Onde vive a criatividade

Eventualmente usamos diversas expressões para definir de onde vêm nossas ideias: um insight, uma epifania ou uma luz… Porém, o processo de gerar ideias é bem mais complexo que suas metáforas.

Cris Fernandez
CWI Software
2 min readAug 20, 2020

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A criatividade não é apenas “think outside the box”, é também um processo. A descrição do sentido, feita por Arthur Koestler, identifica a criatividade como:

“Creative activity could be described as a type of learning process where teacher and pupil are located in the same individual.”

O autor ainda complementa: — “no pensamento comum, a pessoa segue rotineiramente em um mesmo plano de experiências, enquanto, no criador, pensa simultaneamente em mais de um sistema de referências”. Este conceito é denominado biassociação e potencialmente confirma o fato de que o pensamento criativo é responsável por toda a estrutura que sustenta a sociedade.

Falar de criatividade é entender que o pensamento divergente só é eficaz quando aliado a outras habilidades: flexibilidade, originalidade e fluência. Tais habilidades podem ser desenvolvidas ao longo da vida, por isso, a criatividade não é uma questão de talento. Pesquisas desenvolvidas pelo Instituto de Pesquisa de Budapeste, apontam o ato de criar como o produto da comunicação entre as diversas áreas do cérebro. A ampliação destas comunicações faz com que algumas pessoas sejam mais criativas do que as outras, levando informações com mais facilidade a mente consciente, evitando assim bloqueios criativos.

Passagem do livro O Pequeno Príncipe: chapéu ou jibóia? O olhar puramente racional não permite interpretações criativas.

A única forma de ampliar a comunicação entre as diversas áreas do cérebro são os estímulos. Estimular a mente é sair da zona de conforto, para compor novas ideias é necessário alimentar as diversas partes do cérebro. Muitas metodologias, algumas compostas por etapas, podem estimular isso. O psicólogo Graham Wallas fragmentou o processo criativo em 4 etapas: preparação, incubação, iluminação e verificação. Esta teoria ganhou o nome de a Arte do Pensamento e foi concebida em meados de 1926.

Há também um outro modelo de estímulo a novas ideias difundido pela mundialmente reconhecida pelo ensino e pesquisa de design, Escola de Ulm. O Modelo de Ulm consiste em 5 etapas: reflexão, análise, síntese, fundamentação e seleção das alternativas. Atualmente, grande parte das ferramentas para potencializar a criatividade têm como princípio Wallas ou Ulm e são essenciais para inovação e produtividade. Sessões de design thinking, construção de mind maps, brainstormings e storytelling são metodologias e técnicas que reforçam chegada às grandes ideias.

O pesquisador Kevin Dubar, quando tentou entender como cientistas eram capazes de chegar a boas conclusões na área, deparou-se com uma ideia tranquilizadora. Ao imaginar o clichê do cientista sozinho no laboratório, surpreendeu-se quando soube de onde vinham as ideias mais importantes. Mesmo estando em um dos principais e mais avançados laboratórios de biologia molecular, o método mais produtivo para geração de boas ideias ainda continuava a ser um círculo de colegas sentados em volta de uma mesa, discutindo questões de trabalho.

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