Mad Max Estrada da Fúria e o Novo Padrão do Entretenimento

Rodrigo Motta
Cultura em Dia
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3 min readJul 12, 2015

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Com muita ação — mas também muito conteúdo — novo filme do louco das estradas eleva o padrão do entretenimento em Hollywood.

Publicado impresso originalmente no informativo Cultura em Dia distribuído pelo Centro Cultural Banco do Nordeste de Sousa PB em Junho 2015.

Por Rodrigo Motta

No momento em que você lê este pequeno artigo centenas de roteiristas da economia criativa de Hollywood (leia-se: filmes e games) estão desesperadamente mudando seus scripts para algo que se aproxime um pouco de Mad Max: Estrada da Fúria (George Miller, 2015).

O filme do ex-policial badass num mundo apocalíptico é o melhor filme de ação desde não lembro quando. Não se trata daquela ação desenfreada — e as vezes sonolenta — dos novos enlatados filmes de super-heróis que apavoram as salas de cinemas e TVs de LED hoje em dia, mas sim um filme onde a ação é empurrada à frente por uma narrativa e um worldbuilding extremamente bem desenvolvidos, fruto de um trabalho de mais de uma década do diretor George Miller, demonstrando que mais do que entender de aspectos técnicos de roteiro e direção, deve existir de fato um amor e cuidado de um autor com a sua obra.

Max e a Imperator Furiosa

Mad Max: Estrada da Fúria impõe um novo padrão para produtos de entretenimento como um todo, tanto em sua qualidade técnica mas também trazendo de forma natural temas relevantes para a nossa sociedade, tudo isso apresentado ao mundo com uma campanha de divulgação poderosa, que alimentou o hype de muitos — inclusive o meu — e que no momento de sua entrega ao público trouxe a satisfação e surpresa tão necessárias para os consumidores de entretenimento.

O filme tem uma linguagem visual própria e uma direção de arte marcante. Combinados, estes dois aspectos técnicos conseguem transportar o expectador para duas horas emocionantes numa terra devastada onde vive uma sociedade que é uma colcha de retalhos de fatos reais e fictícios, costurados de forma magistral pelo seu líder e semi-deus, o vilão Immortan Joe. Apesar do enredo do filme poder ser resumido como “uma fuga pelo deserto” é possível perceber que o mundo de Mad Max é vivo e pungente, algo extremamente necessário para quem deseja contar histórias em mundos fictícios. É necessário pensar um mundo para que histórias possam fazer sentido nele.

Immortan Joe

E é mergulhado neste futuro distópico — e “de mentira”, como diria minha mãe — que George Miller tem uma conversa verdadeira conosco sobre temas tão atuais e relevantes, um papo sobre sustentabilidade e o pavor de um mundo sem água (e sem os recursos atrelados a ela), sobre a objetificação da mulher (de forma até direta com a frase “não somos objetos” na tela), a libertação feminina de uma sociedade machista e a representação da mulher forte e relevante na narrativa, na personagem fascinante de Charlize “Imperator Furiosa” Theron.

Assim como nos outros filmes da franquia, o Max de Tom Hardy é o “fiel da balança”, o cara quem vem pra mudar tudo, tornando possível que uma história importante seja contada. Não se trata do herói que estamos acostumados, mas sim de homens que vão além dos seus limites para mudar o mundo. Apesar de raros estes caras vivem no nosso mundo também — e mudam o mundo constantemente. Assim como o Max, muitas vezes eles também são chamados de loucos.

Imperator Furiosa e as "Esposas" de Immortan Joe

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Rodrigo Motta
Cultura em Dia

Mestre em Design, Diretor Criativo da @KaiporaDigital. Professor de Game Design, Computação Gráfica e Inovação na @Unifacisa e na @UFCG_Oficial.