Mulheres no Mercado de Trabalho

Mayara Ramada
Dados e Jornalismo
2 min readApr 24, 2019

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Por Amanda Rocha e Mayara Ramada

A mais nova entre nove irmãos de uma família de agricultores, a diretora da Affitti, empresa especializada em locação de materiais para eventos em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, a empresária Zeli Dambros conta que apesar da sua experiência no mercado de trabalho e de todas as suas qualificações, ela nunca conseguia chegar ao cargo de direção.

“Não importava o que eu fizesse, houve três oportunidades de promoção, e sempre traziam um homem para a vaga de direção”, conta. A empresária ainda acrescenta que: “Nas empresas que visito, vejo muitas mulheres gerentes, mas poucas diretoras. Hoje 51% das micro e pequenas empresas de Caxias do Sul são lideradas por mulheres. Fico pensando se não é porque as mulheres não são reconhecidas para cargos de direção e acabam saindo para se tornarem donas da própria empresa”.

Zeli Dambros, diretora da empresa Affitti.

“Não importava o que eu fizesse, sempre traziam um homem para a vaga de direção. “

A trajetória de Zeli, contada pelo Brasil em Folhas , chamou a nossa atenção por ser exceção na sociedade brasileira. Apesar das mulheres serem maioria nas escolas e universidades, como será mostrado a seguir, elas ainda representam um pequeno percentual nos cargos de chefia.

Realidade do Mercado

Em 2018, a taxa de mulheres economicamente ativa correspondia à 42% da PEA. População Economicamente Ativa (PEA) é um conceito utilizado para designar a população que está inserida no mercado de trabalho ou que está procurando se inserir nele para exercer algum tipo de atividade remunerada.

No mesmo ano, um estudo feito pelo IBGE constatou que das 79 milhões de pessoas inseridas nesse conceito, a participação efetiva das mulheres no mercado de trabalho era de apenas 45,2%, enquanto que a dos homens, 60,1%. Com uma diferença de 14,9 pontos percentuais, em termos teóricos é difícil entender o porquê daquelas que compõem quase que metade dos trabalhadores no país ainda representarem um percentual tão baixo na atuação mercadológica.

Além disso, estudos apontam que o nível de escolaridade e capacitação das mulheres, embora seja superior ao dos homens, não se traduz na entrada delas em setores mais especializados nem em maiores rendimentos salariais. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 2014, mulheres com 12 anos de estudo ou mais vêm recebendo por hora cerca de R$ 22,31 enquanto que os homens, R$ 33,75.

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