“Escravos da moda”: ZARA

sara nascimento
Semiosis
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7 min readDec 6, 2022

A Zara é uma marca fast fashion, tendo como principal objetivo a venda de peças de vestuários que no momento estejam em tendência no mundo da moda, através de uma logística que permite um nível reduzido de produção e uma acelerada distribuição, que se trata da rotatividade que favorece o consumo rápido. A marca trabalha com cinco linhas distintas de produto, apontando segmentar para o mercado de moda que atende, sendo elas: mulheres, jovens, homens e crianças, a Zara HOME.

REFERENCIAL TEÓRICO

A análise semiótica auxilia a compreensão da natureza e dos poderes da referência dos signos, a informação que transmitem, como se estruturam em sistemas, como funcionam, como são emitidos, produzidos, utilizados e que tipos de efeitos são capazes de provocar ao recetor.

A presente análise semiótica relativa à marca Zara, tem por base a conceção peirceana. O filósofo Charles Sanders Peirce, investigava a relação entre objetos e o pensamento.

Para si, seria impossível compreender objetos externos ao sujeito de forma acurada e de maneira universalmente aceite entre diferentes sujeitos. Peirce aproveitou o conhecimento e reflexões adquiridos durante a sua formação como físico e matemático para formular a sua teoria da semiótica, o estudo dos signos. A unidade semiótica seria o signo: o estímulo com parâmetro dotado de significado. Peirce enumerou três modos de o signo mediar os significados: ícone, índice e símbolo.

Tendo isso em conta, será analisado inicialmente a origem de um estímulo, ou seja, o que aos olhos do recetor se destaca de forma imediata, como por exemplo, o design, as cores, o tamanho, as linhas, a forma… Também será analisada a reação do recetor ao receber os estímulos dos efeitos que os signos podem transmitir. Por fim, será realizada uma análise profunda à marca e ao seu logotipo, onde é referido o seu contexto histórico, os seus valores, objetivos e o ponto de vista da semiótica.

ZARA

O Grupo espanhol Inditex, Indústria de Diseño Textil, é o proprietário da marca Zara, sendo um dos principais distribuidores de vestuário do mundo. A Zara é uma marca fast fashion, inaugurada em 1975 por Amancio Ortega e Rosalía, tendo como principal objetivo a venda de peças de vestuários que no momento estejam em tendência no mundo da moda, através de uma logística que permite um nível reduzido de produção e uma acelerada distribuição, que se trata da rotatividade que favorece o consumo rápido. A marca trabalha com cinco linhas distintas de produto, apontando segmentar para o mercado de moda que atende. E são elas: mulheres, jovens, homens e crianças, além da linha mais recente, lançada em 2015, a ZARA HOME, que se foca essencialmente na linha de Decoração e Artigos para a casa.

Como já foi referido a Zara é uma das principais empresas de moda internacional e a Inditex é um dos maiores grupos de distribuição do mundo, tendo o grupo nove lojas com estilos e tendências distintos, tais como: Zara, Zara Kids, Pull & Bear, Massimo Dutti, Bershka, Stradivarius, Oysho, Zara Home e Uterqüe.

O que diferencia a Zara das restantes marcas do ramo em que está compreendida é oferecer uma moda com um design parecido com as roupas de marca de luxo a preços acessíveis, o que leva a que a marca seja conhecida internacionalmente por “popularizar a moda”. A Zara sustenta a imagem de uma marca que possui um alto capital cultural.

O público-alvo da Zara é bastante objetivo e com características especificas, como serem conscientes de moda e sofisticados. Muitos dos consumidores da marca são leais à mesma por causa dos seus benefícios, deixando de interpretar o consumo e tornam dele um hábito.

Na cabeça do consumidor, a Zara é única e a sua linha de produção agrada a todos das diversas classes sociais existentes, desde os mais bem colocados financeiramente aos menos afortunados. A maioria dos clientes olha para a marca como tendo um molde, um corte e um acabamento peças impecável. Além disso, os compradores veem as tendências do mundo das passarelas antecipadas nas lojas da Zara, o que fomenta a imaginação do consumidor com a visão de excelência, exclusividade, glamour e status dessa marca.

Devido à era digital em que vivemos atualmente e a forte influência dos influencers digitais, a Zara tem se popularizado bastante, pois estes contribuem para que as peças de roupa se tornem tendência de um dia para o outro, o que leva a que os seus produtos se tornem uma representação de capital cultural.

