Meu filme predileto

Guilherme M. Bonfim
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3 min readJun 30, 2021

Todas as vezes que eu, cinéfilo que sou, puxo o assunto “filmes” com alguém, sou questionado a respeito de qual seria o meu filme predileto. Acho um pouco injusto responder apenas um como sendo o melhor de todos. Filmes funcionam de um jeito diferente em seus variados gêneros e até mesmo em momentos distintos da vida. Mas sempre que ouço essa pergunta, me obrigo a pensar em algum que me desperte emoções, que tenha uma técnica apurada, uma boa direção, um roteiro consistente e, pelo menos até hoje, tenho dificuldade em encontrar um que seja superior a Forrest Gump.

Baseado no romance de Winston Groom (que aliás detestou a adaptação para o cinema), o filme conta a história de um garoto com problemas, físicos e mentais, tendo como pano de fundo parte da história dos Estados Unidos, de uma forma extremamente densa. Uma vez ouvi que Forrest Gump é um filme “desgracento”, afinal ele contém abuso infantil, bullying, guerra, drogas, DSTs, prostituição, machismo etc. Mas, ainda assim, é um filme lindo, que pode ser assistido por crianças, que tem humor, que fala da vida, dos valores da família, da descoberta do amor, da fé cristã e da amizade sincera representada pelas relações de Forrest com Bubba e o Tenente Dan.

E os detalhes? Ah, os detalhes! Robert Zemeckis, diretor do filme, faz algumas escolhas que são uma verdadeira aula de cinema. Levando em conta que o filme foi lançado em 1994 e passou 10 meses em cartaz no Brasil, ou seja, foi assistido por milhões de pessoas, não me venham falar em spoilers, por favor. Voltando ao Robert, em uma cena em que a Jenny foge de casa, na verdade fugindo do pai abusador, e se refugia no milharal junto de Forrest, ela começa a rezar pedindo para ser transformada em um pássaro, que para ela era um símbolo de liberdade, para voar dali. Mais adiante, quando ela já está sofrendo com as consequências de suas escolhas erradas, viciada em drogas, álcool e se prostituindo, ela pensa em se matar pulando da sacada de um hotel. O grande detalhe da cena é a música que está tocando ao fundo: Free Bird (genial)! Depois, no velório da Jenny, que morre vítima de hepatite, assim que o sepultamento se encerra, vemos uma revoada de pássaros que interpreto como a liberdade enfim alcançada por aquela personagem complexa.

Outro ponto alto, que por uma grande coincidência sempre faz um cisco cair nos meus olhos, é quando Forrest descobre que é pai e sua grande preocupação é saber se o filho herdou ou não o baixo quociente de inteligência que tanto o fez sofrer durante a vida. Para a sua alegria, ele descobre que Forrest Jr. é o melhor aluno da classe!

Percebem que eu nem entrei no mérito das interpretações de Tom Hanks e Sally Field, que dão um show à parte? Percebem também que o filme é muito mais do que um idiota local, como ele era conhecido na cidade, correndo por aí sem parar?

Enfim, pode ser que daqui a algum tempo eu volte aqui para falar de outro filme melhor do que este. Mas, por enquanto, Forrest Gump é o meu filme predileto!

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