13 Reasons Why

Mariana Martins
Semiosis
Published in
15 min readDec 6, 2022

Uma história chocante, que explora temas bastante problemáticos da vida de uma adolescente.

A escolha da análise da cena da série 13 Reasons Why levou em consideração imagens que permitem uma leitura dos signos sob o olhar da teoria semiótica Peirceana.

Entende-se semiótica, segundo Santaella (2006), como a ciência geral de todas as linguagens, a ciência dos signos que estuda todas as formas do homem se comunicar. Abrange as linguagens verbal e não verbal e por isso permite a análise da série, mesmo nas cenas que não contenham falas.

A análise realizada pelo presente trabalho da série original “13 Reasons Why” foi sobre o último episódio da primeira temporada da série, que aborda os últimos momentos de Hannah Baker em vida, a maneira como ela se preparara para cometer o suicídio, a sua decisão final e o modo como as pessoas a trataram durante as horas anteriores e a decisão de acabar com a própria vida.

A Netflix lançou em 2017 a série “13 Reasons Why” que obteve um destaque mundial por explorar os perigos do bullying, a saúde mental, violência sexual e suicídio entre os adolescentes.

A série passa-se pelo olhar do amigo de Hannah, Clay Jensen, que ao voltar da escola encontra na porta de sua casa um misterioso pacote com o seu nome. Ao abrir a caixa, ele descobre 7 cassetes com 13 gravações. O rapaz ouve as gravações e dá conta de que elas foram feitas para cada pessoa “culpada” pelo suicídio da amiga. Todas as pessoas que recebem as cassetes, correspondem a uma das treze razões, que levaram a personagem a suicidar-se, portanto Clay também é um desses motivos. Então, ele sente a necessidade de ouvir tudo até ao fim, de forma a descobrir como contribuiu para esse trágico acontecimento e para repassar a fita para o próximo “motivo”. Hannah deixou instruções, todos os estavam nas cassetes deveriam ouvi-las e repassá-las à próxima pessoa.

“Quisemos fazer de uma maneira honesta e o objetivo era fazer algo que ajudasse as pessoas, porque o suicídio nunca deveria ser uma opção”. (GOMEZ, 2017).

A cena foi escolhida em função do impacto provocado e pela situação inesperada que é uma adolescente aparentemente feliz tirar a sua própria vida na banheira de sua casa.

A estranheza motivou a curiosidade para identificar os conceitos estudados da semiótica neste trecho da série.

Inicia-se este estudo com a descrição das últimas cenas do último episodio da 1º temporada, por uma breve apresentação dos conceitos de Charles Peirce e a análise sob os conceitos da Semiótica, que, está relacionada à forma como o signo faz referência ao seu objeto, em relação a diferentes momentos da cena. A análise identifica e relaciona os diferentes conceitos da tricotomia nos objetos evidenciados.

Por fim, o trabalho está estruturado em introdução, na qual uma breve história da série é apresentada e o tipo de semiótica escolhido. Segue-se uma breve explicação sobre a semiótica, e suas teorias que serão utilizadas na análise. De seguida um resumo da série e dos temas abordados na mesma. Depois, a análise semiótica da cena, na qual é utilizada a semiótica Peirceana como base teórica e por fim as considerações finais.

Resumo da série e personagens

Figura 1- Personagens da série

O enredo conta a história de Hannah Baker, uma adolescente que deixou 13 cassetes a explicar as razões que a levaram a cometer suicídio. No decorrer da história, alguns personagens recebem as cassetes com mensagens gravadas pela protagonista, indicando a relação de cada personagem com as razões que a levaram a cometer o ato.

A primeira temporada possui 13 episódios no total e cada um deles é dedicado a uma das fitas. Apesar do suicídio como clímax da história, a série também dá ênfase aos efeitos psicológicos e consequências do bullying, depressão e abuso/violência sexual na adolescência. O conjunto de todos esses elementos levou à morte da protagonista.

Os episódios são narrados por Hannah, a partir do uso de flashbacks. A protagonista inicia a história a informar ao espectador que cometeu um suicídio e vai contar as razões de o ter feito (os porquês), por isso o flashback é imprescindível para a construção da narrativa na perspetiva de Hannah.

A história começa com Clay Jensen amigo de Hannah a receber a caixa na sua casa e desenvolve-se ao redor dos conflitos gerados pelas verdades expostas nas fitas e pela maneira como Clay, reage a isso.

