“The Last Dance” — a mensagem por detrás do documentário

Mafalda Matias
Semiosis
Published in
6 min readDec 16, 2023
Chicago Bulls com os troféus das seis grandes vitórias. Fonte: Captura de ecrã MyFlixer (2023).

“The Last Dance” é uma série/documentário impactante que mostra a maior parte da vida de Michael Jordan, e como este se tornou a estrela que é hoje. Escolhi analisar este documentário, por haver um grande interesse da minha parte para falar sobre a mesma, sendo um desporto que me cativa imenso e foi um dos melhores se não o melhor atleta de basquetebol, querendo realçar a sua carreira.

De início, irei fazer uma breve descrição dos pontos mais importantes da série e do que esta se trata. Seguidamente, irei introduzir os meus conhecimentos de estudos da semiótica e correlacionar com a série, tendo como base a semiótica de Charles Sanders Peirce.

“The Last Dance”

“The Last Dance”, a série/documentário que melhor retrata a vida de Michael Jordan enquanto este jogava pelos Chicago Bulls, durante 13 anos. Foi estreada pela ESPN a 19 de abril de 2020, contando com 10 episódios. Fala de todo o percurso do jogador, mas também de alguns dos seus colegas de equipa mais impactantes, como Scottie Pippen e Dennis Rodman, além da equipa técnica e treinadores que também foram grandes personagens na carreira de Michael. Conta com mais de 10 entrevistas a várias pessoas que fizeram parte de alguma maneira na carreira do jogador.

Análise semiótica de Peirce

A análise dos interpretantes deve estar alicerçada na leitura cuidadosa tanto dos aspetos envolvidos no fundamento do signo como nos aspetos envolvidos nas relações do signo com seu objeto.

Tais cuidados são importantes para que não fiquemos presos nas armadilhas dos estereótipos.

Deste modo, de seguida irei proceder à interpretação visual das imagens que na minha opinião caracterizam os momentos mais importantes da série, assim como a mensagem que pretendem transmitir.

Análise semiótica “The Last Dance”

O primeiro episódio relata o crescimento como estrela de Michael Jordan, desde os dias da universidade juntamente com os seus primeiros dias na NBA. Mostram também a carreira que este conseguiu construir e o seu percurso nos Chicago Bulls, passando de um “rookie” para 5 inicial.

Começa por retratar o momento de incerteza que se vivia nos Chicago Bulls em 1997, pois era possível que se viesse a viver uma reconstrução na equipa técnica levando a um desagrado geral pela parte do plantel, pois tinham sido campeões consecutivos durante 5 anos, caminhando para o sexto, não havendo qualquer motivo para haver mudanças tão drásticas.

Seguidamente mostram as finais da NBA em 1991, ano em que acontece a primeira vitória dos Chicago Bulls, sendo também o primeiro ano de Michael Jordan na equipa, o que viria a ser um atleta prodígio.

Momento em que a equipa Chicago Bulls ganha pela primeira vez as finais da NBA. Fonte: Captura de ecrã MyFlixer (2023).

Esta foi a cena escolhida do primeiro episódio, pois mostra como começou a era da vitória dos Bulls e Michael Jordan.

Ao analisarmos esta cena, de acordo com a semiótica Peirceana, vemos que o ícone, que é o signo que se assemelha ao objeto que representa, é o Michael Jordan a agarrar o troféu, simbolizando a grandiosidade do mesmo como a vitória e de certa maneira que a sua equipa é a melhor e que ele fez parte desse percurso sendo também um dos melhores.

O interpretante, que é a ideia ou o conceito que a cena transmite para quem o percebe, que significa a primeira das seis vitórias consecutivas dos Chicago Bulls, marcado a sua dinastia.

E o símbolo, que o signo cuja relação com o objeto é convencional ou culturalmente estabelecida com o seu significado, que é reflexo do troféu o que estava a acontecer ao redor do atleta, mostrando tanto atletas como fotógrafos todos focados nele, sendo considerado o MVP.

