Dar Vida aos Livros — O caso de Dynasty Warriors
Este franchise conta já com 44 títulos lançados, desde a consola PS1, com o primeiro título “Dynasty Warriors”, até aos dias de hoje, com o título “Dynasty Warriors 9: Empires”, para a consola PS5, a mais recente. Os livros de Luo Guanzhong, escritor chinês dos finais do século XIV e inícios do século XV, e contam a história da antiga China no final do período Han, entre os anos 169 e 280, se vê mergulhada num clima de instabilidade intensa: guerra constante, governada por políticos corruptos, epidemias e falta de condições para a população. Nas primeiras batalhas do 1º volume são chamados à guerra os 3 protagonistas da história: Liu Bei, Cao Cao e Sun Jian. No decorrer dos 3 livros são contados, duma forma romantizada, as guerras entre estes, os seus descendentes e os seus seguidores.
O jogo está dividido em 4 narrativas, as das facções dos personagens que a história segue: Wu, da família Sun, com destaque para Sun Jian e os filhos Sun Ce e Sun Quan, e tinham como objetivo proteger o seu território; Shu, liderados por Liu Bei, sempre acompanhado dos irmãos Zhang Fei e Guan Yu, que privilegiavam a virtude e a benevolência e queriam a paz na terra; Wei, comandados por Cao Cao, com Xiahou Dun e Cao Ren, seus primos, ao seu lado, que à semelhaça de Shu queriam paz na China, mas através do uso da força; e Jin, liderado por Sima Yi, com a ajuda dos filhos Sima Zao e Sima Shi, que, após o falecimento de Cao Cao, toma o seu lugar e aplica a ideologia de meritocracia e valorização da estratégia no seu reino.
Derivado ao caos existente, surgiram rebeliões, e tanto nos primeiros capítulos como nos primeiros níveis dos jogos é retratado o caso da Rebelião dos Turbantes Amarelos, liderados pelos irmão Zhang. A partir do segundo título, é possível jogar como um dos personagens históricos na zona de batalha, como exemplifica o primeiro vídeo.
Contudo, com o título número 9, é possível interagir com pessoas nas cidades e o mundo é aberto a ser explorado, sendo possível chegar a qualquer parte da China.
Como qualquer adaptação, os jogos não são 100% fidedignos à obra original, sendo que esta é rica em pormenores e, por vezes, demasiado violenta como se pode constatar, por exemplo, na descrição da cena em que cada chefe que era morto era decapitado e a sua cabeça exibida às portas das muralhas das cidades. Já no jogo, nos segmentos cinematográficos, as execuções não são mostradas e quando o jogador, dentro dos níveis, consegue esgotar a barra de vida dos chefes adversários, estes simplesmente caem aparecendo, de seguida, uma barra com a informação de que a personagem perdeu a vida.
No título número 8, há uma das melhores adições que o jogo já viu. Na história, quem acaba por reinar é Jin, que dá início ao período Jin. No entanto, neste título, caso se cumpram missões secundárias dentro da batalha principal, desbloqueiam-se segredos e caso se completem todos os objetivos escondidos, desbloqueia-se as fases “hipotéticas” que contam a história caso o clã escolhido pelo jogador tenha ganho controlo sobre as restantes e acabe por reinar a China. Estes são os filmes finais de cada facção nesse cenário hipotético.
Em suma, os livros não podiam ter tido uma melhor adaptação. Embora os jogos não sejam perfeitos, é possível entrar numa história que só de si é cativante, explorando as paisagens da Antiga China, mergulhar no espirito da época através dos diálogos, edifícios, roupas e ornamentos enquanto se comanda uma personagem baseada num herói (ou vilão, dependendo da ideologia de cada um) da vida real.