Igrejas pequenas que não crescem

Daniel Romagnoli
Daniel Romagnoli
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5 min readSep 14, 2016

Querendo ou não, todos que estão envolvidos em algum nível de liderança dentro da igreja pensam em números. Olhamos para as nossas igrejas, ou até mesmo as nossas organizações, e conseguimos perceber se estão em crescimento ou se estão diminuindo em frequência. Independente se você deseja ver a sua igreja crescer ou simplesmente se incomoda com essa questão, os números estão ali. Não há como fugir. Acabamos comparando nossas igrejas pequenas com aquelas grandes, ou melhor, as “megaigrejas” (Leia também sobre as implicações aqui).

No nosso contexto brasileiro, é difícil ter estatísticas palpáveis. Sabemos mais sobre igrejas grandes, como a Igreja Adiventista que ultrapassa 19 milhões de membros mundialmente e temos dados de 2010 do crescimento das igreja evangélicas no Brasil, com informações impressionantes das maiores igrejas que conhecemos. Afinal de conta é mais fácil achar Igreja em São Paulo do que um Starbucks.

Quando pensamos em mega igrejas no Brasil, a maioria das vezes pensamos em igrejas como a Universal, Paz e Amor, Maranata, e outras igrejas de linha neopentecostal ou pentecostal. Alguns pensam em igrejas que focam em nichos específicos que cresceram muito, como igrejas que focam em jovens e esportista como a Bola de Neve e a Onda Dura. Há outras igrejas que estão ao rumo dos megas, que focaram em células ou seguiram um perfil Australiano ou Norte Americano, como a Comunidade Cristã Videira, ou a Igreja Batista Central de Belo Horizonte, ou até mesmo a Igreja Batista Betesda de Piracicaba que tem sido um exemplo em células, ministérios e treinamento de novas lideranças (procure no site deles sobre o CTM — Centro de Treinamento Ministerial).

Algumas pessoas quando ouvem falar de “megaigrejas” já pensam em contexto internacional, como a Hillsong, Willow Creek, Elevation Church, Doxa Church, Wave Church, entre outros. Sim, há muitas igrejas grandes espalhadas pelo mundo.

O grupo Barna (EUA) divulgou recentemente que nos EUA a média de frequência de igrejas protestantes são de 89 adultos. Sim, somente 89 adultos. Somente 2% das igrejas tem mais de 1000 adultos. Agora temos uma perspectiva real da situação da igreja.

Antes de seguir, não há nada errado em ser uma igreja pequena. Cresci na igreja, sendo filho de pastor e neto de pastor. Já plantamos várias igrejas. Participei de dezenas de igrejas pequenas e algumas mega igrejas. Já vi de perto igrejas crescerem rapidamente, morrerem lentamente, e vi de uma maneira traumática como líderes conseguem matar uma igreja. Com tudo isso, eu quero deixar claro: não há nada de errado em ser uma igreja pequena. O que eu sei é que a maioria dos líderes que eu converso, que são de igrejas pequenas, tem o desejo de ver a sua igreja crescer.

Eu entendo isso. A final, isso faz parte da missão da igreja local. Todo dia que passa, meu desejo é de que a igreja local se torne mais efetiva em alcançar mais pessoas com o amor e esperança encontrada em Cristo. Queremos ver pessoas salvas. É isso, simples assim.

Então por que a maioria das igrejas não rompem o número dos 200?

Posso te dizer de cara que não é:

Por falta de desejo. A maioria dos líderes que conheço tem esse desejo.

Por falta de oração. A maioria dos líderes que estão em igrejas pequenas são guerreiros(as) de oração.

Por falta de amor. A maioria dos líderes que conheço amam de uma forma impressionante. São autênticos e intencionalmente buscam expressar o amor com excelência.

Antes de dar continuidade, vou assumir que você que está lendo isso trabalhou arduamente em compreender o seu chamado. Você trabalhou e forjou bem a missão, visão e valores da sua igreja em conjunto com sua filosofia de ministério. Vou assumir que você segue a sã doutrina (independente se é calvinista, armeniano, reformado, batista renovado, pentecostal, ou que seja). Por fim, vou assumir que você tem um coração em alcançar pessoas para a glória de Cristo.

Então por que igrejas tem dificuldade em ultrapassar a marca dos 200?

É simples.

Igrejas se organizam, comportam, lideram e manejam como uma pequena organização.

Eu não estou inventando isso. Veja as estatísticas e estudos levantados por Thomas Rainer, Craig Grouschel, Andy Stanley, e outros que trabalham com esse assunto. Das centenas de podcasts e palestras que já participei, e das dezenas de igrejas e mais de 20 anos trabalhando com igrejas, tenho visto isso de perto.

Agora pensa sobre isso.

Reflita. Igrejas que não ultrapassam dos 200 são organizados, tem o comportamento, há uma liderança, e há uma gestão de uma pequena organização.

Carey Niehwof, pastor da Connexus Church, em seu livro Lasting Impact fala sobre a diferença entre aquela lojinha de esquina e um super mercado. Qual a diferença? A diferença é que o Pai e a Mãe fazem tudo. Quer falar com o CEO e CFO? Ele (ou ela) provavelmente está fazendo inventário, ou colocando novos produtos nos armários. Quer falar com a diretora de Marketing? Ela é a filha do dono, e está no caixa.

Ou seja, o negócio é familiar. Mamãe e Papai fazem tudo, e o modelo organizacional é moldado para ser pequeno. Isso é tranquilo se você é a Mãe ou o Pai e não quer que a organização cresça.

Um Sonda ou Carrefour jamais funcionária assim. Ela é organizada de uma forma muito diferente. Ela é governada (apreenda a usar esse termo) diferente. Há um gerentes, há supervisores, e funcionários. Alguns somente vão trabalhar no estoque. Outros vão gerenciar os funcionários da loja, outros trabalham na área financeira, e etc.

Isso é uma realidade em igrejas pequenas e igrejas grandes. Igrejas pequenas precisam pensar em se organizar para crescer. Provavelmente quando atingir um número maior, será necessário reorganizar a igreja. Provavelmente aos 200, 500, 1000, e assim por adiante. Quando você pensa agora sobre isso, fica mais fácil para o futuro.

Nas próximas 8 semanas vamos falar detalhadamente sobre como pensamos como uma pequena organização, e algumas dicas para pensar de forma diferente.

Lembrando, igrejas pequenas se estruturam de forma pequena.

Para debater em equipe:

  1. O que podemos ser o melhor como uma pequena igreja?
  2. O que precisamos deixar de fazer para cumprir nossa missão, visão e valores? (Fazer menos é mais).
  3. Todos da nossa equipe sabem qual é a missão, visão e valores da igreja?

Obrigado por ler! Escrevo para a geração “Millennial”, que, assim como eu, luta com a fé e sente que algumas coisas precisam ser repensadas. Leia mais postagens aqui: www.danielromagnoli.com

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