O quinto episódio é em homenagem a Kobe Bryant, uma das maiores personagens basquetebolistas. Aborda a marca “Air Jordan”, um dos anúncios mais conhecidos de Michael Jordan, “Be Like Mike”, as finais da NBA em 1992 e abordam também a equipa olímpica de sonho de basquetebol americano. Michael acaba por se tornar no maior ícone cultural e desportista da época e até aos dias de hoje continua extremamente famoso.

Começa a 8 de fevereiro 1998, o que seria a última vez que Michael Jordan jogaria um jogo “All-Star”, sendo possivelmente também o último ano da sua carreira, pela tensão que acontecia na equipa técnica, pois Michael disse que se o treinador saísse, ele também abandonava a equipa.

Em seguida, a 8 de março do mesmo ano mostram a última vez que este poderá jogar pelos Chicago Bulls, no Madison Square Garden, sendo o estádio favorito do atleta, tendo este jogo muito impacto.

Michael Jordan e Kobe Bryant a cumprimentarem-se. Fonte: Captura de ecrã MyFlixer (2023).

Esta foi a cena escolhida, pois observamos Michael Jordan a cumprimentar Kobe Bryant nos corredores dos balneários rodeados de pessoas.

Ao analisarmos esta cena de acordo com a semiótica Peirceana, vemos que o ícone é, o Michael Jordan e o Kobe Bryant a cumprimentarem-se, sendo o foco da cena, sendo duas das maiores estrelas do basquetebol, representado o sucesso e fama destes.

O interpretante é a amizade que estes dois tinham quando na realidade eram vistos como rivais, algo que o público não via/sabia de fora, pois este momento foi captado nos tuneis dos balneários.

O símbolo da cena é ter sido uma cena captada de duas das maiores estrelas da NBA, prevendo já a grandiosidade de ambos, quando só Michael Jordan estava no auge da carreira e também uma homenagem a Kobe Bryant.

O décimo e último episódio é conhecido pelo público como “The Last Dance”, pois seriam das últimas vezes que a equipa maravilha saía em campo, e o sexto campeonato, acabando assim a grande dinastia.

Mostram vários excertos dos jogadores, equipa técnica e família dos jogares a falarem sobre esses jogos tão marcantes.

Momentos no balneário antes do jogo 1 nas finais da NBA contra os Utah Jazz. Fonte: Captura de ecrã MyFlixer (2023).

Esta foi a cena escolhida, pois o momento no balneário antes dos jogos com a equipa e os treinadores é sempre o mais importante e não é muito reconhecido ao longo da série, onde observamos Phil Jackson, treinador dos Chicago Bulls, a falar com os jogadores, antes do primeiro jogo das finais da NBA contra os Utah Jazz.

Ao analisarmos esta cena, de acordo com a semiótica Peirceana, vemos que o ícone, é o momento antes do jogo 1, no balneário, um dos primeiros jogos decisivos para a vitória dos Bulls.

O interpretante é, o momento de tensão que se vive antes dos jogos, que é um dos momentos mais importantes tanto da equipa como da equipa técnica.

O símbolo, é o início daquilo que seria o fim de uma dinastia de vitórias em seis anos consecutivos.

Resultado do jogo 1 contra os Utah Jazz para as finais da NBA. Fonte: Captura de ecrã MyFlixer (2023).
Michael Jordan a festejar a sua sexta vitória consecutiva pelo Chicago Bulls. Fonte: Captura de ecrã MyFlixer (2023).

Considerações finais

Posso concluir que todo o documentário passa uma mensagem de conquista e espírito de equipa, no fundo aquilo que é o desporto.

Conseguindo transmitir tudo aquilo que o público não vê através de imagens e clipes bem pensados e sucessivamente captados de modo que os visualizadores consigam perceber e sentir as emoções vividas pelos atletas.

Bibliografia

Powerpoint colocado na tutoria da autoria da docente

A série “The Last Dance”

--

--