Manaus pelas lentes de Bruno Barbey
Em 1966, fotógrafo francês registrou cenas da capital do Amazonas para a revista Vogue
Esse é o fotógrafo franco-marroquino Bruno Barbey. Em meados dos anos 1960, ele desembarcou no Brasil a serviço da Vogue francesa. Mas, o que deveria ser uma viagem de duas semanas, acabou se transformando em três meses de andanças por todas as regiões do País.
No Norte, Barbey passou por Belém e pela Ilha de Marajó, no Pará, para finalmente chegar a Manaus entre o fim de outubro e o início de novembro de 1966. Na capital do Amazonas, ele foi recepcionado pela equipe do antigo Departamento de Turismo e Promoção (Depro), naquele tempo dirigido pelo escritor Luiz Maximino de Miranda Correa, o mesmo que contratara o cineasta Glauber Rocha, no ano anterior, para rodar um filme para o governo Arthur Reis.
A bordo de um hidroavião Catalina, viajando ao lado de um porco (esse tipo de bimotor era comum no transporte de cargas na Amazônia), Barbey conheceu e registrou o Amazonas “de cima”, chegando até a fronteira do Brasil com a Colômbia, entre os municípios de Leticia e Tabatinga.
Cinquenta anos depois, as fotos que ele fez em Manaus (“de baixo”) são registros únicos da cidade e da sua população, com uma urbanidade elaborada entre o rio e a terra firme. São manauaras apanhados em cenas de ócio, lazer, religiosidade ou trabalho, nas praças, nas feiras ao ar livre ou no cemitério em pleno Dia de Finados.
Também está lá o Teatro Amazonas, o nosso totem civilizatório, meio que inacessível e pitoresco diante dos curumins que o observam de longe. Manaus é hoje uma senhora de 347 anos, mas o quanto ainda falta pra gente percebê-la mais pelo olho desses dois garotos e menos da perspectiva de quem está na sacada do teatro?
Aniversário de Manaus, 24 de outubro de 2016