Com o apoio do público e três discos lançados, Picanha de Chernobill agita as ruas paulistanas

Luca Machado
Da Massa
Published in
3 min readNov 14, 2018
Matheus (esq.), Chico (dir.) e Leonardo (centro) tocam semanalmente na Paulista. (Foto: Facebook/Picanha de Chernobill)

Por Luca Machado e Pedro Kosa

Após diversos testes em 2015, o ex-prefeito da cidade de São Paulo, Fernando Haddad, autorizou o fechamento semanal da Avenida Paulista para veículos motorizados, expandindo as ciclovias e liberando a circulação de pessoas por todo perímetro da via. Com a manutenção do decreto na gestão de João Dória/Bruno Covas, houve um aumento no número de vendedores ambulantes, usuários da ciclovia e músicos de rua. Agora, aos domingos, reúnem dezenas de pessoas que buscam uma boa música para relaxar e curtir o passeio na Paulista.

A banda Picanha de Chernobill, oriunda do Rio Grande do Sul, vem estabelecendo um público constante e fiel, agitando as tardes paulistanas. Após uma turnê realizada com a Banda dos Vespas, na qual percorreram cerca de 12 cidades, o conjunto se mudou para São Paulo, na esperança de aumentar a divulgação de sua música. “A gente viu que aqui é bem parecido com lá, só que aqui é maior. Tem mais opções e viemos morar aqui. E de lá para cá, estamos tocando pelas ruas, fizemos mais de 500 shows, aqui na Paulista, no Centro, já tocamos em vários lugares.”, conta Chico, guitarrista da banda gaúcha. Além disso, após anos de estrada, turnês e três discos lançados, o trio realizou uma turnê na Europa no final de 2017, tocando nos bares de três países.

(Foto: Facebook/Picanha de Chernobill)

Desde 2015 presentes na Paulista, a banda utiliza seus shows na Avenida como modo de divulgação e incentivo da cultura brasileira. “A rua é democrática. Então, tem bandas de todos os tipos, desde iniciantes à galera que toca há bastante tempo. A rua é uma baita vitrine, ainda mais se você tem competência e qualidade, acaba abrindo muitas portas”, continua o membro da banda.

Ao se deslocarem para a capital paulista, o grupo iniciou o projeto Picanha na Rua, no qual a banda faz apresentações gratuitas em diversos locais de São Paulo. Além do mais, em “O Conto, a Selva e o Fim”, lançado em 2016 e o último disco lançado pelo conjunto, os integrantes contaram com um projeto de financiamento coletivo, que consiste na contribuição do público em troca do recebimento de brindes, de acordo com o valor de apoio. Após alguns meses de campanha, a banda atingiu 10% a mais do que a meta estipulada e concretizou o lançamento de seu terceiro disco de estúdio.

Depois de mais de 500 shows pelas ruas de São Paulo, segundo Chico, as bandas de rua deveriam manter sua luta por melhores condições à arte e música brasileiras, além de buscarem por uma sociedade melhor e mais igualitária. “Seguir em frente e tratar bem as pessoas, de forma igual, independentemente se é morador de rua ou um engravatado. Até porque você acaba fazendo muitos amigos moradores de rua, que tão sempre ali curtindo o som, ajudando. E é isso, a gente só vai ser feliz de verdade quando vivermos em um mundo mais justo, mais igual, sem tanta pobreza e desigualdade”

--

--

Luca Machado
Da Massa

“Entre milhões de views e milhões de ninguém viu”/Jornalista, 24/Twitter: @lucamachado98