A primeira fita pertence a Justin Fowler, o primeiro rapaz com que Hannah se relaciona amorosamente na cidade e que compartilha uma foto embaraçosa da mesma, expondo-a para os colegas de turma após um encontro que os dois tiveram num parque.

A segunda fita pertence a Jessica Davis, que acompanhada por Alex Standall , foram os primeiros amigos de Hannah Baker. As duas discutiram por causa de uma lista feita por Alex, onde classifica Hannah como “o melhor rabo”. Namorada de Alex na época, Jessica acredita que Hannah foi a responsável pelo seu término e chega a dar uma chapada na cara da personagem, terminando a amizade.

Alex Standall é a terceira fita e entra nos porquês devido a objetificação sexual que a lista conferiu a Hannah Baker após circular pela escola.

A quarta fita é de Tyler Down, o fotógrafo da escola. Tyler apaixona-se e fica obcecado por Hannah, seguindo-a até mesmo em casa para tirar fotos suas. Em uma dessas fotos, regista o beijo de Hannah e Courtney Crimsen e após ser rejeitado por Hannah, partilha a foto, acabando com a relação das duas que haviam se tornado amigas.

Courtney é a protagonista da quinta fita e entra nessa contagem após espalhar rumores sobre Hannah Baker, afirmando que ela e Justin tinham tido relações sexuais, o que piorou a situação de objetificação da personagem.

Na sexta fita, conhecemos Marcus Cole, que se irá tornar uma razão por ter deliberadamente ido atrás da jovem, iludindo-a a aceitar um encontro que na verdade era puramente sexual. Marcus aumenta a objetificação da personagem, sendo rude e deixando-a triste.

Zach Dempsey virá a seguir, na fita sete. Após ser rejeitado por Hannah, Zach sabota o “saco de elogios” da rapariga, uma atividade da escola onde os alunos colocavam elogios anônimos em saquinhos de papel uns para os outros.

Ryan Shaver encontra Hannah num grupo de poesia convence-a a escrever, aproximando-se dela. Pouco depois, rouba o poema da adolescente e publica no jornal da escola anonimamente. Apesar de não ser identificado, o poema foi duramente ridicularizado, pesando ainda mais no psicológico de Hannah.

A fita nove pertence a Justin Fowler novamente e diz respeito ao rapaz ter deixado Bryce Walker violar a namorada, Jessica. Violação essa que foi presenciado por Hannah.

A fita dez pertence a Sheri Holland e diz respeito a uma placa de trânsito derrubada pela jovem na volta de uma festa, onde as duas estavam no carro e cujo a falta de devido aviso às autoridades teria resultado na morte de um personagem secundário, Jeff Atkins. O personagem morto era amigo de Clay Jensen, que é o assunto da fita onze. Na sua fita, Clay descobre que ele não era de fato uma razão e que Hannah supostamente teria sentimentos por ele. Ela lamenta, porém, que ele a tenha deixado sozinha na festa onde presenciou a violação de Jessica.

Bryce Walker aparece na fita doze e, além de ter violado Jessica também viola Hannah. Por fim, Kevin Porter o psicólogo estudantil é a décima terceira e última razão e Hannah culpa-o por não a ter aconselhado propriamente.

Análise semiótica

A série “13 Reasons Why”, tem como foco o cotidiano da adolescente Hannah Baker, que é nova no colégio e enfrenta situações para se adaptar à nova realidade. A série desenrola-se pelo olhar do amigo de Hannah, Clay Jensen, que narra todo o drama vivido pela menina até o momento do seu suicídio.

A cena estudada encontra-se no último episódio da primeira temporada da série intitulado “Fita 7, Lado A”. Essa parte do episódio refere a forma como Hannah Baker resolve acabar com os problemas gerados pelas suas relações interpessoais. O conjunto de ações é narrado por Clay Jensen, que procura realçar o drama do momento. Desse modo, ele tem como finalidade comover o psicólogo da escola, o Sr. Porter, visto que ele é também um dos 13 motivos.

Para retratar o modo como a personagem vivencia seus últimos momentos de vida, utilizamos dos conceitos da Semiótica Peirceana para realizar essa análise.

Nesta cena, é possível observar a narração feita pela personagem Hannah, mas também pelo seu amigo Clay.

Os episódios, no seu geral, transitam entre presente e passado, revelando a personagem Hannah ainda em vida e após a sua morte.

