Quando não souber o que fazer, não faça nada.
Esse foi um dos últimos conselhos que eu recebi em 2017 e, de certa forma, respaldou boa parte das escolhas que tomei — ou preferi não tomar — nos últimos tempos.
No meu aniversário, poucos dias antes de embarcar para a África do Sul, eu pensava o futuro próximo como uma grande tela branca, uma folha de sulfite recém tirada de um pacote Chamequinho.
E isso não me assustava. Pelo contrário, me deixava animado para descobrir o que se desenharia, sem precisar antecipar essa etapa.
Quando voltei ao Brasil todos me perguntavam “e agora?”, e eu respondia o que achava que queriam que eu dissesse — exatamente como um jogador de futebol ao final de uma partida. Dizia estava pronto para voltar à vida comum de todos nós, que não via a hora de bater o cartão todo santo dia, sem estourar os três atrasos no mês, de fazer uma boa hora extra, de receber vale-refeição.
Enquanto isso, as possibilidades de trabalho que apareciam eram facilmente descartadas por mim. Não demorava mais de 1 minuto para que eu me imaginasse arrependido e frustrado 3 meses depois. E assim, sem saber para que lado ir, eu não fui.
Eu sinceramente não sei o que as pessoas pensam de mim, alguém que segue desajeitadamente à margem do status quo, há quase dois anos. E tudo bem. Por algum motivo eu sei que esse não fazer nada é exatamente o que eu devo fazer nesse momento e o quão privilegiado eu sou por ter essa possibilidade.
Tudo o que eu conheci, ouvi, li e refleti esse ano começou a se conectar com impressões soltas que eu já tinha sobre mim e sobre o mundo. Quando se está no ponto zero, a única coisa que se pode fazer é começar.
E agora eu já sei por onde.
Chegou a hora;
feliz ano novo.