NBB: transmissões avançam mas o público estagna

Leonardo Bessa Simões
Dados e Jornalismo

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A Liga Nacional de Basquete cumpriu uma das suas promessas ao longo das 11 edições anteriores do Novo Basquete Brasil, que é um progresso percentual do número de jogos transmitidos. Anteriormente, com apenas uma emissão detentora de direitos autorais, um LNB tinha uma média de 50% dos jogos transmitidos até o NBB 10. Como duas edições anteriores crescentes 25% a cada temporada e, assim, uma edição 2019/2020 teve 100% dos seus jogos transmitidos até o cancelamento por conta de pandemia por covid-19.

Mas há um bom ponto a ser analisado sobre isso. Houve um grande investimento em comunicação da entidade para esses resultados alcançados e isso é bom. Mas em contrapartida, os trabalhos realizados pelo marketing da Liga parecem ser públicos, tendo em vista os pequenos públicos em diversos jogos, inclusive projetos com fiéis torcedores. Tiramos com base alguns públicos do Flamengo, atual e maior campeão da NBB, atuando para 287 pessoas contra outro projeto grande, como mostra uma foto abaixo:

Flamengo joga com arquibancadas provisórias contra o Botafogo (Foto: Fábio Balassiano / UOL)

E os clubes não têm parcela de culpa nisso? Sim, eles têm uma parcela maior de culpa. Na verdade, o grande erro de muitos projetos é o setor de comunicação com marketing. O funcionário que posta nas redes sociais divulga o jogo e faz o lançamento para a imprensa, não deve ser o mesmo que planejar ações para atrair público. Isso nunca funciona e nunca vai funcionar. Mas, da mesma forma que os diretórios têm culpa, falta de fiscalização para a Liga Nacional de Basquete para os projetos criados com mais carinho ou resultado de toda essa obra. Qual é o público mais atraído pelo Novo Basquete Brasil? Tem algum fixo? Há uma crescente nisso?

Procuramos algum responsável que esteja envolvido diretamente no clube, para analisar ou outro lado da moeda. Em videoconferência, Leonardo Costa, coordenador de basquete do Botafogo, afirmou que precisa ser "uma via de mão dupla", onde clubes e a Liga Nacional de Basquete usam juntos para alcançar o sucesso:

“Precisa de cooperação entre o marketing das partes envolvidas. Estamos na décima segunda edição do NBB (antes do cancelamento) e com muita batalha para aproximar uma torcida dos ginásios. Eu falo pelo Botafogo, que tem um ginásio mais ativo, mas tem uma das maiores taxas de ocupação da Liga. Só se você pegar projetos que se movem em ginásios por 4 mil, 3 mil pessoas, vai ver que ainda precisa ser feito algo para essa aproximação. O NBB já é grande, galera. Todos os jogos são transmitidos, mas parecem com tanto avanço e comodidade, isso deixa mais longe o amante do basquete. Um pessoal não teve NBB 10 um projeto que infelizmente acabou, mas será exibido quando o assunto for torcido. Caxias do Sul lotava o Ginásio Vasco da Gama, tipo poltrona de quadra para torcedores, cara. Duas pessoas viam ou jogo dentro da quadra em duas poltronas que pareciam trono. Nos intervalos rolados, disputa de arremesso para ganhar camisa, ingresso. Não é tão complicado de pensar. ”; disparou Leonardo.

A última temporada teve dois pontos interessantes em relação ao público. Apesar de todos os jogos serem transmitidos, agora também por streaming até a primeira volta na média do público, sem ultrapassar os mil torcedores, e isso inclui a presença de "tempos de camisa" que não interferem em nada. Botafogo, São Paulo, Corinthians e Flamengo chegam a 3 milhões de pessoas com as mídias SOMADAS, pouca coisa a mais que a equipe de Franca, com uma população abaixo dos 500 mil habitantes, consegue sozinha no torneio.

Chegar ao ponto "X" da questão é fácil. Clubes e Liga iniciam o trabalho ou quanto antes para ter sucesso na terceira edição do NBB. O basquete brasileiro já não é algo que tenha tantos recursos na seleção e, para uma liga sem público, cair no esquecimento ou terminar, não custa. Isso afeta a imprensa, clubes, atletas, treinadores, patrocinadores. Será o mesmo que seguir o roteiro certo para o sucesso olímpico?

Texto por: Leonardo Bessa e Rayan Trindade

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