Começando pelo princípio.
Todo início é interessante e impactante, especialmente quando a história é boa e o drama é envolvente. A Bíblia não é diferente.
Em 2010 fiz um estudo de quase um ano no livro de Genesis, capítulo por capítulo. Sinto que a tendência evangélica tem sido de abandonar os livros do Antigo Testamento (primeira parte da Bíblia) a não ser buscando distorcer a narrativa a fim de interesses de poder ou financeira.
Entretanto Genesis é um daqueles livros que se consegue ler do começo até o fim sem muitas dificuldades. Na superfície parece um desenrolar de histórias em ordem cronológica sem muito impacto. A final, Jesus é o mais importante então ideal é só pensar no Novo Testament, né?
Não.
Errado.
Se esse é seu pensamento, para tudo e reavalie seus conceitos.
O Antigo Testamento é rico demais para ser dispensado. Digo isso pois se não fosse verdade, o próprio Cristo não citaria tanto a Lei e os Profetas.
O que eu quero deixar claro aqui, antes de dar continuidade, é que não vou entrar no debate da alta crítica literária quanto ao Antigo, e muito menos Genesis. Usarei alguns termos como “mito”, e buscarei explicar cada um desses termos. Se eu esquecer de algo, pode me perguntar nos comentários ou via os links das redes sociais.
Quando começamos lendo Genesis 1:1, percebemos algo interessante. A Bíblia inicia com a pressuposição de existência de Deus. De forma alguma a narrativa desenvolve a fim de convencer o leitor que há um Deus, ou que aquilo que está na sua narrativa é verdadeira. É importante perceber isso pois Genesis não foi escrito para ser um livro científico. Ela é uma narrativa teológica escrito para revelar o Deus da Criação.
A Bíblia não é um livro científico, mas uma narrativa teológica.
Isso significa que o ênfase do enredo é sobre Deus e não a criação. Por isso que Hebreus 11:3 diz:
Pela fé entendemos que o universo foi formado pela palavra de Deus, de modo que aquilo que se vê não foi feito do que é visível.
O enredo está mais focado entorno de perguntas como “quem criou a criação?”, “como tudo foi criado?”, e “porque ele criou tudo?” invés de “quando tudo foi criado?” ou aspectos científicos sobre a criação.
O conto da criação.
Apreendi muitas coisas importantes no seminário, mas há duas que são indispensáveis. A primeira é que quando nos aproximamos do texto precisamos lembrar que fazemos isso repleto de pressuposições. São ideias já formadas e crenças já estabelecidas. Muitas vezes esquecemos que a leitura é um momento de comunhão com Deus, e precisamos estar atentos em buscar um momento de intimidade com Deus. Isso pode ser feito com momentos de oração, e depois momentos de reflexão. Lembre-se, a Bíblia não é um livro texto para ser dissecado.
O segundo é que precisamos apreender a fazer perguntas difíceis ao texto. Se eu sentar e simplesmente “ler” Genesis capítulo 1 & 2, vou ler sobre a criação e absorver algo superficial.
Então pega um lápis e um papel branco e escreve assim:
“O que o conto da criação me ensina sobre Deus?”
Percebe que já muda tudo? É uma pergunta dificil pois deixamos de fazer uma leitura passivo, e passamos a fazer uma leitura reflexiva.
A narrativa sobre a criação é importante, mas é fácil esquecer que a criação está também revelando algo sobre Deus. Salmo 19:1 e Romanos 1:20 diz que a Criação é uma pregação de Deus sobre seus atributos e sua natureza. Podemos perceber isso sobre Deus na Criação:
- Deus é eterno e existe antes de toda a criação que Ele criou.
- Deus é independente de toda a criação, enquanto a criação é dependente dele.
- Deus é vivo, e a tudo que vive provém dele.
- Deus é tão poderoso que foi possível criar tudo a partir do nada.
- Deus é transcendente e separado de toda criação.
- Deus é belo, e a criação é sua obra prima que reflete sua beleza.
- Deus cria e age com ordem. Na criação tudo segue sua ordem até o pecado entrar em cena.
- Deus é criador, e tudo é criação.
- Deus é soberano e faz de acordo com sua própria vontade.
- Deus fala e há poder em Sua Palavra, trazendo tudo em existência por meio de atos de fala.
- Deus é bom, e tudo que Ele faz Ele declara que é bom.
- Deus é um Deus pessoal. Fomos criados por Ele e recebemos dele atributos (que chamamos de atributos comunicáveis).
- Deus é gracioso. Ele abençoa sua criação, assim como o homem e a mulher.
- Deus é Rei, o qual tem domínio sobre todas as coisas. Ele nos faz co-criadores, assim como nos dá domínio sobre as coisas criadas.
Faça esse exercício e tente listar no mínimo 10 características sobre Deus de acordo com a criação. Compartilha comigo, gostaria de saber o que você enxerga na criação!
Obrigado por ler! Escrevo para a geração “Millennial”, que, assim como eu, luta com a fé e sente que algumas coisas precisam ser repensadas. Leia mais postagens aqui: www.danielromagnoli.com
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