Desta forma, no início da cena, Hannah está a conversar com o psicólogo da escola, o Sr. Porter, a única pessoa na qual ela acreditava que poderia identificar seu pedido de socorro, já que se tratava de uma autoridade dentro da escola. Contudo, o mesmo não tratou o seu caso com a devida importância. Enquanto Hannah tentava explicar o vazio que sentia e as razões para o mesmo, um telefone que se encontrava na secretária do conselheiro tocou 3 vezes, interrompendo a conversa entre os dois. Para além disso as perguntas e conselhos do psicólogo fizeram de certa forma Hannah, sentir que era incompreendida e que os seus pensamentos e sentimentos não tinham importância. Segundo o Sr. Porter o mais fácil seria seguir em frente e esquecer o sucedido. Após este flashback do passado, a cena volta ao presente, com Clay a contar ao Sr. Porter que afinal também ele contribui para que a jovem tivesse cometido suicídio:

“Ela saiu deste gabinete e esperava que fosse atrás dela”. — Clay

Hannah, ao sair do gabinete, vira-se para a porta na esperança que o psicólogo finalmente entenda sua súplica:

“A porta dele está fechada” — Hannah

“Mas você não foi”. — Clay

“Ele não vem”. — Hannah

A jovem então decide ir embora e ao percorrer o corredor da escola ela reflete sobre a falta de importância que as pessoas deram ao seu problema, e assim finaliza a décima terceira fita:

“Acho que fui bem clara… mas ninguém interveio para me impedir. Alguns de vocês importaram-se. Ninguém se importou o suficiente. Nem eu. E lamento. Então… este é o fim da cassete 13. Não há mais nada a dizer”. — Hannah

Figura 2- Hannah no corredor da escola.

Além disso, há uma perceção da adolescente estar sozinha no corredor da escola, num ambiente cheio de pessoas. Hannah conclui a última cassete, no entanto fica na expectativa de que o final possa ser diferente caso alguém fale com ela naquele momento fulcral da sua decisão. Clay retrata isso no seu discurso ao dizer que todos a deixaram ir embora:

“Deixou-a ir-se embora. Todos a deixamos ir-se embora”. — Clay

Clay então começa a descrever ao psicólogo os cuidados que Hannah teve antes de cometer o suicídio, fatos de seu cotidiano, como arrumar seu quarto, devolver o uniforme do local onde trabalhava e, além disso, organizar e enviar as fitas:

“Ela saiu da escola… foi para casa… e organizou algumas coisas. Devolveu o uniforme ao Crestmont, onde eu trabalhava com ela. Ela não disse nada. Pousou-o em cima do balcão e foi embora. Deixou uma embalagem com um amigo e levou a outra ao correio”.

Quando a personagem chega ao correio, depara-se com um conhecido de um clube de poesia que ela frequentava. Ele diz que sentiram falta dela e por um instante, Hannah se surpreende com o que ouve:

“Hannah” — Robert

“Olá, Robert” — Hannah

“Olá. Que bom ver-te. Sentimos a tua falta” — Robert

“A sério?” — Hannah

“No grupo. A Linda escreveu um poema sobre isso” — Robert

“Bem, eu já não escrevo poesia” — Hannah

“Que pena. Mas vem visitar-nos de qualquer maneira, sim?” — Robert

“Sim, está bem” — Hannah

“Não desapareças” — Robert

Entretanto, mesmo após ouvir sobre o clube de poesia, Hannah não dá tanta importância e continua com o plano. A personagem volta para a sua casa e pratica ações banais:

“Então ela voltou para casa… vestiu umas roupas velhas. Foi para a casa de banho– Clay

Figura 3- Hannah na casa de banho, momentos de cometer o suicídio.

Na cena em que Hannah está na casa de banho ocorre um plano aproximado do reflexo da sua cara no espelho, onde esta chora ao olhar para si. De som de fundo apenas se ouve a sua respiração ofegante, como se estivesse a ganhar coragem para o que se seguia, todos estes elementos fazem com que o telespectador sinta agonia, tristeza e dor.

Hannah, mesmo tendo refletido sobre sua ação, cometeu o suicídio:

“Ela morreu sozinha”. — Clay

Por fim, após a cena do espelho Hannah aparece já morta na banheira. A cena da personagem a cortar os pulsos na banheira foi removida pela Netflix, devido a conselhos de especialistas médicos.

