Do no harm.

Prevenção Quaternária e Inteligência Artificial

Esse post traz uma visão e opinião do autor.

Eduardo Farina
dadosesaude
Published in
2 min readOct 30, 2020

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O uso de Inteligência Artificial vem ocorrendo de forma exponencial na saúde e cada vez mais vemos estratégias de modelos preditivos para inúmeras doenças.

No entanto, pouco é falado sobre o conceito de prevenção quaternária, que se baseia em reduzir o número de intervenções e diagnósticos necessários. Se baseia em não fazer o mal ao paciente.

Quando vemos uma empresa, startup ou projeto se propondo a criação de modelos de Inteligência Artificial para realizar uma triagem populacional de possíveis doenças que serão desenvolvidas por uma parcela da população, ao mesmo tempo que temos otimismo, devemos ter cuidado.

Cuidado, pois, para uma doença justificar rastreamento, ela deve apresentar magnitude, história natural da doença conhecida, ser passível de tratamento/prevenção e, talvez, ainda mais importante, seu diagnóstico/tratamento precoce deve mudar desfecho.

Uma crítica muito feita hoje é em relação ao número desnecessário de exames de check-up em pessoas sem indicações de rastrear para alguma doença e às vezes a solicitação de exames que são difíceis(ou impossíveis) de interpretar fora de um contexto clínico.

Por isso, também devemos ter essa preocupação com IA. Ainda não sabemos se essas probabilidades preditas por modelos de rastreamento populacional de desenvolver uma doença no futuro pode acarretar em intervenções/medicações desnecessárias que podem trazer mais mal do que bem para um paciente.

Nós da Dados e Saúde somos entusiastas e acreditamos em um potencial benéfico enorme da IA na saúde, mas precisamos ser céticos e sempre estar atentos se o que propomos pode estar levando a colaterais ou danos diretos a outros pacientes.

Um artigo que recomendamos que cita sobre algum potencial overdiagnosis da IA em oncloogia é esse que você pode conferir aqui

Existem ainda outras questões do uso de rastreios populacionais na parte de gestão de saúde pública no que tange a dinheiro investido e se o rastreio é custo efetivo ou se sai "mais barato" deixar a população adoecer, mas não entraremos nesse mérito.

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