workism: trabalho & identidade
se você já está cansado de ouvir o mantra “você é o que você faz”, leia esse texto.
Nossa relação com o trabalho nunca foi tão conturbada.
Vivemos em uma época que work porn é um termo mais comum do que eu gostaria, onde produtividade está intrinsicamente ligada à ideia de estar sempre ocupado (ou parecer estar ocupado,“hustling”). É normal ver pessoas se definirem por suas profissões, ou até mesmo pelo seu local de trabalho.
Isso é reflexo de uma cultura que enxerga o que fazemos como expressão máxima de quem somos.
Associamos realizações pessoais com avanços de carreira e buscamos pertencimento nessas situações em um nível mais profundo. A verdade é que, pra muita gente, faz muito tempo que trabalho é mais que “só um trabalho.”
Derek Thompson, do The Atlantic, tem um nome para esse fenômeno: workism. Ou, em bom português, trabalhismo. Workism é a crença de que o trabalho não é apenas necessário para a economia, mas algo que se torna, cada vez mais, peça central da nossa identidade e dos nossos propósitos individuais. A hashtag #thankgoditsmonday conta com mais de 45 mil menções no Instagram. É uma fração dos posts de #TGIF (Graças a Deus é sexta-feira), mas quando foi que #sextou virou #segundou?
- Quais são as implicações práticas sobre a cultura de glorificar o trabalho e o tal “estar ocupado” o tempo todo?
- E, em 2020, com um pandemia tomando conta do mundo, como as relações de trabalho estão sendo afetadas? Como elas ainda serão afetadas frente a transformações diárias devido à uma situação que está, em grande parte, fora do nosso controle?
São essas perguntas que eu e a Beatriz Guarezi, da Bits to Brands, tentamos responder no episódio de hoje do CulturalCast. Uma conversa sincera sobre como é a nossa relação com o mercado de trabalho, como observamos (do alto do nosso privilégio, vale salientar), a movimentação de pessoas e marcas nesse momento, e nossas expectativas sobre um futuro que ainda é tão incerto quanto o presente.
Espero que você goste do episódio e faça parte dessa conversa com a gente. Obrigada!
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