Análise de uma Fake New
Como já foi explicado em sala de aula, Fake News, como o próprio nome já diz, são aquelas notícias falsas normalmente publicadas na intenção de lucrar com a publicidade digital, promover ou denegrir alguém ou alguma ideia, gerar compartilhamentos e/ou benefícios (políticos, econômicos…), entre outras intenções. De uns tempos para cá, principalmente com a ascensão dessa era digital e de rápido e fácil acesso à informação, esse tipo de notícia tem ganhado força entre os veículos de comunicação, o que acaba causando problemas relacionados à desinformação (ou informação incorreta) das pessoas.
Entretanto, existem meios de identificar este tipo de notícia que devem ser usados para evitar que as pessoas acreditem e compartilhem falsos conteúdos. Estes meios constituem uma análise de todos os aspectos da notícia, desde a busca pelas fontes de onde vem aquela informação, verificação da ortografia, identificação de trechos sensacionalistas, busca pelo mesmo conteúdo em outras plataformas, entre outras atitudes que devem ser tomadas antes de acreditar e repassar alguma coisa. Diante disso, é possível fazer uma relação entre os métodos de uma análise semiótica e os meios que podem ser usados para identificar uma Fake News, que, basicamente, consistem em fazer uma descrição e análise inicial do conteúdo como um todo, para, só depois, atribuir significado (ou veracidade) ao material avaliado.
Vejamos, a seguir, a análise de uma Fake New publicada há algum tempo atrás acerca do Facebook que, apesar de já ter sido desmentida, voltou à tona no final de julho de 2018:
Este texto foi divulgado como notícia no próprio Facebook (eu mesma li na época em que esse boato voltou a ganhar forças) e a primeira coisa facilmente identificável é que ele não possui nenhum tipo de fonte, o que já é um indício que deve gerar dúvidas. Começando a analisar o conteúdo, podemos identificar mais vários indícios de incoerência de conteúdo normalmente presentes em Fake News, como, por exemplo, a frase “Olá, sou Mark, o diretor do Facebook”. É, no mínimo, desconfiável que o diretor de uma das redes sociais de maior sucesso no mundo todo esteja falando com o leitor dessa maneira, certo? Ainda mais com a próxima frase que diz que “parece” que todos os alertas são reais… é certo que o diretor do Facebook não falaria “parece” nesse tipo de situação.
Continuando a leitura, a frase “Se você enviar esta string para 18 diferentes da sua lista…” é claramente uma solicitação de compartilhamento, um dos principais aspectos das fake news em geral (querer alcançar uma grande quantidade de pessoas). Acredito que, em um caso hipotético de que essa cobrança realmente fosse acontecer, o próprio site o Facebook se encarregaria de informar seus usuários sobre a mudança na política de uso, não pedirira para que os próprios se informassem. Numa próxima frase, “Mark” diz “Se você não acredita em mim, amanhã às 18:00”… mas, que dia é amanhã? A inexistência de uma data neste tipo de intervenção também é um dos indícios de incoerência da notícia. Sem contar que o modo como o texto questiona o próprio leitor sobre o que ele acredita me parece um pouco sensacionalista para o teor da “notícia” que está sendo passada.
Continuando a leitura, podemos encontrar a frase “…informar a todos os nossos usuários que nossos servidores foram recentemente muito congestionados”. Não faz sentido pedir que cada pessoa compartilhe 18 vezes a mesma notícia se os servidores estão congestionados, pois isso só iria sobrecarregar ainda mais o sistema. Mais pra frente, o trecho “Caros usuários do Facebook, atualizaremos do Facebook para as 23 horas até às 05:00 deste dia” mas uma vez, que dia? Qual é este dia? Além disso, também pode ser detectados alguns erros de ortografia, como ausência de crase ou repetição de palavras.
Depois disso, o texto traz mais uma incoerência. Primeiro ele diz que você precisa compartilhar a notícia com 18 strings, depois fala que “se você não enviar esta mensagem para todos os seus contatos do Facebook…”, mas pra frente esse número muda para 10 pessoas, depois para 9, e ao final termina com 10. Ou seja, não há sequer uma informação concreta na passagem, forte indício de que esta não é verdadeira. Mais uma vez, o texto cita “amanhã” sem dar data fechada, coloca “facebo.ok” escrito errado (se a notícia fosse realmente oficial, não poderia ocorrer erro de digitação desse tipo), entre outros aspectos.
Ao final da leitura, fica evidente que o conteúdo do texto é bastante duvidável. Ausência de informações concretas e de fontes, erros de ortografia e digitação, frases sensacionalistas e impositivas demais, tudo isso aponta para que esta notícia não provenha de uma fonte oficial de divulgação de conteúdo e, em se tratando de uma plataforma como o Facebook, é evidente que uma notícia deste porte teria um comunicado oficial. De toda forma, para ter certeza de que o conteúdo é realmente verídico ou não, o leitor poderia procurar em outras fontes de buscas e rapidamente saberia que se trata de um conteúdo falso, ou seja de uma Fake New.
Em síntese, é importante sempre procurar a veracidade dos fatos antes de acreditar ou não em um conteúdo e, principalmente, compartilhá-lo. Como foi mostrado, existem alguns passos que podem ser executados para identificar se uma notícia é Fake News que se assemelham aos métodos de análises semióticas, consistindo em uma descrição e investigação de conteúdo antes de atribuir significado e veracidade aos fatos.
