Reflexões sobre o UXConf 2018

A UXConfBr é uma conferência com foco em UX Design que acontece todos os anos em Porto Alegre e reúne profissionais da área para troca de experiências através de palestras rápidas, como um TED.

Jefferson da Silva
CWI Software
5 min readJun 29, 2018

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UXConfBR 2018

Participo do evento desde a primeira edição, e a evolução do mesmo é facilmente percebida por várias pessoas com quem tive contato. Os conteúdos vem melhorando, assim como a organização e experiência proporcionada a quem comparece.

Este ano não foi diferente, palestras e discussões mais interessantes, dando ênfase a importância do design na sociedade. Além de falarem de novas tecnologias como chatbots, inteligência artificial e realidade aumentada, alguns temas me fizeram lembrar de alguns professores da faculdade, que sempre nos apresentaram o design como uma disciplina que pode e deve ser social, que deve pensar na educação, na inclusão, representatividade e acessibilidade.

Algumas palestras ficam dentro do que lemos diariamente, sobre como engajar uma equipe de designers, técnicas para colher melhor os dados de entrevistas e criar personas, métodos e exemplos para melhorar as conversões dos apps, estratégias para mensuração ou não limitar a criatividade por conta de devices; e até mesmo a relação da experiência do usuário com a psicologia.

Mas tem outros palestrantes que nos fazem ficar com aquela pulga atrás da orelha, e ter vontade de sair do evento e discutir com os amigos e colegas sobre o que foi falado. E são essas palestras que quero destacar. Consegui separar algumas delas em clusters para falar mais abertamente sobre os assuntos.

Representatividade

Um assunto que é recorrente na UXConf, mas ainda é difícil de perceber no mercado é a representatividade. Matheus Lamoço falou sobre como sofre a comunidade LGBT, como os produtos centrados nos usuários ainda deixam de lado as minorias e como isso afeta o empoderamento e a marginalização desse público. Além disso, o empoderamento feminino também tem seu espaço no evento, e as palestrantes Caroline Guilherme e Desirée Sant’ana mostraram um pouco da dificuldade que as mulheres enfrentam no mercado, e que somente a empatia pode melhorar esse cenário e deixar os ambientes mais confortáveis para todos trabalharem.

UX nas empresas

No evento deste ano falou-se bastante sobre a maturidade de UX dentro e fora das empresas. Já havia conversado com alguns colegas sobre o assunto, mas é perceptível o crescimento da comunidade de UX e de empresas que cada vez apostam mais nas equipes preocupadas com a experiência dos seus clientes. Bruna Silva e Edu Agni falaram sobre como compartilhar conhecimento e ensinar as pessoas sobre a importância da UX, ajudam no objetivo de alcançar uma maior maturidade dentro das empresas. E essa maturidade é uma maneira de economizar tempo e dinheiro, pensando os problemas dentro de equipes multidisciplinares, antes de sair projetando, alavancando o crescimento da própria empresa.

Parte dos UX Designers da CWI

Além disso, Adriane Tavares Quintas e Vanessa Marques, dissertaram sobre a importância da cocriação, e como esse método pode escalar a cultura de design dentro da empresa, além de compartilhar o conhecimento, como dito anteriormente. Outra palestra interessante foi da Letícia Pires, que fala sobre o processo de Design Critique, que envolve designers em encontros para entenderem e criticarem os trabalhos de outros colegas que ainda estejam em andamento, promovendo assim a cocriação e a autocrítica.

Presente e Futuro

Palestras descontraídas como a da Tamy Lemos, nos fazem sobre como nos preocupamos muito em não errar, mas que o aprendizado nessas situações é muito importante para nosso crescimento. Nos fazem também refletir sobre como a tecnologia é muito presente em nossas vidas, mas muitas vezes não foi pensada para diversos usuários.

Usuários estes, que já nasceram inseridos no contexto da tecnologia, como é o caso dos nativos digitais, que cada vez têm mais dificuldades de concentração nas aulas. Nosso método de ensino traz diversos conceito criados a várias décadas, que não comportam mais a velocidade de informações que a internet traz. A tecnologia por si só não pode ser considerada uma inovação no ensino, mas pode sim ser uma ferramenta que pode ajudar na comunicação com os alunos.

Falando em comunicação Lucia Spier falou sobre como o design deve ser invisível e a dificuldade de pensar nas interfaces de voz, cada vez mais presentes em nossas vidas, junto com chatbots e outras interfaces de comunicação que ainda tem dificuldades quando o assunto é acessibilidade.

Acessibilidade

Combinando os assuntos tecnologia e acessibilidade, Caio Calado fez uma palestra falando sobre as dificuldades de usuários cegos em interfaces de conversa como os chatbots. Apesar dos sistemas operacionais dos smartphones darem suporte, as ferramentas de conversa ainda pecam e muito em facilitar a vida de quem tem problemas de visão. Juan Martin também falou da importância de fazer um produto acessível, e que este melhora a experiência de todos os usuários e não somente aqueles que têm limitações.

Empatia

Por último mas não menos importante, o termo mais utilizado por designers, mas que não deve ficar somente na palavra empatia. Thiago Hassu, trouxe uma experiência incrível e que foi aplaudida de pé por grande parte do público.

O projeto consistia em um app para ajudar índios do Xingú a entenderem melhor as mudanças climáticas, mais sobre o neste post.

Thiago nos fez refletir sobre como o preconceito existente em cada um de nós, nos bloqueia na hora de entender o usuário. E que para fazer valer o termo empatia, ele viveu durante uma semana com o seu público-alvo, entendendo como a comunidade indígena vivia e como ele poderia melhorar o dia-a-dia daquelas pessoas. Me fez refletir sobre como meus projetos deveriam ajudar mais as pessoas, não só em questões comerciais, mas também sociais.

Um evento como o UX Conf, nos faz pensar como uma experiência que ajudamos a construir em um produto, pode mudar a vida de outra pessoa, e que temos uma grande responsabilidade em nossa profissão. Só tenho a agradecer a equipe do evento pela organização, e ao meu grande amigo Diego Schmitt pelo convite para participar do 1º UX Conf BR.

Meu ingresso para a edição 2019 já está garantido.

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Jefferson da Silva
CWI Software

UX/UI Designer na CWI - skatista e gamer nas horas vagas