Quem diria?
O Natal de 2015 se aproximava. Dentro de mim algo me inclinava a compor sobre um dos acontecimentos mais assombrosos e maravilhosos da história da humanidade. O nascimento de Jesus Cristo.
Lembrei-me da seguinte passagem de C.S Lewis em “A última batalha”:
No nosso mundo também já aconteceu uma vez que, dentro de um certo estábulo, havia algo muito maior que o nosso mundo inteiro.
Surgiu então a pergunta central: Quem diria?
Usamos essa expressão não porque temos uma dúvida sobre quem de fato diria algo, mas para afirmar que ninguém conseguiria antecipar o ocorrido, tamanha a surpresa.
Sim, os profetas anunciaram. Isso trouxe certeza e confiabilidade, como o anúncio dos anjos (que provavelmente envolveu música…), mas não exclui(u) o espanto, quando de fato aconteceu.
“Quem diria que o maior caberia numa pequena estrabaria”, ou “que aquele bebê tão pequeno e frágil seria o redentor?”
“Quem diria que o próprio Deus entraria em nossa história sombria trazendo um novo dia?”
Esses são os dois versos da estrofe. No primeiro os paradoxos da infinitude-finitude e da fragilidade-força, que estavam ali integrados na encarnação. No segundo o deslumbramento de ver o esvaziamento divino para adentrar em nossas sombras e novamente dizer: haja luz!
Agora o clímax.
Quem diria? Contrariando nossa lógica, Deus veio a nós. E não apenas isso: Ele se tornou um de nós!
Parafraseando o apóstolo João, no refrão escrevi: “Mas Ele se fez carne e habitou entre nós, vimos sua glória cheia de graça e de verdade”.
Ao se tornar um filho do homem, o filho de Deus possibilitou aos seres humanos que se tornassem filhos de Deus. Ou seja, há um conexão entre encarnação e adoção, que por vezes passa despercebida.
Ampliando a abrangência do feito C.S Lewis disse que a:
“história cristã é precisamente a história de um milagre grandioso, sustentando que aquilo que está além de todo o espaço e de todo o tempo, que é incriado e eterno, entrou na natureza, na natureza humana, desceu ao seu próprio universo e, por fim, ressuscitou, trazendo a natureza consigo (O Grande Milagre)”.
Se a natureza aguarda com grande expectativa a manifestação dos filhos de Deus como afirma o apóstolo Paulo na Carta aos Romanos, essa esperança teve no nascimento de Jesus, certamente, um dos seus episódios principais.
“Brilha a estrela lá no céu, nasceu o Salvador!” Foi um evento cósmico. Havia algo diferente no ar. A aurora de um dia que jamais terá fim.
“Jesus menino, Rei e Senhor, tu és o meu Natal”. Esse é o desfecho dessa breve canção. O destaque está no nascimento Daquele que nos possibilitou nascer de novo. Ter uma trans-formação radical, de dentro para fora. Receber uma dádiva que nos re-inseriu na relação com Deus, contexto em que almejamos habitar para sempre.
Hoje, véspera de Natal, termino esse texto olhando para mim, para minha história, e me questiono: Quem diria? A resposta é uma oração de gratidão, pois antes de tudo Ele disse.
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