|RESENHA| TOMORROWLAND: UM LUGAR ONDE NADA É IMPOSSÍVEL

NerdDPS
Cultura POP, Nerd, Jogos
4 min readJun 9, 2015

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Imaginem um lugar no futuro, onde tudo é possível, onde a tecnologia domina a orbe terrestre, onde sonhadores fazem do mundo um lugar melhor. Pois esse mundo existe! Em uma dimensão interpenetrada a nossa, onde só alguns poucos eleitos, são dignos de usufruir das benesses desse paraíso. Esse lugar é Tomorrowland.

Meus amigos estivemos presentes na estréia de Tomorrowland, para conferir mais uma obra de arte, da criadora de sonhadores, Disney, e tentar responder a sua pergunta: E aí, vale a pena?

SINOPSE

Casey Newton (Britt Robertson) é uma adolescente com enorme curiosidade pela ciência. Um dia, ela encontra um pequeno broche que permite que se transporte automaticamente para uma realidade paralela chamada Tomorrowland, repleta de invenções futuristas visando o bem da humanidade. Ela logo busca um meio de chegar ao lugar e, no caminho, conta com a ajuda da misteriosa Athena (Raffey Cassidy) e de Frank Walker (George Clooney), que esteve em Tomorrowland quando garoto mas hoje leva uma vida amargurada.

Which way do you want to go: forwards or backwards?

Tomorrowland é um filme original da Disney, ou seja ele não foi adaptado de nenhum livro, quadrinho ou game. Ele é baseado em uma parte do parque da Disney (Magic Kingdom), e só isso. É filme cheio de referência, antigas e novas. Aqueles que são mais velhinhos, como eu, vão reparar nesses ganchos do filme. Tem como roteirista Damon Lindelof, um dos criadores de Lost.

Quem vai assistir o filme, vai com a expectativa de ver um filme futurista, mas acaba se deparando com uma experiência nostálgica e com ingredientes típicos da nossa amada Disney. A mistura do velho com o novo é bem marcada no filme, com algumas pinceladas de Steampunk — Me lembrei muito da animação Robôs, da Blue Sky Studios, ao ver as cenas da Tomorrowland em contraste com as cenas da feira mundial de 1974.

O filme é muito bonito de assistir, mas não é um filme que vá lhe encher os olhos, apesar de belas cenas em CG da cidade de Tomorrowland. A música, orquestrada por Michael Giacchino, se encaixa muito bem as longas e amplas cenas que descorem ao longo do filme — gostamos do que ouvimos.

It’s not personal, Frank. It’s just programming.

Logo no começo do filme, vemos Frank (Thomas Robinson), um garotinho indo a Feira Mundia de 1974, em Nova York, para apresentar sua engenhoca ao Dr. House David Nix (Hugh Laurie), um Jetpack defeituoso — o que é muito impressionante para uma criança. Desaprovado no torneio pelo juiz desapontado, Frank é interpelado por Athena (Raffey Cassidy), atiçando sua imaginação e curiosidade, por um mundo onde Jetpacks podem funcionar de verdade e ser objeto de inspiração e diversão. No entanto, nem tudo dá certo para Frank Walker nessa terra de maravilhas, e encontramos o herói cinquenta anos depois, um velho cansado e ranzinza (George Clooney).

Raffey Cassidy é a personagem mais encantadora do filme, ela traz um humor suave com boas cenas de luta. É impossível não fazer uma referência a Exterminador do Futuro, quando certos robôs entram em ação. O filme investiga a relação profunda entre seu personagem, Athena e Frank, com pequenas doses de humor e brigas, sobre um passado remoto.

What If There Was a Place…

Mais carregado na ação do que na narrativa ou nas ideias, Tomorrowland se constrói nas dualidades: futuro e passado, otimismo e pessimismo, avanço e degradação. O que acontece, no entanto, é que o filme apenas conceitua um lado como negativo e outro como positivo, esquecendo-se das zonas de intersecção, e de que coisas boas podem emergir de algo ruim, como um momento de crise.

Independentemente disso, o principal problema com Tomorrowland não é a sua mensagem, o que é nobre, mas a articulação da mensagem, que é desinteressante, ou desajeitada na pior das hipóteses. Bird & Cia ficaram tão envolvidos em suas idéias, que desprezaram a história e alguns pontos ficam soltos demais, com alguns diálogos ruins. Não há conversas casuais em Tomorrowland, apenas discursos fervorosos e discursos fervorosos disfarçados de conversação. Muitas palavras soltas no ar, por isso o público pode encontrar o duplo sentido em cada palavra. (“Qual o caminho que você quer ir?” Athena pede Casey durante uma cena de perseguição, “para trás ou para a frente?”), Ninguém, nem mesmo os robôs a partir de uma dimensão alternativa mágica, falam assim.

Esse é mais um filme que tenta modificar a maneira que as pessoas pensam, a respeito do mundo. Tenta trazer uma mensagem de alerta e positiva, de que podemos mudar o que temos,com uma mensagem no final, de esperança, de crença no ser humano.

Brad Bird prova que não perdeu a mão, apesar de uns tropeços aqui e ali. Tomorrowland vale a ida ao cinema, é o tipo de filme feito para descontrair e que te faz sair do cinema mais leve e, assim como seus personagens, mais otimista em relação ao futuro e à humanidade.

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