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Paradoxo

Vivemos atualmente um paradoxo no campo acadêmico: pertencemos a um país subdesenvolvido, com demandas inerentes a este tipo de economia e nos cobramos, cientificamente falando, como se fôssemos de um país altamente desenvolvido.

Aliás, nos cobram por isso! Temos que escrever trabalhos científicos adequados às regras científicas e editorais das grandes editoras mundiais. Assim, assuntos que não interessam ao primeiro mundo, deixam de ser publicados as revista top de linha do mundo. Claro, quem, nos países mais desenvolvidos, vai se interessar por assuntos como doenças tropicais, bibliotecas brasileiras, entre outros?

Entretanto, como publicar em revistas nacionais se boa parte delas não faz parte de grandes bases, como a Web of Science e Scopus, só para citar duas? Sim, porque as instituições brasileiras condicionam bolsas, verbas para projetos, entre outros à produção científica “de qualidade”. E aí, periódicos que não se enquadram na categoria “top”, não são quantificados…

Se os pesquisadores brasileiros não fazem uso dos periódicos nacionais, como então melhorar o nível dos mesmos?

No meu caso, a fixação pelo Currículo Lattes está influindo até na minha progressão funcional, posto que a Comissão Interna de Ciência e Tecnologia da instituição onde estou lotada determinou que, para alcançar o nível sênior, os tecnologistas (bibliotecários, entre diversas outras carreiras) devem ser líderes de grupos de pesquisa. Não entendem que a nossa área é completamente diferente da biologia.

E agora? Trabalhar atendendo o público e cumprindo as diretrizes institucionais ou cuidar apenas da minha carreira profissional?

Cobra-se como se fôssemos profissionais de primeiro mundo e oferecem condições de trabalho de país subdesenvolvido. E assim seguimos neste paradoxo sem fim.

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