Opinar não é preciso

Guilherme M. Bonfim
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2 min readJul 26, 2020

Apropriando-se da frase dita pelo general Pompeu, por volta de 70 a.C., Fernando Pessoa, naquele que talvez seja o seu mais famoso verso — “Navegar é preciso, viver não é preciso” — explicava de forma poética a precisão do ato de navegar. Ele falava de como bússolas e coordenadas são capazes de levar marinheiros com exatidão a qualquer canto dos sete mares e afirmava que a vida era exatamente o oposto; a vida é incerta e cheia de imprevistos.

Já eu, no título que você leu ali em cima, usei a palavra “preciso” no sentido de necessidade. Minha afirmação é bem mais modesta e menos poética. Trago aqui uma provocação depois de analisar a era da opinião em que vivemos. A necessidade de ter sempre um posicionamento é cruel. Sinto-me constrangido quando vejo YouTubers, blogueiros ou o pessoal dos grupos do WhatsApp sempre tendo algo a dizer a respeito de tudo novo que aparece, quando claramente alguns deles não fazem a menor ideia do que estão falando.

É tentador, eu sei. Mas de verdade, não corra esse risco. Nem é questão de ter ou não o tal do lugar de fala, é só que algumas vezes devemos assumir o papel de espectador e aprender mais do que ensinar!

Certa vez, você deve ter visto que um cara chamado Elon Musk resolveu mandar um foguete para o espaço por meio da sua empresa, SpaceX. O evento, muito aguardado, atraiu a atenção de milhões de pessoas e foi comentário nas redes sociais em todo o mundo. Acontece que o lançamento do tal foguete precisou ser adiado uma ou duas vezes por questões climáticas e, eu juro, vi pessoas questionando a NASA se era realmente necessário adiar o lançamento. Sim, nós chegamos ao ponto de as pessoas questionarem a NASA! E elas nem eram astronautas…

É claro que se um dia você receber um convite para fazer a transmissão da cerimônia do Oscar em rede nacional, é bom se inteirar sobre os filmes que estarão na disputa, ou então vai acabar virando meme. Se não for o caso, relaxa!

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