Bibliotecário: uma profissão em mutação

O bibliotecário, ao longo do tempo, vinha lidando com a informação de uma forma direta: contato com o livro (ou outro suporte, quase sempre em papel) para em seguida, definir os parâmetros para o acesso do leitor. Determinava os assuntos, a catalogação, a classificação e as formas de acesso ao catálogo, já que era ele quem aplicava os termos a serem usados nas fichas, visando a sua posterior recuperação.

Entretanto, a evolução também chegou a biblioteconomia e a tecnologia da informação foi adentrando neste campo sorrateiramente. Até chegar ao ponto de dispensar, em inúmeros casos, os suportes em papel, como é o caso de muitos periódicos, e-books, blogs, entre outros. Esta mudança evolui a passos largos. Com o advento de bases como Web of Science e Scopus, os próprios usuários fazem suas buscas, combinam termos, montam listas sem ajuda de um bibliotecário, em boa parte dos casos.

Será que o profissional bibliotecário vai desaparecer? Francamente, não sei, porque como a maioria das profissões, ele tende a se adaptar a outras formas de trabalhar, de aplicar seus conhecimentos. Muito se discute acerca disso atualmente. Entretanto, não há um consenso absoluto, o que não se impede de confirmar de que a profissão está passando por um momento de rupturas e novos paradigmas.

Acredito que muitas bibliotecas, no sentido clássico da palavra, deixarão de existir. Mas as bibliotecas podem ainda ser úteis, e desta vez não apenas como um simples repositório ou um decadente depósito de livros. Há de se pensar em outros usos, em outras aplicações de saberes para que sejam encaixadas no mundo atual.

Uma amiga minha, ao ter que providenciar o enterro de um parente, passou por momentos de aflição. Ao chegar na secretaria do cemitério para solicitar que seu parente fosse enterrado no jazigo da família, perdeu horas de espera porque naquele mar de documentos e informações diversas, quase não conseguiram informar a localização exata do jazigo. Então ela me disse: “Se tivesse um bibliotecário para organizar toda aquela informação, tudo seria resolvido em pouquíssimo tempo”. Com isso, ela me mostrou que de uma certa forma, pelo menos no Brasil, o bibliotecário ainda tem muito a contribuir.

Um exemplo interessante é o das bibliotecas-parque. Além das funções típicas de uma biblioteca tradicional, oferece outras experiências, tais como oficinas, laboratórios, atividades artísticas, etc. Em minha opinião, esse será um dos caminhos da biblioteca do futuro, e consequentemente do bibliotecário.

Vejamos, por exemplo, o caso dos livros. Quando os e-books surgiram, praticamente deu-se com certo o fim do livro em papel. Mas o que de fato vem acontecendo? Um aumento na produção de livros em papel. Dessa forma, podemos perceber como é complexa a questão. Não que os e-books tenham fracassado, pelo contrário. Mas o fato de um existir, não culmina com o desaparecimento do outro.

Os conteúdos digitais chegaram mesmo para ficar. E também para promover uma revolução na biblioteconomia, promovendo outras competências para o bibliotecário. Ainda assim, penso não ser possível afirmar se, futuramente, o bibliotecário vai desaparecer, ou mesmo se a profissão pode até mesmo expandir, como alguns autores pensam.

Certo mesmo, é que a profissão nunca mais será mesma, está em constante mutação. Se vai desaparecer para sempre ou não, aí é outra história…

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