Primeiros passos de um caminho possível
O livro “A Escola Entre Mídias” publicado no ano de 2011 pela MultiRio (Empresa Municipal de Multimeios) foi um trabalho produzido para os professores da educação básica da rede municipal de educação do Rio de Janeiro. O intuito da publicação foi apresentar novos conceitos fundamenteis que orientam as práticas pedagógicas contemporâneas. O livro segue os percursos da comunicação desde a pré-história até alcançar seu principal assunto: as novas tecnologias na educação. Além de suas publicações, a MultiRio vem desde 1993 propagando diversas ações socioeducativas que influenciam diretamente a formação tecnológica-cultural. A abordagem com utilização de diversas mídias é uma das principais características da organização. O intuito de aproximar o ambiente tradicional da educação formal com as novas possibilidades de ensino e pesquisa parece atrair melhor os estudantes, despertando mais interesse pelo conteúdo e pela didática. Entretanto, é preciso associar os instrumentos tecnológicos com saberes e prerrogativas já existentes na sala de aula, para que a tecnologia não sirva de distração, mas sim para intensificação e facilitação do aprendizado: Se a tecnologia que os alunos trazem para sala de aula serve como forma de distração em relação ao conteúdo aplicado, há à necessidade de rever tais atitudes, para que os estudantes possam aprender a pesquisar e analisar informações adquiridas com os aparelhos que trazem para a aula e assim o ensino se tornará mais interessante a eles, pois os meios tecnológicos mudam a rotina dos mesmos. Nesse contexto, insere-se a midiaeducação, como uma abordagem metodológica que considera a comunicação inerente ao processo educativo. Tratar da educação atual sem levar em consideração as novas mudanças sociais e tecnológicas não seria prudente.
Outro programa que tenta introduzir de forma interessante o uso de tecnologia na educação é o Arte com Ciência, que acontece no estado do Sergipe. Com o intuito de inserir a cultura digital de forma crítica-pedagógica no ensino médio, o projeto realiza oficinas de formulação, criação e interpretação de material audiovisual. A criação deste projeto foi fruto da universidade Federal do Sergipe e da Secretaria de Educação do mesmo estado. A iniciativa além de acreditar na emancipação social através da cibercultura defende a postura de compartilhamento colaborativo em escala. Em um movimento para além das oficinas recebidas pela primeira leva de alunos, onde os mesmos, após a devida capacitação, produzem oficinas para outros estudantes e assim gradativamente, repassando o que foi aprendido. Entrelaçando educação, cultura e tecnologia, a propagação de novas ideias e conteúdo é feita de forma mais eficiente e enfática, podendo estabelecer vínculos mais fieis com a realidade tecnológica. O programa com essa lógica de compartilhamento e propagação de oficinas retoma além do uso pedagógico desses suportes o feitio ideológico. É necessário, além de políticas públicas mais efetivas, que haja uma reflexão acerca dos novos métodos de criação de sentido e conhecimento na sociedade, como sugere o “Currículo de Alfabetização Midiática e Informacional para Formação de Professores”, publicado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, 2013). Segundo o diretor geral do programa, Jānis Kārkliņš, é preciso formar professores atualizados aos novos padrões tecnológicos, a preparação desse Currículo para Formação de Professores representa o componente de uma abrangente estratégia para fomentar sociedades alfabetizadas em mídia e informação e para promover a cooperação internacional. Espera-se uma maior adesão no momento em que educadores e educadoras também estiverem capacitados para desenvolver e aplicar estratégias pedagógicas que correlacionem estas propostas com os conteúdos tradicionais do ensino.
Os programas anteriormente citados aqui são iniciativas governamentais que ocorrem na educação formal, que vem sendo cada vez mais questionada e criticada pela sua desconexão com a realidade globalizada. A atual conjuntura política-social que enfrentamos aponta para a importância de uma safra cidadã sóbria, capaz de exercer efetivamente seu papel como sujeito entendedor de mundos. As novas tecnologias da informação e da comunicação é o grande fio a ser trilhado entre o tecido social e nossos sujeitos.