No entanto podemos dizer que ao cortar-se Hannah, expressa o sofrimento, não apenas do corte, mas também de tudo aquilo que havia passado.

A série mostra que não só as provocações, mas o assédio sexual, incompreensão e invasão de privacidade, podem levar a problemas graves e consequentemente a um fim trágico.

As cenas descritas acima retratam uma série de informações, que podem ser avaliadas sob diferentes aspetos. Neste, o foque será na análise dos signos percebidos nas cenas citadas, tendo por base a teoria semiótica de Peirce.

Santaella explica que “o signo é uma coisa que representa uma outra coisa: seu objeto. Ele só pode funcionar como signo se carregar esse poder de representar, substituir uma outra coisa diferente dele”. (2006, p.78).

Santaella afirma ainda que “signo é aquilo que dá corpo ao pensamento, às emoções, reações, etc.” (2002, p. 10). Sob este conceito, o presente trabalho visa identificar quais são os signos retratados na série que levam os telespectadores a compreenderem uma mensagem, bem como qual mensagem a cena citada quer retratar.

Na Semiótica Peirceana, o signo, além de ser a unidade mínima que compõe a base da comunicação, é formado por três componentes: Representamen: objeto percebido e considerado no lugar de outra coisa; Objeto: aquilo que é referido e representado no signo; Interpretante: a significação do signo ou o seu efeito representativo.

Figura 4- Semiótica de Peirce

Pode exemplificar-se a tríade acima da seguinte forma: o primeiro elemento representamen é o signo, aquilo que é visto, ouvido, percebido pelo sujeito. No caso da análise em questão, seriam as palavras e imagens citando as cenas da série. O segundo elemento, objeto do signo é o que está representado pelas (palavras e imagens): cena da série 13 Reasons Why que mostra a o ato de suicídio. O terceiro elemento interpretante é o que surge na mente do sujeito que vê, ouve e percebe o signo. O interpretante são as conexões, lembranças, processos mentais provocados pelo contato com o signo (representamen): o facto de ser um suicídio de uma adolescente que não tem motivos aparentes que a levem a tirar a sua própria vida.

Segundo Santaella (2002), a Semiótica de Peirce é triádica, ou seja, todas as coisas que se apresentam ao ser humano podem ser caracterizadas em três categorias: primeiridade, secundidade e terceiridade.

Neste trabalho, serão aprofundados os conceitos da classificação da segunda tricotomia peirciana, e como se relaciona o signo em relação ao objeto.

Tabela 2- Tricotomias Peirceanas

Os ícones são signos que guardam uma relação de semelhança e analogia com aquilo que é representado.

Os níveis dos signos icônicos segundo a autora acima, foram organizados por Peirce em três subníveis: 1º é a imagem propriamente dita é aquele ícone que é reconhecido por similaridade na aparência, um exemplo nas cenas descritas seria quando os alunos invadem o corredor da escola. Pois a jovem deveria também ir para as aulas, como os outros colegas, uma vez que similar a eles, ela também é aluna daquela escola, no entanto esta vai-se embora.

2º Os diagramas, inclusive gráficos, representam as relações com as coisas em si, pois eles são a representação gráfica de um fluxo ou de um processo, por exemplo.

Baseados nas referências culturais dos autores deste estudo e no entendimento a partir dos autores pesquisados, uma correlação com as cenas da séria pode ser feita a partir da cena da casa de banho onde Hannah retira a sua vida.

Pode-se considerar que o ato de Hannah olhar para o seu reflexo no espelho da casa banho, e o facto desta chorar e ao mesmo tempo respirar daquela forma ofegante como se estivesse a ganhar coragem para se matar, expressa a sua emoção: que foi de uma profunda tristeza e fragilidade representada pelas lágrimas e ao mesmo tempo de grande coragem, por pôr fim à sua própria vida, evidenciando um diagrama ou fluxo da sua emoção, que foi de uma profunda fragilidade para um ato de coragem.

Fazendo uma analogia com uma linha do tempo, observam-se cores mais quentes em cenas do passado, quando Hannah ainda estava viva, transformando-se em cores mais frias em cenas em que esta já não esta presente.

3º As metáforas fazem um paralelo entre o caráter representativo do signo, ou seja, o seu significado, e algo diverso dele. Um exemplo encontrado nas cenas é o momento em que Hannah corta os pulsos na banheira, o seu significado é morrer, mas a forma como o faz, representa o sofrimento, dor e a profunda tristeza de tudo o que tinha passado.