Ponto de vista da semiótica: Logotipo

O logotipo da Zara foi concebido para que o mesmo possa ser alterado quantas vezes o necessário de uma forma discreta para se conseguir adaptar a vários cenários de tela e material, especialmente em preto e branco, pois estas cores remetem à elegância e sofisticação como sugerem estudos psicológicos. A marca registada da empresa é uma inscrição preta sobre um fundo branco. Com isso, esta enfatiza a disponibilidade de tendências para todos. Enquanto o preto, remete para o sentido de idoneidade e respeito, o branco para a verdade e perfeição da marca. Para além disso, usando uma paleta contida, o fast fashion imita os gigantes da indústria da moda. O logotipo mesmo com diversas alterações sempre apresentou um design simples e elegante o que o torna facilmente reconhecido na mente do público. O mesmo contém apenas quatro letras compactas, volumosas e compreensíveis.

Entre 1975 a 1980, o primeiro logotipo da Zara era representado por uma etiqueta de papelão articulada para roupas, virada na diagonal. Para tornar o desenho realista, foi adicionado uma sombra escura. A etiqueta preta tinha a forma de um retângulo com dois cantos cortados. De um lado, existe uma corda passada por um orifício redondo e amarrada com um nó. O polígono continha uma inscrição branca sublinhada acima e abaixo por listas da mesma cor. Em uma linha estava o nome da marca e, na outra, a frase “TIENDAS DE MODA”. A fonte original em negrito com cantos arredondados foi usada para a palavra “ZARA”. O restante do texto foi escrito em negrito cursivo grotesco.

Em 1980 ocorreu a primeira alteração ao emblema da época que permaneceu até 2008. O mesmo continha uma inscrição clara que consiste no nome da empresa. Todas as letras eram maiúsculas, com pernas grossas: para “Z” no centro, para “A” à direita, para “R” tudo. A fonte era clássica, com pequenas serifas. A palavra estava localizada exatamente no centro, tanto horizontal quanto verticalmente. Os sinais extremos quase tocam a linha tênue que delineia o perímetro do retângulo.

Com trinta e três anos de existência, o logotipo da empresa ganhou uma nova visualização, que perdurou de 2008 a 2019. A mudança tinha como principal objetivo de modernizá-lo e torná-lo igualmente adequado para as mídia publicitárias, documentos impressos, etiquetas em roupas e etiquetas internas.

Embora a fonte permaneça a mesma, o tamanho das letras diminuiu e tornaram-se mais compactas. O espaço livre ao redor da inscrição ficou maior, o que visualmente torna a palavra ainda menor. Graças a esse movimento estilístico, todas as atenções foram voltadas apenas para o nome da marca.

A mais recente alteração do logotipo ocorreu em 2019 e mantem-se até os dias de hoje e modificou-se a grafia, o tamanho e a disposição das letras. Nesta nova versão, a fonte foi alongada e os caracteres encontram-se sobrepostos. Principalmente as pernas são conectadas (“AR”) ou cruzadas (“ZA” e “RA”). A letra “Z” tem um espessamento nas serifas, o que a diferencia das demais, abordando assim o fato da empresa de moda ser padronizada.

Ponto de vista da semiótica: Lojas Zara

A manutenção da identidade semiótica na mentalidade do público é essencial porque é capaz de transformar o produto e seus significados num signo singular. As marcas são reconhecidas através das imagens, produtos e outros pontos de contacto.

No caso da Zara, a sua imagem é reconhecida por vários meios, tais como: as mídias sociais, as campanhas publicitárias e seus pontos de venda, acarretando opiniões e julgamentos. A Zara espera ser caracterizada como um revendedor high-end, com preços acessíveis. As suas lojas emblemáticas são estrategicamente abertas em pontos de tráfego chave em vários lados do mundo, com altos custos imobiliários. A marca sustenta a imagem de que possui um alto capital cultural e é competitiva com as marcas de luxo atuais.

A Zara tem conseguido o que muitas empresas não acreditavam que a marca alcançasse, como o grande sucesso da empresa, ligado à fixação de sua marca para seus clientes, com praticamente nenhum investimento em anúncios e campanhas de marketing.

Por outro lado, a Zara utiliza a localização das suas lojas e exibe-as como fator estratégico para as suas ações de marketing. Ao optar por estar em locais de maior destaque das cidades, a marca garante um tráfego de clientes muito alto para suas lojas. Também as suas vitrines são pensadas ao pormenor, por apresentarem as peças mais desejadas da coleção, o que é uma poderosa ferramenta de comunicação projetada por uma equipe especializada.

A Zara não enfatiza a publicidade como parte de sua estratégia de marca. Já os seus concorrentes gastam muito com anúncios, que aumentam a sua imagem e criam uma identidade. Uma marca forte dá ao produto uma identidade, o que é muito importante na indústria da moda.

Referências bibliográficas:

https://logos-world.net/zara-logo/

https://logo-marque.com/zara-logo/

https://www.zara.com/pt/~

https://bdm.unb.br/bitstream/10483/6515/1/2013_IsabelaMariaSilvaLobo.pdf

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