A ciência e o problema do racismo

Catarina Garcia
Semiosis
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13 min readApr 21, 2023

Uma análise filosófica de um documentário, cuja temática recai no racismo e na dificuldade dos seres humanos aceitarem aqueles que lhes são diferentes.

Introdução

O tema desta análise filosófica recai na relevância social global desta problemática e no facto de milhares de pessoas em todo o mundo, continuarem ainda hoje a sofrer as consequências de um pensamento ideológico retrogrado. Considere-se, por exemplo, as redes de tráfico humano que ainda hoje mantêm cativas pessoas, às quais são negadas o direito elementar de ser livre, pelo simples facto de terem nascido em condições menos favoráveis ou porque o seu tom de pele diverge dos que os escravizam. Após a leitura de um excerto de Robert Clarke sobre a problemática do racismo, considerou-se que as atitudes racistas contra qualquer Ser Humano são atitudes racistas contra o próprio, tendo em conta o facto de hoje em dia não existirem “raças” totalmente puras, mas sim uma mistura à qual o autor denomina por mestiço, e que caracteriza a maior parte da população mundial.

Considera-se necessário que a nível global sejam discutidas as causas deste flagelo e respetivas formas de o combater. A permanente necessidade de um debate relativo ao tema é sem dúvida a forma mais consistente das sociedades tomarem consciência de que este não é um tema de fácil resolução, mas também que é de forma participativa e cívica que todos poderão ter um contributo fundamental para a erradicação da problemática.

Pretende-se ainda fundamentar a ideia de que o racismo não tem qualquer fundamento científico porque anatomicamente todo o Ser Humano é constituído pelo mesmo números de órgãos, pelo mesmo número de ossos, entre outros, divergindo unicamente no seu aspeto físico ou forma de pensar. Pretende-se ainda sustentar que a ideia de racismo se cinge a uma crença tradicionalmente imposta em algumas sociedades de que existem homens superiores a outros e que esta superioridade lhes permite subjugar outros homens às suas vontades.

O que é Filosofia?

Criado por Pitágoras entre os anos 570–495 a.C., o termo Filosofia foi adaptado do termo philosophia (Φιλοσοφία, na escrita original) e tem como significado “amor pela sabedoria”. Sendo assim podemos afirmar que esta é uma arte com mais de 2600 anos, tendo em conta a tradição filosofia do ocidente, de origem grega.

A filosofia representa um tipo de conhecimento ordenado que visa ir além do senso comum, tendo como objetivo chegar a resultados cognitivos mais ordenados e confiáveis, ou seja, conhecer tudo mais profundamente. Na filosofia estudam-se as questões gerais e fundamentais sobre qualquer tipo de existência, sobre o conhecimento, sobre os valores, a razão, a mente, e até mesmo a linguagem; sendo estas geralmente colocadas como problemas em necessidade de serem pensados e resolvidos.

Para isso, é necessária a utilização de métodos filosóficos, que incluem o questionamento, a discussão crítica, o argumento racional e a apresentação sistemática dos problemas e questões.

Dos tempos antigos ao nossos dias…a atualidade de um tema com mais de 500 anos

Foi durante os seculos XVI e XVII que sugiram as primeiras expressões de racismo, dado que, após o período das descobertas, os povos europeus iniciaram a prática da escravatura. Durante esse período pessoas da África e do Novo Mundo, “pessoas de cor”, eram trazidas para a Europa para trabalhar, sobre condições humanamente questionáveis, em plantações e em casas senhoriais. Desde modo, a história do racismo, principalmente no mundo ocidental, ficou associada á escravatura. Foi, nessa altura e nesse contexto, primeiramente criada a ideia de “raça”, conceito no qual algumas pessoas definidas como não europeias eram dominadas e governadas pelos europeus.

Naquela altura, os Africanos eram vistos pelos Europeus como produto de comércio para serem adquiridos, arrendados e vendidos. Para eles eram pessoas sem raízes, sem terras, sem direitos de nascimento e socialmente mortos; pessoas sem honra e pertences dos senhores.

Mais tarde, com a chegada dos Espanhóis á América, tornaram-se comuns também os ataques às comunidades indígenas, por parte destes, sendo alvo de atrocidades com o objetivo de os forçarem ao trabalho escravo: estripavam, estupravam e queimavam. Os índios e os africanos eram então vistos como seres impuros, selvagens e que precisavam de ser exterminados.

Quando os europeus descobriram a existência de novas espécies animais, principalmente os gorilas, ficaram surpreendidos com as semelhanças que estes tinham com os humanos. Após estas descobertas, foi questionada a humanidade dos africanos, tendo sido criada a teoria de que estes não tinham uma origem bíblica, mas eram sim fruto da junção dos humanos com os gorilas, caracterizando-os como metade humano, metade animal, o que veio reforçar os preconceitos já vividos até á época.

