Há uma semana em Cape Town, percebi que era hora de tirar o computador da mala e escrever sobre minhas primeiras impressões da cidade. Uma semana é o tempo que um turista fica em média no destino e constrói a relação que levará para a vida. Achei justo escrever agora.
Cape Town é, de fato, uma cidade que te ganha facilmente. Ainda do avião já é possível ver as montanhas que cercam a cidade. Em qualquer volta pela cidade sempre alguma dela estará por perto. Sim, a comparação com o Rio é inevitável.
As praias são lindas mas a água absurdamente gelada. Aqui um empate: no Brasil o mar é quente mas aqui eles têm o pôr-do-sol no Atlântico, um privilégio que não temos.
O formato da cadeia de montanhas da Table Mountain parece abraçar a cidade de Norte a Sul, como se a protegesse. O apelido de Mother City, dado por ser a cidade mais antiga do país, faz sentido também por isso.
O povo é alegre e no pancadão deles vemos que o oceano é só uma ponte. Mas também tem os problemas que já conhecemos: os relatos de assalto são comuns.
Apenas 12% da população em Cape Town, e 8% na África do Sul, é branca. No entanto, no centro de Cape eu vejo 7 brancos a cada 10 pessoas. A divisão racial é muito forte. Balada de brancos e, no prédio ao lado, balada de negros. Brancas namoram brancos. Negras namoram negros. Há muita gente rica por aqui (o metro quadrado mais caro do país) e a grande maioria é branca.
Quero ler e conversar mais a respeito, mas tenho a impressão que o Apartheid, ainda que tenha sido um gigante divisor de águas e exemplo pro mundo todo, hoje serve para passar um pano na desigualdade existente, na consciência branca. Só impressão. Vou parar por aqui pq não manjo.
10% da população é muçulmana, então é comum ver mulheres negras e indianas com o corpo todo coberto. Sim, muitos indianos também.
Comer por aqui não é caro. Por menos de 20 reais você come muito bem e por 70 reais você come em restaurantes que em São Paulo seria no mínimo o dobro do preço.
Eles se orgulham do churrasco deles, o Braai, que é realmente gostoso. Mas não melhor que o brasileiro ou argentino.
No mercado tem muitas opções de carne: zebra, carneiro, cordeiro, búfalo. Vaca não domina por aqui.
A relação com a natureza é muito forte. Um passeio na montanha, com um vinho, é um programa tradicional.
A estrutura turística é boa e a hospitalidade também. O país recebe 10 milhões de turista/ano, o dobro do Brasil, e a maioria passa por Cape Town, o destino mais visitado do continente.
Os restaurantes e cafés são sensacionais. 3 ruas concentram os principais e dão pau fácil na Vila Madalena.
O custo de vida não é alto mas infelizmente o salário mínimo é metade do brasileiro.
Espero ter respondido as principais dúvidas, mas comenta aí se faltou algo.