As turmas-territórios

CTMA tramas e tessituras
CTMA: tramas e tessituras
3 min readMay 9, 2017

A copa da árvore do CTMA

Há duas cenas que retratam bem o que significou lidar com turmas de estados com perfis tão diferentes quanto o Ceará e o Paraná durante o CTMA.

Imaginemos, de um lado, o sertão — historicamente retratado como terra infértil, improdutiva e de sofrimento, hoje reconhecido, a partir de iniciativas da sociedade civil e dos movimentos sociais, como território com plenos potenciais, como o comprovam as experiências de Convivência com o Semiárido. Estas têm nas tecnologias sociais (as cisternas de placa, de enxurrada, calçadão, bem como os quintais produtivos e os sistemas agroflorestais) e no envolvimento de mulheres e das juventudes nos processos de produção para além dos de reprodução, uma expressão e uma afirmação da vida.

Nesse território vamos encontrar o município de Madalena, do qual dista aproximadamente 20km a comunidade de Quieto II no Assentamento 25 de Maio do MST (a primeira conquista e o maior assentamento do MST do CE), onde fica a Escola João dos Santos de Oliveira conhecida como Escola João Sem Terra. É nessa escola e nesse território, num contexto de grande estiagem, que se deu a 1ª Etapa do CTMA no Ceará, de setembro a outubro de 2012. Tempo quente, de calor e sol ardente.

Fazendo a ponte aérea, temos o Estado onde ocorreu, em 1984, o Encontro Nacional dos Sem Terra — e que deu origem ao MST. O Paraná é palco de muitas lutas e conquistas do Movimento.

Ali se encontra o município de Rio Bonito do Iguaçu, no Assentamento Ireno Alves (um dos maiores assentamentos da Reforma Agrária do país), que faz parte de um conjunto de assentamentos naquela região do Cantuquiriguaçu (PR).

Os assentamentos Ireno Alves e Marcos Freire têm sua origem na ocupação de Salto Santiago, próximo à Foz do Iguaçu, ocorrida em 17 de abril de 1996 — a maior realizada na América Latina, na qual cerca de três mil famílias (12.000 pessoas) foram mobilizadas, dando origem a esse complexo que modificou completamente não só as suas vidas como a de toda a região.

Região da Mata de Araucária, onde a partir do acampamento denominado Buraco se gestaram e se desenvolveram, entre muitas outras, experiências de Agroecologia e Educação do Campo que servem de referência para o país inteiro, em termos de Movimento — dentre as quais o Centro de Desenvolvimento Sustentável e Capacitação em Agroecologia/CEAGRO, que abrigou o CTMA no Paraná, o Colégio Estadual Iraci Salete Strozack, escola-base das escolas itinerantes do Paraná e que contribui de diferentes formas com o CTMA, e a Universidade Federal da Fronteira Sul / UFFS, parceira do Curso, que tem sua sede no município de Laranjeiras do Sul, também num assentamento de Reforma Agrária do MST (Assentamento Oito de Junho).

Quando, depois do início dos trabalhos no Ceará, a equipe da Coordenação Político-Pedagógica/CPP do CTMA, comum aos dois estados, chega para a 1ª Etapa, entre outubro e novembro de 2012, chovia muito e fortemente. Vegetação verde, tempo frio, muita água.

Desses ambientes de sol e de chuva, de calor e frio, de vegetação da caatinga no Nordeste e das matas verdes do Sul/Sudeste, procedem os/as então estudantes do Curso Técnico em Meio Ambiente/CTMA nos dois estados. Vamos conhecê-los um pouco mais?

Continua em breve…

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