Com toda esta perspetiva de que os africanos, índios e todos os povos de cultura e cor de pele diferente eram inferiores, e consequentemente pertença dos europeus, que na altura se consideravam como superiores, foi criada a noção de superioridade de uns povos relativamente a outros. Todos aqueles que assim pensavam eram caracterizados como sendo racistas, ou seja, pessoas que se julgavam superiores a outras pela sua cor de pele, cultura e educação, conceito ainda em vigor nas sociedades atuais. Estes indivíduos considerados superiores lutavam pela pureza racial, e esta desigualdade entre “raças” foi crescendo de tal modo que se mantém até aos dias de hoje, e que é assumida por atitudes e comportamentos de milhares de pessoas em todo o mundo.

O racismo na ciência

O tema do racismo foi ao longo dos anos sendo estudado por vários ramos da ciência, de modo a conhecer os seus fundamentos e a tentar perceber se o racismo, a ideia de raça e a ideia de superioridade de algumas destas “raças”, detinham fundamento científico.

Em fevereiro de 1992, a revista francesa: Sciences et Avenir, vem afirmar, com base em provas científicas que o racismo não tinha qualquer fundamento científico, não passando de uma ideologia. Foi com a descoberta e evolução da genética na biologia moderna e a partir da análise dos sistemas sanguíneos, das defesas imunitárias e da exploração do genoma de milhares de indivíduos, que foi possível demonstrar cientificamente que cada um dos cinco biliões de seres humanos do Planeta tem um património genético diferente e cada pessoa é única, seja ela branca, negra, indígena ou de alguma outra etnia. O mesmo artigo científico refere ainda que a procriação sexuada não produz nunca duas vezes o mesmo indivíduo, á exceção dos gémeos verdadeiros.

Apesar de todos os seres humanos serem únicos e, consequentemente diferentes em algum aspeto do seu genoma, a genética vem ainda provar que todos os seres humanos têm um património genético bastante similar, afirmando que existem graus de parentesco entre todos os seres humanos, visto todos os indivíduos existentes provirem de uma origem única: “…a maior parte dos genes das populações humanas estão presentes em todas ou quase todas as populações, todavia com frequências muitas vezes bastante diferentes de uma população para outra” (Artigo da revista Science et Vie, n.° 540.).

Estes avanços na ciência permitiram aos cientistas, antropólogos e biólogos descobrir e delinear a história da humanidade. Afirmaram que toda a humanidade tem uma origem única no Homo Sapiens, nascido á cerca de 100 000 anos entre a África Oriental e o Médio Oriente e caracterizado por ser naturalmente negro. As primeiras populações diversificaram-se e espalharam-se por todo o mundo, sendo que as suas características físicas foram naturalmente sendo moldadas, de acordo com as características dos ecossistemas naturais onde passaram a habitar.

Estes avanços e afirmações científicas comprovaram a ideia de que o racismo não tem um fundamento científico. Contudo, sendo uma questão ideológica continuam a existir relações sociais que o alimentam, sendo necessário o combate a estas ideias e o fim do preconceito. De modo que este combate seja eficaz, há que ir para além da aparência da pessoa, focando no facto de que todos os seres humanos deverão ter os mesmos direitos e deveres, dado que a ciência comprova que todos os seres humanos têm uma origem única seja qual for a sua cor, origem, educação e cultura: “Temos de ir para lá das aparências” (Editorial da revista Sciences et Avenir, 540, fevereiro de 1992).

Após estas publicações, toda a ideia e definição de raça foi também posta em causa afirmando-se a não existência da palavra “raça”, quando se identifica um grupo de pessoas de acordo com as suas características físicas e culturais. Biologicamente não existem “raças” brancas, negras, amarelas ou vermelhas, apenas existe uma “raça”: a humana, pois a partir de uma análise dos genes não é possível identificar o individuo como pertencente a uma determinada população. A frase: “A diversidade genética dos humanos é enorme e considerável no interior de uma mesma população, e relativamente fraca entre as várias populações, pelo que não pode dar azo a classificações simplistas” (Artigo da revista Science et Vie, n.° 540), esclarece que dentro de uma população de características físicas iguais, o património genético de uma pessoa pode muito provavelmente ser completamente diferente do das outras, pois os genes não são agrupados de acordo com a cor da pele e a cultura. Cientificamente, existe a mesma possibilidade de dois homens negros ou dois homens brancos terem patrimónios genéticos parecidos, um ao outro, assim como um homem negro e um branco. Também indivíduos com a mesma cor de pele, e por vezes familiares, podem ter patrimónios genéticos completamente diferentes.

Para além de terem provado cientificamente que o racismo não tem fundamento científico, provando que não existem “raças”, os cientistas afirmaram também que não existem grupos humanos naturalmente superiores a outros, não sendo possível demonstrar biologicamente que uma “raça” possui vantagens naturais em relação a outras.

