Gastos energéticos das criptomoedas
Autor: Guilherme Corby
Em 12 de Maio de 2021, Elon Musk anunciou no Twitter que a Tesla não aceitaria mais pagamento em Bitcoin, por motivos de que para minerar está criptomoeda, o carvão estava sendo muito utilizado como fonte de energia para sustentar as transações. Bastou essa declaração para uma queda exorbitante do valor do Bitcoin, e veio à tona a questão da matriz energética no processo de validar a negociação com os ativos digitais.
Um estudo conduzido pela Universidade de Cambridge indicou que o Bitcoin representa cerca de 0,59% da produção elétrica global, e consome mais energia do que alguns países como a Argentina, Holanda e Emirados Árabes Unidos. Ainda de acordo com a pesquisa, as operações de mineração na China equivalem a 65% da potência da rede, e na província de Xinjiang, onde os mineradores utilizam o carvão como fonte de energia, também é uma região onde o governo chinês é acusado de ferir direitos humanos contra uma minoria muçulmana para se aproveitar dos recursos naturais presentes.
Mas então por que o Bitcoin necessita de tanto gasto energético? A resposta para isso se deve ao fato de que para minerar a moeda e lançar na blockchain, é necessário que os mineradores resolvem complexos problemas matemáticos de criptografia, e para obter tal feito, eles precisam de máquinas computacionais poderosíssimas capazes de resolverem uma quantidade enorme de cálculos por segundo. Apesar de requererem muita energia, é um processo que dá muita segurança à blockchain, pois se um nó mal intencionado quisesse fraudar a rede, a energia para tal ação seria igualmente tão elevada que no final das contas iria sair mais caro do que a quantia que ele pudesse roubar.
Isso que você acabou de ler é a chamada “prova de trabalho’’ ou “proof of work” (PoW), e aquele indivíduo que conseguir resolver o problema matemático recebe uma fração de Bitcoin como recompensa pelo trabalho feito.
Como alternativa ao PoW, existe o “proof of stake” (PoS). A diferença entre esses modelos é que no último, há a exigência de que a pessoa que forjar o bloco tenha algum valor da criptomoeda na blockchain, ou seja, a participação do sujeito na network é diretamente proporcional à quantia que ele possui. Além disso, é possível que os participantes formem grupos para que cada integrante resolva uma parte da criptografia, diminuindo muito o gasto energético quando comparado ao proof of work.
A primeira blockchain a usar o PoS foi o da Peercoin, seguido então de Blackcoin, Nxt, Cardano e Algorand. Em breve, a Ethereum também irá aderir a esse sistema.
A partir disso, podemos acreditar que a origem, o meio energético para validar as operações com criptomoedas serão fatores que influenciarão o valor de mercado e a decisão de investidores sobre em quais investir.
Apresentamos então as criptomoedas “verdes”, os ativos digitais que utilizam o PoS ou possuem uma pegada ecológica mais sustentável que as demais.
- Binance Coin
Foi criada para incentivar o uso da plataforma Binance, já possui um token de ação atrelado ao valor da Tesla e foi listada na exchange Coinbase. Utiliza o PoS
- IOTA
Surgiu visando acelerar o processamento das negociações na blockchain. Sua forma de financiamento é através de doações, bolsas para pesquisas, desenvolvimento de órgãos públicos e contribuições de organizações. Qualquer um pode participar nela.
- Chia
Com o mesmo objetivo da IOTA, permite que qualquer computador possa realizar a mineração, sendo suficiente para liberar espaço de armazenamento no seu aparelho. Uma diferença gritante para moedas que requerem máquinas de última geração.
- SolarCoin
Criptomoeda que funciona à base de energia solar para a mineração, requerendo ainda que os mineradores comprovem a fonte da energia utilizada, tendo que ser então completamente renovável.
- Cardano
Desenvolvida por um cofundador da Ethereum, que consome somente 6 GWh (Megawatt-hora) no PoS. Pode realizar até 1000 transações por segundo.
- Stellar
Trabalha como uma rede para trocar qualquer tipo de moedas, fiat ou cripto, além de pagamentos. Uma plataforma altamente acessível por cobrar uma taxa média de transação muito menor que a do Bitcoin.
Fontes:
- https://forbes.com.br/forbes-money/2021/05/6-criptos-que-demandam-menos-energia-que-o-bitcoin-para-a-tesla/#foto6
- https://www.investopedia.com/terms/p/proof-stake-pos.asp
- https://www.bbc.com/news/technology-56012952
- https://techcrunch.com/2021/03/21/the-debate-about-cryptocurrency-and-energy-consumption/