

Embora se acredite que ainda estejamos nos estágios iniciais da IoT, ela já consegue solucionar muitos dos problemas que enfrentamos no dia a dia. Desde automatizar tarefas domésticas, como regular a temperatura do ar condicionado ou a luminosidade do ambiente, até problemas comerciais complexos, como o transporte de suprimentos, processo que envolve muitas partes e, dependendo do caso, requer que determinadas condições sejam cumpridas.

A história da Internet das Coisas

O primeiro uso conhecido de Internet das Coisas ocorreu no MIT, onde um grupo de estudantes universitários usaram sensores baratos para monitorar e reabastecer uma máquina de refrigerante. Mais progresso foi feito por volta de 1994, quando um artigo de Reza Raji propôs a ideia de utilizar IoT para automatizar residências e indústrias.

Ainda na década de 1990, a Microsoft e várias outras empresas começaram a experimentar ideias semelhantes. A partir de 2002, muitos meios de comunicação começaram a discutir os avanços da Internet das Coisas.

O ano de 2008 é considerado por muitos como o ano oficial de nascimento da indústria de IoT, quando já havia mais dispositivos eletrônicos conectados à internet do que pessoas. No entanto, essa tecnologia ganhou popularidade no mundo anos depois, impulsionada pela Indústria 4.0, que surgiu em 2011 na Alemanha.

Foi também no ano de 2008 que surgiu o Blockchain, como a rede distribuída por trás do Bitcoin. No entanto, o Bitcoin foi apenas o primeiro case de blockchain. Hoje há outros cases importantes construídos em cima dessa tecnologia.

Blockchain e Internet das coisas

A confiança sempre foi um componente essencial para o comércio. Nós sempre tivemos instituições centralizadas que administraram esse problema. Quando não confiamos um no outro, um banco fica no meio e coordena pagamentos. Quando compramos um produto na internet, precisamos verificar se os atributos que são transacionados — quem estava envolvido, suas credenciais, os valores trocados, e tudo o mais — são verdadeiros. Gastamos muitos recursos nos certificando de que esses atributos estão corretos e de que essas transações podem ser executadas sem problemas.

Um dos maiores desafios da Internet das Coisas era, e ainda é, garantir confiança. Por exemplo, quando você vai ao supermercado e compra uma bandeja de carne, como garantir que o produto é seguro para o consumo?

Durante todo o processo de fabricação e transporte de alimentos até a prateleira, é preciso seguir padrões de qualidade, como respeitar uma faixa de temperatura, e para isso são utilizados dispositivos de IoT. Mas, de onde veio? Quem embalou? Quem transportou? O produto foi adulterado? Foram cumpridos os limites de temperatura? Será que, durante o transporte do produto, foram realmente seguidos todos os padrões de qualidade?

O Blockchain foi criado se propondo solucionar essa questão da confiança. Essa tecnologia, em síntese, é uma forma descentralizada e distribuída de gerenciamento de informações entre partes que não confiam necessariamente umas nas outras. Os benefícios da Blockchain não são somente devidos ao software criptográfico e a tecnologia em si, mas também graças a governança. E isso agrega muito valor no mundo da IoT, pois facilita a automação e o gerenciamento da cadeia de suprimentos, além de reduzir custos de verificação e otimizar o processo.

Então, retomando o exemplo anterior, podemos adicionar confiança ao produto vendido para o consumidor se ele tiver uma etiqueta de rastreabilidade que garanta que o produto não sofreu adulteração e que está próprio para o consumo. Nesse caso, o sistema de rastreabilidade funciona com sensores de redes IoT, coletando e enviando informações para uma rede blockchain, que acompanha o produto ao longo da cadeia de suprimentos, verificando e validando a cada momento se ele está em conformidade com as condições acordadas na blockchain, da fabricação ao destino final.

Outro exemplo, se olharmos para a indústria farmacêutica, existe o problema dos medicamentos falsificados, que, segundo a OMS, mata 100 mil pessoas por ano na África e arrecada cerca de 200 bilhões de dólares por ano. Se o medicamento que é vendido para o consumidor, tiver uma etiqueta a prova de adulteração, com um sistema de rastreabilidade baseado em blockchain e Internet das Coisas, além da confiança, essa tecnologia estará possibilitando salvar a vida de milhares de pessoas.

Referências:

youtube.com/watch?v=b4J7xnM1r

academy.binance.com/blockchain/blockchain-use-cases-the-internet-of-things

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