PROUNI: SOLUÇÃO PALIATIVA NECESSÁRIA OU PROJETO FIXO?

Sabrina da Conceição
3 min readOct 9, 2018

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A educação é um dos maiores problemas do Brasil. Muitos jovens não têm condições financeiras de frequentar uma instituição de ensino superior, isso por conta do sistema de ensino médio e fundamental. Com isso, de eleição em eleição, o tema educação sempre se torna pauta. Pensando nisso, soluções paliativas foram criadas para acoplar esses jovens no mundo superior. O PROUNI é um sistema de ingresso nas faculdades particulares de todo o Brasil. O sistema foi criado em 2005, no governo do Luís Inácio Lula da Silva. Muitos jovens usufruíram e ainda usufruem do sistema educacional, sendo, talvez a única possibilidade de cursar uma graduação. O programa tem como o objetivo de oferecer bolsas de ensino superior gratuito em instituições particulares para alunos com renda per capita (por pessoa) familiar de até três salários mínimos e que tenham estudado na rede pública ou foram bolsistas na rede particular. Renata Macedo é uma das alunas. Nascida no bairro Fazenda Botafogo, zona norte do Rio de Janeiro, Renata estudou em instituição de ensino público no Ensino Médio. No Fundamental, contava com a ajuda de sua avó, Valdenice, para pagar pelo colégio de médio porte, situado em seu próprio bairro, porque a educação inicial, é fundamental na construção de educação posterior.

Com o PROUNI, o sonho da graduação se fez presente. “Essa é uma das mais valiosas oportunidades da minha vida. Será o primeiro diploma de graduação na minha casa. A minha mãe é nordestina, veio da roça e foi alfabetizada em uma casa de farinha. O meu pai também veio de origem humilde e não tinha recursos financeiros para investir nos estudos. Eles sempre me falam que se tivessem mais oportunidades antigamente, talvez as coisas pudessem ser diferentes. Então, eles me apoiam a investir em programas que hoje são muito mais incentivados do que na geração deles. Eles entendiam que para eu conseguir alguma coisa a mais, que eu teria que estudar. E eles seguraram a “peteca” nesse momento de realização de um sonho. E meu sonho sempre foi trabalhar em uma emissora de TV, apesar de muitas vezes ouvir que eu sonhava alto demais, eu consegui chegar aqui (na FOX). Consegui me aperfeiçoar não só pelo PROUNI, mas também pelo PRONATEC que foi com ele que eu fiz um curso de edição de vídeo e tirei meu primeiro registro profissional. Assim, como Renata, outros jovens são os primeiros de uma família a ingressarem na Universidade, como Beatriz, Vanessa e Bruna; história essa contada por Elton Lyrio, da Gazeta online:

https://www.gazetaonline.com.br/noticias/cidades/2015/06/eles-sao-os-primeiros-da-familia-com-diploma-1013899869.html

Os programas sociais para a educação são divisores de água para muitos jovens que vem da periferia. Eles são transformadores para a geração de oportunidades e de renda. Mas não só isso, eles são transformadores para você poder atingir o seu sonho profissional, trabalhando naquilo que ama e não só por dinheiro.

Conforme os dados do MEC, a maioria dos estudantes que usufruem do sistema de bolsas do do governo reside no Sudeste. Em 2015, houve aumento de 11% no número de bolsas ofertadas, quando comparado ao primeiro semestre do ano anterior. Ao todo, foram disponibilizadas 213.113 bolsas, das quais 135.616 integrais e 77.497 parciais. Quase metade das vagas, 58%

Delas, foram para a região Sudeste. Em 2014, foram ofertadas 191.625 bolsas.

Assim como Renata, carioca, mulher, nascida na periferia de uma das maiores cidades do país, muitas outras aproveitam a oportunidade imperdível e ocupam mais da metade das vagas da Região Sudeste.

Ano de eleição. Muitas mudanças estão por vir. Conflitos no cenário eleitoral, oposição, ódio, discórdia. O Brasil vive uma das piores crises no setor eleitoral dos últimos anos. A dúvida paira no ar: os programas implantados pelo Ministério da Educação vão continuar em vigor, caso um outro presidente seja eleito? Esses estudantes que tem a oportunidade de ingresso na universidade somente dessa maneira continuarão com tal privilégio? Essa questão só se será sabida a partir do dia primeiro de janeiro de 2019. Mas, claro, torce-se para que tudo continue da mesma forma ou que melhoria sejam feitas nessas soluções paliativas necessárias.

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