Aotearoa - A Terra Da Longa Nuvem Branca.

Karis.
CS-FILO-2018–2
Published in
5 min readOct 30, 2018

A minha experiência estética quando tive a oportunidade de conhecer um dos locais mais belos que já vi: Nova Zelândia.

Experiência estética é um encontro que não consiste em assimilar ou integrar a beleza que nos proporciona a natureza ou a arte, mas em participar no mundo natural e no mundo artístico, ou seja, não é a beleza da natureza ou da arte que entra em nós; nós é que entramos nesse mundo. Esta participação é possível porque o sentir estético é um sentir aberto à natureza e à arte.

Desde pequena eu sempre tive vontade de conhecer o mundo inteiro, obviamente eu tinha um tesouro de locais lindos e maravilhosos dentro do meu país mas sempre quis almejar o exterior, o outro lado do mundo. E esta vontade perdura até os dias de hoje.

O sonho que tinha se tornou realidade, eu saí do meu país pela primeira vez e fui pra bem longe, para Nova Zelândia. Não esperava ir tão longe de primeira, mas foi o que consegui depois de anos de dedicação e esforço consegui uma bolsa e fui viver meu sonho. Viajar pode parecer um processo longo e cansativo para alguns, mas para mim ele teve um significado maior, o de libertação. Eu me sentia mais viva e com mais vontade de fazer qualquer coisa, sejam aquelas grandes ou mesmo as coisas ordinárias do dia-a-dia.

Choque cultural refere-se à ansiedade e sentimentos (de surpresa, desorientação, incerteza, confusão mental, etc) quando uma pessoa tem de conviver dentro em uma diferente e desconhecida cultura ou ambiente social.

Ao colocar os pés do outro lado do mundo depois de dois dias de voo, o choque cultural caiu de primeira, não haviam caixas nas lojas, apenas totens de compra onde aceitavam cartão e dinheiro. Ok, isso até pode soar comum, mas não foi pra mim que já estava acostumada com pessoas administrando caixas de lojas e supermercados. E nem vamos falar do absurdo de barato que custa um lanche, com apenas 3 dólares você conseguia comprar uma refeição completa no Burger King e ainda sobrava pra tomar um sorvete. Outra coisa que reparei foi que todas as instruções dos locais se encontravam em 2 línguas: Inglês e Mandarim. Todo o aeroporto era repleto de instruções em mandarim e também existiam partes temáticas, tanto refletindo a cultura local maori, quanto os dragões e balões de papel chineses. De acordo com o próprio aeroporto, a maior demanda tanto de imigrantes tanto como turistas são da China (inclusive o prato mais famoso de lá, o Fish ‘n Chips são todos feitos por restaurantes chineses)

Embarque do aeroporto de Auckland, onde o talhamento remetido à cultura Maori simboliza proteção

Os 6 meses que passei lá fui acolhida por uma família que me tratou como filha, eu até os chamava de pai e mãe e isso me deu mais conforto em ser quem eu realmente era e poder expressar melhor tudo que sentia. A mãe que me acolheu era professora da escola em que eu ia, e eu poderia dizer que tinham mais estrangeiros do que neozelandeses na escola! Conheci gente de Hong Kong, China, Japão, Coréia, Tailândia, Vietnam, Alemanha, Chile, Austrália, Dubai, Paquistão, Síria (os estudantes da Síria e do Paquistão eram todos refugiados, e suas famílias eram totalmente inseridas no meio acadêmico e no trabalho)….tanta gente junta e de tantas culturas diferentes todas em um mesmo lugar que todos nós criamos um laço entre si e trocávamos não só uma enorme bagagem cultural como aprendizado linguístico. Inclusive, era bastante comum se encontrar estrangeiros empregados em diversos cargos, de acordo com o próprio governo, agrega mais à economia e ao bem e futuro do país um povo empregado do que na rua.

A ida pra Nova Zelândia me deu esperanças de assistir à um mundo melhor, mesmo sendo tão pequeno seu povo tem um coração tão grande e sua riqueza cultural é maior ainda, é comumente considerado como melhor lugar do mundo pra se viver, e o país com a melhor base de estudos. A história de sua primeira colonização chega ser até engraçada; Nos anos de 1642, o explorador holandês Abel Tasman encontrou nativos hostis, os Maoris que já haviam chegado muito antes, então não desembarcou. Basicamente o Tasman, europeu de baixa estatura, se assustou com o tamanho dos maoris descendentes de polinésios refugiados que tinham mais de dois metros de altura, e decidiu navegar de volta pra sua terra.

Time de rugby da Nova Zelândia, All Blacks, fazendo a dança tribal Haka no qual o time exerce há mais de cem anos com intuito de intimidar o time inimigo, seguido pelo canto “Ka Mate (É a morte)” que fala sobre vida após à morte.

A experiência de viver imersa em uma cultura diferente me trouxe uma visão esperançosa de um mundo melhor pra se viver, mesmo tendo um povo tão misto e uma cultura tão rica, A Nova Zelândia não me falhou em mostrar que pôde ser capaz de se desenvolver dentro de um ambiente calmo e pacífico. Cercada de tanta beleza e de iguarias e locais singulares, Aotearoa me fez sentir pela primeira vez, em casa.

Kia Ora!

Referências:

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