Ao contrário do que se possa pensar racismo e preconceito não são sinónimos, mas coexistem. O racismo consiste na crença de que existem grupos de pessoas superiores a outras apenas por possuírem características físicas, culturais e educacionais diferentes. O racismo resulta do ódio a pessoas com cor de pele diferente, costumes e tradições diferentes, língua e local de nascimento diferentes. O racismo pode ser identificado através de pensamentos, atitudes e comportamentos.

Já o preconceito é, como o próprio nome indica, uma opinião feita, de uma forma superficial, em relação uma determinada pessoa ou grupo social. Ao contrário do racismo, o preconceito não se reflete diretamente em ações, mas em modos de pensar. Trata-se de uma ideia pré-feita, com base nos princípios e valores de cada indivíduo.

Assim sendo, considera-se que moral e eticamente o racismo é um conceito e uma prática inaceitável e totalmente condenável. A ética permite-nos destrinçar o bem do mal, o correto do incorreto, o aceitável do inaceitável. De tal modo que sempre que surge o tema, a questão colocasse no facto de poder existir um qualquer Homem que, pelo seu aspeto físico, religião ou outro, possa ser subjugado e mantido como “propriedade” de outro. Eticamente, nenhum Homem é dono de outro, mas sim de sim si próprio e naturalmente senhor livre de realizar escolhas e decidir sobre si e sobre a sua própria existência.

Livro “Do Universo ao Homem” de Robert Clarke

Análise Filosófica

No texto: “Do Universo ao Homem” de Robert Clarke, é abordado o facto de não existir uma “raça” pura, pois o Ser humano é, nada mais, nada menos do que uma mistura de diversos povos e culturas, afirmando que apenas os nossos elementos genéticos traduzem a nossa individualidade enquanto seres. Para além disto, Clarke apresenta ainda uma teoria acerca do porquê de certos povos se terem desenvolvido melhor e mais rapidamente do que outros, afirmando que este facto não pode ser apresentado como justificação para o pensamento de superioridade de umas “raças” relativamente a outras. O autor defende, portanto, que o Ser Humano atual é fruto da interação entre várias “raças”, que ele existe e tornou-se no que hoje entendemos como Homem, porque ao longo da sua existência estabeleceu relações com outros, tornando-nos no que hoje somos — mestiços. Também refere ainda que a nível biológico, a cor da pele é a única diferença entre os vários seres humanos, porque no que concerne à sua constituição, somos todos iguais, à exceção da sanguinidade.

Em suma, Robert Clarke, evidencia que as diferenças basilares entre os vários grupos de pessoas são as diferenças culturais e, principalmente as diferenças impostas pelas oportunidades, não só as que estão relacionadas com os contextos socioeconómicos, mas também com o contexto geográfico em que se integram.

O mesmo autor apresenta ainda como fundamentos da sua tese, o facto de as características entre os homens serem aspetos de ordem física, mas não anatómica:

“…diversos tipos humanos — a cor da pele, por exemplo — não apresenta, para o biólogo, um grande valor científico. Os únicos elementos genéticos que traduzem realmente a individualidade de um ser encontram-se escondidos no nosso organismo, como é ocaso das caraterísticas sanguíneas.”;

Que a relação entre os vários povos ou “raças” permitiu a existência do Homem de hoje — mestiço “…os biólogos demonstram que estas desigualdades têm tendência a esbater-se: já é impossível distinguir atualmente uma “raça” humana pura…”; E a questão das oportunidades e do ambiente social e geograficamente mais favoráveis para o desenvolvimento do Ser Humano:

“…é totalmente impossível demonstrar que uma raça possui, biologicamente, seja que vantagem for. Se certas populações se desenvolveram melhor e mais rapidamente do que outras, é unicamente porque encontraram condições mais favoráveis ao progresso cultural — mas nunca por serem naturalmente mais aptas para o fazerem. Porque todos os humanos possuem as mesmas capacidades para inventar, para criar, para se organizarem.”

Segundo Robert Clarke a posição tomada por determinados grupos sociais relativamente a outros — Racismo — poderia condicionar a própria existência humana. Considera o autor que é da mistura entre os seres humanos que o Homem surge como um ser cada vez mais hábil e detentor de mais capacidades, capaz de evoluir permanentemente e tornar-se melhor enquanto Ser Humano, para si e para os outros.

“… é evidente que estas trocas constituem a grande hipótese de sobrevivência da humanidade e a sua riqueza. Os grupos que permaneceram encerrados em nichos ecológicos não evoluíram rigorosamente nada: atente-se nos Pigmeus, nos Bosquímanos da África ou nos Aborígenes Australianos.”.