Associando às outras teorias, pode-se dizer que estão sintetizados três subníveis, dizendo que “a imagem é uma similaridade na aparência, o diagrama nas relações, e a metáfora no significado”. (SANTAELLA, 1999, p. 62).

Importante dizer que os ícones não precisam ter qualquer relação com o objeto ao qual representam. Simplesmente têm uma similaridade que pode ser no cheiro, na forma, na cor, na textura etc.

Os índices, por sua vez, têm uma relação de proximidade com aquilo que é representado. Indicam ou sugerem algo como a relação entre a parte e o todo. Uma característica do índice é que, mesmo não tendo um sujeito (interpretante) para interpretá-lo, ele sempre será uma parte do que representa. Ele é índice do objeto com que tem relação.

Nas cenas descritas anteriormente, sabe-se que sangue é indício de morte e de dor.

Já os símbolos não guardam qualquer relação de semelhança ou de contiguidade com a coisa representada. A relação é puramente cultural e arbitrária. As palavras são um exemplo comumente utilizado por Peirce, pois elas foram convencionadas para significar o que significam.

Ícone, índice e símbolo são os conceitos que servirão como base para a análise dos signos identificados e observados na cena apresentadas acima.

Após a consulta de Hannah com o psicólogo esta sai do gabinete do mesmo, ainda mais desiludida e caminha pelo corredor da escola que se encontra sem pessoas e sem barulho. Este é índice de espaço livre, vazio, silencioso e pode ser símbolo de lugar solitário, pouco importante e esquecido. Podemos também através desta análise fazer uma comparação entre o corredor e Hannah, pois esta também se sentia sozinha, esquecida e sentia que a principal razão que a levou a suicidar-se foi facto de ninguém se ter importado o suficiente com ela.

Um olhar para o comportamento das pessoas pode identificar emoções e expressões, que também são linguagens e objeto de estudo da Semiótica. Na cena em que Hannah tira a própria vida a ausência de diálogo e música, os sons da respiração e as expressões faciais feitas pela personagem são signos indicativos de emoções como a dor e a tristeza. Estes signos causam impacto e de certa forma destacam esta cena das outras, dando-lhe mais importância.

A respiração ofegante é signo icônico de agonia e de cansaço. A forma como tira a sua vida, cortando os pulsos com uma lamina, pode ser classificada como ícone de dor e violência. Tendo em conta as lágrimas que lhe escorem pela cara e o seu olhar podemos concluir que a expressão facial de Hannah é vista como símbolo de sofrimento, tristeza e desespero pois culturalmente o suicídio é visto como um ato de desespero, sendo a morte a única saída.

Conclusão

Ao analisar as cenas da série é possível identificar os conceitos da segunda tricotomia de Peirce na leitura dos signos se seus respetivos conceitos de ícone, índice e símbolo como elementos que se correlacionam e interdependem, são eles, que permitem a completa compreensão das imagens e o entendimento do telespectador.

A incapacidade de conseguir a criação de vínculos de confiança, de amizade e de amor, levaram Hannah Baker a perder as esperanças de viver. A série aponta alguns culpados, mas, o ensinamento está em mostrar que para toda ação, existe uma reação e que essa reação depende, única e exclusivamente, do sentimento do agente recetor. Isso mostra a importância do cuidado e a necessidade de entender que ninguém sabe o que se passa na vida do outro. Além disso, é nos provado durante a série a importância de termos empatia e refletirmos sobre tudo aquilo que fazemos, pois podemos afetar alguém direta ou indiretamente.

Porquê o suicídio? Eis a questão central. Por revelar-se para Hannah a única solução para pôr fim às provocações, ao assédio sexual, à incompreensão e à invasão de privacidade que sofrera. O suicídio simboliza rejeição, angústia, sofrimento e morte. Hannah perdeu, portanto, a vontade de viver, culpando treze pessoas, às quais se dirige nas cassetes.

Foi na teoria de Charles Peirce que encontrei as ferramentas para análise do ambiente cenográfico, decodificando a linguagem. Acredito que o tema escolhido para objeto do estudo permitiu o desenvolvimento do exercício e a compreensão dos ensinamentos repassados na disciplina Semiótica.

Referências bibliográficas

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