Comparações das séries A e B do Campeonato Brasileiro

Gabriel Gonçalves
Dados e Jornalismo
Published in
5 min readOct 9, 2017

Por Bethânia Quiareli e Gabriel Gonçalves

Fernanda Azevedo, torcedora do Flamengo, que comparece a todos os jogos do time. Ela não se importa com a questão dos valores, nem da tabela, apenas quer estar perto do seu time de coração. Acompanhamos ela no primeiro jogo da final da Copa do Brasil, a preparação pré-jogo e até o final da partida. Vimos a ansiedade e preocupação com o resultado. Momento algum se importou em pagar o preço abusivo do ingresso de R$ 120,00 mesmo sendo sócia torcedora, ela queria apenas estar no estádio apoiando o time de perto. Fora o valor do ingresso, ela ainda pagou a passagem de ida e volta, valor estimado de R$15,00, mais o que consumiu durante a partida, com cerveja e biscoito, ficando em torno de R$50,00, ou seja, gastou em apenas um jogo R$185,00 não esquecendo que esse valor seria bem maior caso não tivesse o benefício do Sócio Torcedor. Fernanda ainda compra camisa oficial todo início de temporada, essa é uma das maneiras de ajudar o time, lembrando que cada unidade é R$250,00. Em dia de jogo durante a semana, Fernanda sai de casa às 6:30h para o trabalho voltando apenas às 1:00h, pois sai do trabalho direto para o estádio. Podemos concluir que para poder ir ao estádio acompanhar seu time, você teria que separar em torno de R$200,00 na sua renda em apenas UM jogo, caso não leve ninguém.
Por conta desse abuso podemos perceber que os estádios estão cada vez mais vazios, pois com a fase econômica do Brasil, esses valores ficam inviáveis para os torcedores, como Luiz, trabalhador de renda baixa, que ama o futebol, porém não consegue ir aos jogos do seu time como Fernanda. Conversando com ele, percebemos que toda sua renda já tem o destino certo, sustentar sua família “Adoraria ir aos jogos do mengão, porém com a crise que passamos e o alto valor dos ingressos é inviável ir no estádio. Antes da reforma e desses valores, eu ia com frequência no antigo Maracanã, pois o ingresso era no valor justo para todo tipo de classe social”.
Analisamos três gráficos sobre média de público, valores dos ingressos e a comparação de públicos na série A e B do Campeonato Brasileiro. No primeiro gráfico pegamos os quatros primeiros clubes da série B em público do campeonato brasileiro de 2017 Ao analisar as médias chegamos à conclusão de que o primeiro colocado em maior público da série B (Ceará), chega próximo do quinto colocado da série A (Flamengo). Juntando as duas séries, A e B, o maior público do campeonato é o São Paulo, série A, com 56.052 e o menor é o CRB, série B, com 15.636. No segundo gráfico analisamos os valores dos ingressos da série A e B. o bilhete mais caro é o do Flamengo (R$ 57,99), que está na elite do futebol brasileiro, mesmo com o ingresso mais caro, não possui a maior renda, que fica com o Corinthians (R$ 25.810.810,00). Na série B, o Internacional possui o bilhete mais caro com R$ 21,00 e também a maior renda No último gráfico, analisamos os times que passaram pelas duas séries A e B, a média de público quando estavam na elite do futebol é superior ao da série B, como exemplo o Internacional que no ano de 2016 estava lutando para não cair e tinha o público com média de 25.421, já neste ano disputando a série B possui a média de 20.536 e está em primeiro lugar do campeonato até o momento. O Bahia que estava no ano passado disputando a série B tinha uma média de 17.200 e ao subir aumentou para 19.308, mesmo estando no meio da tabela.

Gráfico sobre os ingressos dos tempos da série A e B

Luiz Fernando, jornalista do jornal ”Lance!”, sobre os gráficos referente aos números dos clubes da série A e B do Campeonato Brasileiro, ao ser perguntado sobre a diferença da média de público entre os times, ele ressaltou a naturalidade entre uma série e outra

“Geralmente a média dos clubes da segunda divisão é um pouco inferior aos times da série A. Vejo com naturalidade esse tipo de média, apesar de estarmos longe de números satisfatórios”.

Luiz também nos contou que os horários das partidas e os valores dos ingressos influenciam bastante na média de público e falou o que poderia fazer para melhorar essa média

“Os horários e principalmente o nosso calendário, precisam ser revistos. Sem dúvidas, são dois fatores que influenciam e muito na média de público nos estádios. Os valores podem melhorar. O país não atravessa um momento econômico bom e com o “legado” da Copa de 2014, os preços dos ingressos ficaram ainda mais caros. A série B ainda consegue ter um preço mais em conta, mas é necessário trazer o “povo” de volta ao estádio de forma mais contundente”.

Como alternativa para melhorar o público, o jornalista lembrou sobre a importância do programa sócio torcedor “O sócio torcedor é a melhor alternativa em todos os quesitos, porém, é necessário ter um plano popular, já que o programa de sócio tem que alcançar todas as camadas sociais da torcida.” A vantagem de ter o plano de sócio torcedor é obter descontos em ingressos e produtos do time, poder comprar antecipado e não precisa trocar ingresso ou ir até o ponto físico para adquiri-lo, basta apenas ativar seu cartão-ingresso sem nenhuma dificuldade.
No ranking atual de sócio torcedores, podemos ver o Palmeiras sendo líder isolado, em seguida temos Grêmio, São Paulo, Internacional e Corinthians. Lembrando que o Internacional, ao cair para a segunda divisão teve uma grande queda em relação aos seus torcedores. Mesmo Palmeiras sendo o líder do ranking, o Corinthians que possui a maior média de público no campeonato.
Com base da entrevista com Luiz Fernando, dos dados apresentados nos gráficos e do perfil de Luiz e Fernanda, concluímos que para termos uma média de público bom nos estádios, com crianças e jovens, ainda temos muito que evoluir. E vimos que mesmo com todas dificuldades, tanto com horários e valores dos ingressos, sabemos que existe ainda torcedores que não abandonam os estádios para poder estarem perto de seus times. Infelizmente para mudarmos isso não depende somente dos torcedores e dos clubes, tem toda uma burocracia implantada pela CBF, que é a organizadora dos campeonatos no Brasil.

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