Pokémon se populariza entre público adulto
Após sofrer reformulação em sua estratégia, o Jogo de Cartas Colecionáveis ou Trading Card Games (TCG) Pokémon conquistou o público adulto. Conforme Rafael Dei Svaldi, um dos proprietários da Jambô, cerca de 80% do público que participa de torneios oficiais são adultos. Hoje, o Brasil é considerado pela Copag, fabricante nacional do jogo, o segundo país com maior delegação do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos.
A Jambô promove torneios semanais, mensais, anuais e também oficiais, sendo que estes atraem jogadores de outras cidades e até outros estados. “O público adulto do Pokémon não compra tanto quanto as crianças, mas se envolve muito mais”, afirmou Svaldi. O público infantil não representa nem 20% dos jogadores que participam dos encontros.
O Pokémon foi lançado para o público infantil, porém em meados de 2005 ele se tornou mais complexo e mais atrativo, como explica o dono da loja.
“O objetivo do Pokémon era servir como porta de entrada para outros TCG. As crianças cresciam, paravam de jogar Pokémon e começavam a jogar Magic. Porém quando a Nintendo recuperou o Pokémon percebeu que poderia ganhar mais dinheiro se mantivesse o público, então modificou a matemática do jogo, tornando-o mais adulto”.
Paralelo a isso, para ele, o que influencia muito no gosto dos adultos pelo jogo é a nostalgia.
“As crianças cresceram, tiveram filhos, começaram a trazer os seus filhos para Pokémon, e jogar com eles, transformando isso em um jogo de pai para filho”, teoriza.
Quem são esses adultos, por que jogam e quanto gastam?
Arthur Pilla e Juliane Dolvitsch
Idade: 28 e 27 anos, respectivamente
Profissão: Ambos Engenheiros Civis
Tempo de jogo: 3 anos
Número de cartas: Aproximadamente 3 mil
Gastos totais com o jogo: Aproximadamente 5 mil reais
Por que jogam:
“O que me chamou atenção foram as cartas, porque são muito bonitas, já para o Arthur foi a nostalgia. E agora se tornou um hobbie”, declara Juliane.
“Quando tinha 15 anos eu jogava. E em 2012 nós estávamos arrumando o roupeiro e eu achei minhas cartas e deu vontade de voltar a jogar. Então começamos a jogar e colecionar juntos. Eu gosto de jogar porque não enjoa, sempre se renova, pois a cada ano cai um bloco de coleções para dar lugar a cartas novas”, explica Arthur.
Rafael Bittencourt
Idade: 28 anos
Profissão: Empresário
Tempo de jogo: 15 anos
Número de cartas: Aproximadamente 30 mil cartas
Gastos totais com o jogo: Aproximadamente 10 mil reais
Por que joga?
“Não consigo parar porque me pego pensando em estratégias de jogo… Esse jogo é muito parecido com jogo de xadrez. Eu jogava xadrez e substitui pelo Pokémon. Eu já tentei parar mas não consigo. Hoje não tenho tempo, então fico só trocando e colecionando.”
William Azevedo
Idade: 26 anos
Profissão: Gestor de Comunicação
Tempo de jogo: 15 anos
Número de cartas: Aproximadamente 10 mil cartas
Gastos totais com o jogo: Não consegue estimar, pois já viajou muito para jogar e vendeu muitas cartas, algumas vezes pagando os gastos com o próprio jogo.
Por que joga?
“Jogo Pokémon porque é muito bom. Traz boas memórias e, eu gosto de colecionar as cartas. Já joguei o nacional três vezes, e já terminei o “suiço” em segundo lugar. Sempre fiquei entre os 15 primeiros.”
Bruno Guedes
Idade: 25 anos
Profissão: Engenheiro de Computação
Tempo de jogo: 1 ano
Número de cartas: Aproximadamente 2 mil cartas
Gastos totais com o jogo: Entre 2 a 3 mil reais
Por que joga?
“O que mais me chama atenção no Pokémon é a estratégia e a competição. Tu tens que ter um pouco de sorte, e um bom deck, mas só isso não ganha. Tu tens que saber tomar boas decisões. É um jogo bem exato. Eu venho na Jambô toda semana há dois meses. Aqui eu conheci outras pessoas e também trouxe amigos. As pessoas te envolvem. Se não tivesse os amigos, não seria a mesma coisa. É como se fosse o futebol da semana.”
Pokémon no Brasil e no mundo
Atualmente existem milhares de páginas e comunidades virtuais com o tema do jogo. A página mais popular em âmbito mundial, chega a mais de 5 milhões de curtidas e a brasileira passa de 34 mil.
O Brasil foi campeão mundial de Pokémon TCG em 2011, na categoria Júnior, com o Gustavo Wada, aos 10 anos de idade.
O país sul-americano é considerado pela Copag o segundo com maior delegação do mundo.
O mercado de Pokémon movimenta um nível considerável de renda, considerando que além de vendas oficiais, da fabricante para os jogadores, estes compram e vendem as cartas entre si, e gastam com viagens e encontros. Nos campeonatos mundiais, são oferecidas premiações em bolsas de estudos para os vencedores. Este ano serão distribuídos mais de R$500.000,00.
O que são Trading Card Games? Quando surgiram?
Trading Card Games (Jogos de Cartas Colecionáveis), são jogos de estratégia em que os participantes precisam criar baralhos personalizados estrategicamente de acordo com o seu objetivo.
De acordo com estudos acadêmicos, o primeiro Card Game fabricado no conceito moderno foi o Magic, mas em 2013 o Guiness World Records classificou o Yu-Gi-Oh como o mais vendido do mundo, com 25,1 milhões de cartas vendidas.
Márcio Ávila, 33 anos, gerente de uma filial da Jambô, joga Magic desde 1994, começou a jogar Pokémon em 2014 e já jogou Yu-Gi-Oh. Para ele a grande diferença entre Magic e Pokémon é o nivel intelectual, pois o primeiro foi projetado para adultos e o segundo para crianças. Apesar da mudança no jogo, o Pokémon ainda é infantilizado. “Não há competição entre os jogadores de Pokémon e Magic. Inclusive quem joga Pokémon pode jogar Magic ou vice-versa, porém existe rixa entre Magic e Yu-Gi-Oh, pois os jogos são mais parecidos”, explica.