Considera-se que a existência de relações entre pessoas de várias “raças” permite a evolução do Ser humano. Condicionar a possibilidade da existência do Homem mestiço, seria condicionar a existência da Humanidade, tal como a entendemos atualmente.

Em suma, considero que o racismo não nasce com a pessoa, tal como referido pelo presidente africano Nélson Mandela:

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar.”.

Ninguém nasce racista, mas aprende-se a sê-lo. O racismo é algo incutido pela educação e pela cultura. Quando se nasce, não se nasce com a ideia de que ”… não irei gostar desta ou daquela pessoa porque é fisicamente diferente de mim”. Quando se é criança, tudo o que nos rodeia, nos serve de modelo. Absorve-se tudo o que se vê e o que se ouve, sendo que todas as crianças tentam ser iguais àqueles que são os seus modelos, aqueles de quem mais gostam e que idolatram, normalmente os seus pais. Se, a título de exemplo, um pai/mãe tem um comportamento discriminatório e racista, em frente ao filho, contra um outro indivíduo, por este ter uma cor de pele diferente, é assumido pela criança que o pai é detentor da razão, e portanto, para si aquele comportamento é o correto. Deste modo, a criança exposta a estas atitudes e comportamentos, ao longo do seu crescimento, tendencialmente irá reproduzi-lo, sentindo que alguém que tem uma cor de pele diferente da sua, é um ser inferior a si próprio. Por outra via, uma criança educada a amar e respeitar todas as pessoas, seja qual for a sua cor pele e a sua cultura, essa criança muito provavelmente nunca será racista ou preconceituosa.

Considera-se fundamental apostar na educação, e esta parte fundamentalmente da família, sendo que ao longo da vida da criança outros poderão influenciar o seu modo de pensar, nomeadamente todos aqueles que participam ativamente na sua escolarização. Se uma criança pode ser ensinada a odiar outra, por ter de uma cor de pele diferente, também pode ser ensinada a amar outra, pela mesma razão. Se uma criança pode ser ensinada a desprezar a cultura de uma pessoa, por ser diferente, também pode ser ensinada a venerá-la. Por fim, se uma criança pode ser ensinada a gozar com uma pessoa apenas pela indiferença também pode ser ensinada a respeitá-la.

Conclusão

Quando há cerca de 500 anos se iniciou um ciclo de crimes bárbaros que, embora com contornos diferentes, perduram nos nossos dias, iniciou-se em paralelo uma batalha pela defesa da vida humana.

Sendo este um tema cuja polémica alimenta os meios de comunicação social e as redes sociais da atualidade é também um tema cuja solução parece estar ao alcance de todos, porque penso que a solução pode ser encontrada em cada um de nós, de forma cívica e participativa.

Considero que não existem diferenças entre seres humanos, quer estes tenham pele branca, negra, vermelha ou amarela. Considero que o fator mais determinante para a diferença entre homens se prende com as desigualdades de oportunidades e as desvantagens de se ter nascido numa sociedade, que não permite a todos aceder às mesmas condições de vida.

A necessidade de encontrar justificação para as atitudes racistas de alguns indivíduos leva-nos à reflexão profunda sobre um tema que é, em si só, controverso. Se por um lado dizemos todos os dias, para nós próprios, “O racismo não existe.”, por outro lado somos confrontados permanentemente com notícias de crimes violentos de homens, contra outros homens. Se, por um lado, queremos acreditar que vivemos numa sociedade em que os princípios da aceitação da diferença e o respeito pelo outro, são parte intrínseca da nossa existência, por outros confrontamo-nos diariamente com grupos de homens que privam outros de liberdade, sem que estes tenham cometidos qualquer crime.

Por fim, cumpre exemplificar de forma simples, mas muito concreta: Ao longo da gestação de um ser humano, na sociedade atual, a mulher grávida é, normalmente, sujeita a ecografias, que graças à evolução tecnológica permite verificar se o feto é saudável, se na sua constituição, o feto tem todos os órgãos vitais e todos os dedos dos pés e das mãos; Se tem olhos e se as medidas do fémur são as que estão padronizadas. Verifica-se os batimentos cardíacos, porque o feto é um Ser Humano e tem um grande coração. Mas há algo que a ecografia não vê. É branco? É amarelo? É negro? É, tão somente, vida!!!

Referências Bibliográficas

Documentário:

“A História do Racismo” — https://www.youtube.com/watch?v=jtg9xH2kum8 [consultado a 5/04/2023]

Livros:

Clarke, Robert, Do Universo ao Homem, Lisboa, Edições 70, pp. 65–69

Revistas:

O racismo não tem fundamento científico, Editorial da revista Sciences et Avenir, 540, fevereiro de 1992

“Não há raças”, Artigo da revista Science et Vie, n.° 540

“Não há nenhum grupo humano naturalmente superior a outro”, Artigo de Le Nouvel Observateur, N.° 1420

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